• 19 mar 2017

    Manifestações indicam caminho da luta

19 de março de 2017

E agora? O que fazer depois dos protestos do dia 15? Essa pergunta certamente ficou entre os manifestantes. É preciso convocar as assembleias nos sindicatos e movimentos populares para pôr em pé uma poderosa frente de combate ao governo golpista e às reformas antinacional e antipopular. Todas as forças devem se concentrar em uma frente única de combate ao governo golpista e em defesa das reivindicações que de fato defendem a vida dos explorados.

As falhas, distorções e desvios políticos devem ser apontados, avaliados e corrigidos. Certamente, não se deve deixar de lado o que foi de mais positivo. Em geral, as paralisações parciais, as manifestações e bloqueios de ruas e rodovia foram o forte do Dia Nacional de Luta. As camadas mobilizadas ergueram uma primeira barricada contra as reformas da previdência e trabalhista. Diferentemente da resistência estudantil com as ocupações de escolas à reforma do ensino médio, desta vez o movimento trouxe às ruas operários, trabalhadores de classe média, sem-teto, camponeses sem-terra e estudantes.

A paralisação de metrôs e ônibus, mesmo que não total, mostrou à população desmobilizada que havia luta, que as reformas da previdência e trabalhista não serão aprovadas sob o silêncio dos cemitérios. A imprensa monopolista, autoritária, reacionária, procurou desmerecer a paralisação e  jogar individualmente com aqueles que se viram indo ao trabalho no dia Nacional de Luta. Sonegou as imagens das grandes manifestações e procurou dar a ideia de que se tratava de um movimento de minoria. Perguntavam se seriam prejudicados com a greve do metrô e ônibus, mas ocultavam o motivo das manifestações.

Os institutos de pesquisa são pródigos em usá-la para fins da política burguesa. Mas não tiveram nenhum interesse em perguntar à população se aceitam o teto de 65 anos para o trabalhador se aposentar. Não se dispuseram a perguntar se as mulheres aceitam ser igualadas aos homens. Não tiveram a coragem de perguntar se é aceitável deixar os militares de fora da reforma. Se o governo e o Congresso Nacional fizessem uma consulta popular, receberiam um grande NÃO!

As manifestações do dia 15 expressaram incontestavelmente o sentimento dos assalariados e de todos que labutam a vida inteira para chegar na velhice estropiados e empobrecidos. É essa grande maioria que enfrenta as intermináveis filas do SUS, que padece da falta de médico, de enfermeiro e de remédio. É essa grande maioria que passa o tempo sobressaltada com o que está acontecendo com seus filhos. É essa grande maioria que constantemente é atropelada pelas demissões. É essa grande maioria que padece dos baixos salários e do subemprego. O Dia Nacional de Luta representou essa maioria contra a minoria burguesa. Minoria que não precisa de aposentadoria porque está protegida pela riqueza, pelas propriedades, pelo capital. Ou então aquela minoria da classe média alta que tem recursos para pagar a aposentadoria privada. O Dia Nacional de Luta se levantou contra essa minoria e contra o governo dessa minoria.

O dia 15, apesar de expressar as necessidades e o descontentamento da maioria contra o governo golpista de Temer, não foi suficiente para quebrar a espinha dorsal das reformas antinacional e antipopular. A classe operária ainda não foi devidamente organizada pelos sindicatos. A burocracia sindical teme uma revolta geral que se choque abertamente com o governo, o Congresso, o Judiciário e o aparato policial da burguesia. Não tem em mente a derrubada revolucionária da política e dos planos ditatoriais do governo golpista. Quer apenas ser ouvida pelo governo e parlamentares. Quer “melhorar” o projeto da reforma. E o PT especialmente quer se potenciar como oposição burguesa. Quer que o caudilho Lula volte a brilhar nas eleições. Esse foi o lado negativo do dia 15. Apesar de toda essa deformação política e do uso oportunista do descontentamento das massas com o governo golpista, o Dia Nacional de Luta marcou o ponto de partida do combate.

O capitalismo se encontra em decomposição. A burguesia e seu governo não têm outra saída senão sacrificar ainda mais os explorados. É completamente absurda a gigantesca dívida pública. É criminoso o quanto o Tesouro Nacional paga de juros aos banqueiros. No entanto, por mais absurdo e criminoso, as reformas da previdência e trabalhista estão em curso precisamente para sustentar o parasitismo financeiro.

Os explorados ainda não se deram conta de que terão de trabalhar mais, por mais tempo e por salários cada vez mais arrochados para que uma parte maior de sua produção vá para o pagamento da dívida pública. Previdência, direitos trabalhistas, saúde, educação e moradia popular estão na dependência dos juros da dívida. Está aí por que é preciso levantar a bandeira conjunta: Não pagamento da dívida pública! Abaixo as reformas da previdência, trabalhista e do ensino médio! Essa bandeira deve expressar o programa proletário de estatização do sistema financeiro, sem indenização e sob o controle dos trabalhadores.

Não vamos ficar estancados no dia 15. Vamos exigir dos sindicatos, centrais e movimentos que preparem a greve geral por tempo indeterminado. Formemos comitês de preparação da greve geral nos sindicatos, nos bairros, nos bancos, nas escolas e onde mais estejam os assalariados, os pobres e os oprimidos. Coloquemos em discussão a tarefa de derrubar o governo golpista pela mobilização, pela greve e pelo levante popular. Recusemos a demagogia eleitoral! Rejeitemos a mentira de que a única saída é a volta do PT ao poder pelas eleições! Coloquemos claramente que a classe operária pode e deve lutar sob sua estratégia de poder, que se sintetiza no programa da revolução proletária e na bandeira do governo operário e camponês.