• 24 dez 2016

    Reitor Zago mandou cercar o Sintusp para despejá-lo.

24 de dezembro de 2016

Estudantes e trabalhadores unidos impediram.

TODOS AO ACAMPAMENTO EM DEFESA DO SINTUSP!

No último dia 21/12, o reitor Zago, a mando do governador Alckmin, mandou construir uma cerca ao redor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp). Logo no início das obras, foram convocados estudantes e trabalhadores para impedir o cercamento, que é parte do processo de despejo do sindicato por Zago/Alckmin. Os mourões foram arrancados e os buracos tampados. Os operários encarregados da obra não retornaram para retomar o trabalho.

A diretoria do sindicato se reuniu emergencialmente e aprovou uma vigília/acampamento para vigiar o prédio. Aos diretores presentes, se juntaram estudantes, muitos deles vindos da moradia estudantil (Crusp). Ficou claro a todos que a ameaça de despejo do Sintusp do espaço que ocupa há décadas pode se cumprir a qualquer momento. A liminar obtida pela reitoria no dia 9/12 invoca o uso de força policial para isso.

O despejo do Sintusp é estratégico para a reitoria/governo em seus planos de terceirização/privatização de todos os serviços da USP. É uma medida que é parte de um conjunto de ataques que Zago/Alckmin vêm desfechando desde 2014, que incluem a suspensão de todas as contratações de professores e funcionários, cortes de bolsas, fechamento de creches e atendimentos nos hospitais, desvinculação desses hospitais da USP, terceirização dos restaurantes, demissão em massa de funcionários, arrocho/congelamento salarial, flexibilização do trabalho docente em benefício das fundações privadas e empresas. A tudo isso se chama desmonte da USP, e é a aplicação do ajuste fiscal, que é exigido pelo capital financeiro parasitário em todos os níveis de administração pública. É sua maior precarização, privatização, terceirização e elitização. E a preservação do racismo e da violência contra a mulher, acobertada pelo reitor e por sua burocracia universitária.

Há muito, grande parte dos professores da USP, que compõe os cargos de direção nos organismos colegiados a partir dos departamentos, foi ganha pelo privatismo. Eles arrastaram parte dos estudantes a apoiar esse mecanismo de valorização artificial do capital. O resultado foi que as medidas que essa burocracia toma só aprofundam o elitismo, racismo e precarização/privatização da USP, em benefício próprio e dos “amigos”. Ao invés da universidade pública se aproximar da população assalariada que a sustenta, vai se distanciando cada vez mais dela.

São os movimentos dos que estudam e trabalham contra a burocracia e os governos que podem aproximar a USP dos assalariados. É quando estudantes e funcionários se mobilizam com os métodos próprios do proletariado por suas reivindicações que se contrapõem às tendências da burguesia e seus lacaios no interior da universidade pública. E é por conta dessas mobilizações que vão se organizando e criando suas organizações gerais. O Sintusp é resultado desse movimento. E é uma referência para ele e também para os demais movimentos sociais e democráticos que o procuram. Hoje, é um obstáculo para o avanço da política privatista de Zago/Alckmin. Está aí por que deve ser defendido contra o despejo. A defesa do Sintusp em seu espaço é parte da luta mais geral contra o desmonte da USP e contra a reitoria que o executa.

Não é a primeira vez que a reitoria/governo realizam ataques em meio a festividades de final de ano ou carnaval. Temem fazê-lo diante da maioria que frequenta a universidade. Violências como a demissão política do sindicalista Brandão, desocupação de espaços como a Moradia Retomada, despejo da vivência do DCE, canil da ECA, espaço estudantil na Sociais/Filosofia, tudo isso foi feito nas férias.

A tentativa de despejo do Sintusp segue essa vergonhosa trajetória. Muitos diretores e estudantes estão fora da cidade. O uso de grades serviria para iniciar reformas no local e impedir o acesso dos funcionários a seu sindicato. O mesmo foi feito na vivência estudantil do DCE e na Moradia Retomada.

Ao contrário disso, precisamos cercar o Sintusp de solidariedade. O acampamento/vigília deve ser fortalecido por todas as correntes políticas e organizações gerais. Trata-se da defesa de um direito democrático de liberdade de organização sindical. Trata-se da defesa da autonomia do sindicato diante da reitoria. Trata-se da defesa da luta dos funcionários e estudantes contra a destruição do caráter público e gratuito da USP.

O apoio formal, com assinatura de moções e manifestos, é importante. Mas é preciso ir além disso: enviar representantes ao local, participar da vigília/acampamento, defender o sindicato com a presença física dos movimentos. Se cada organização/corrente enviar pelo menos um representante, teremos uma grande resistência.

É preciso derrotar Zago/Alckmin em sua política de conjunto. Essa derrota não virá com lutas isoladas. A unidade entre os três setores da universidade (estudantes, funcionários e professores não vinculados à burocracia autoritária e repressiva) deve se realizar sem subordinação de um setor pelo outro. E deve se ligar à luta geral dos explorados contra os exploradores. Ganhar nas ruas apoio da população assalariada. Pressionar com toda força a reitoria e o governo.

Já passa da hora de construir essa unidade. A defesa do espaço do Sintusp pode ser um passo nessa direção. Formemos um comitê de defesa do Sintusp, com todas as organizações gerais de funcionários e estudantes na USP, e com participação das organizações sindicais, estudantis e populares de fora dela. Ergamos a defesa da universidade pública e gratuita para todos. Avancemos para a real democracia e autonomia universitárias com o fim do reitorado e sua substituição por um governo tripartite (dos três setores), eleito pelo voto universal e com revogabilidade de mandato, sem ingerência do governo e sustentado exclusivamente pelo orçamento público. Unamos essa luta à do proletariado contra a burguesia e seus governos, em direção ao socialismo.