• 10 abr 2017

    Alerta! Novo ataque terrorista dos Estados Unidos contra a Síria

10 de abril de 2017

Declaração do Comitê de Enlace pela Reconstrução da IV Internacional

Alerta! Novo ataque terrorista dos Estados Unidos contra a Síria

Fora os Estados Unidos da Síria e Oriente Médio!

O imperialismo norte-americano atacou a Síria, na quinta-feira, 6 de abril, à noite.  Sua marinha de guerra lançou 59 mísseis tomahawk sobre a base da Força Aérea SHAYRAT, próxima a Homs, deixando vários mortos e feridos. A ameaça feita pelos Estados Unidos, na reunião do Conselho de Segurança da ONU, foi cumprida.

Até agora, os Estados Unidos (juntamente com a Inglaterra e França) tinham levado a cabo numerosas incursões aéreas contra o Estado Islâmico, evitando, porém, atingir as forças do presidente Bashar al-Assad. Trata-se de uma escalada bélica extremamente grave. Israel, Turquia e Inglaterra saíram imediatamente em apoio ao ataque. Hillary Clinton e John Kerry elogiaram o “patriotismo e a determinação com que Trump enfrentou a ameaça do regime sírio”.

A justificativa para o ataque é de que se trata de uma represália pela suposta utilização de armas químicas contra civis, em 4 de abril, pelo governo sírio, em um bombardeio a Khan Sheikhoun, que deixou pelo menos 86 mortos. Na situação de barbárie cada vez mais grave, com cenas de crianças, famílias inteiras dizimadas, houve a condenação em todo o mundo. As potências imperialistas dão como certa a responsabilidade do governo sírio e passaram a respaldar a represália unilateral dos Estados Unidos. Não há, porém, forma de realizar uma investigação verdadeiramente independente para verificar qual foi a origem do ataque com gás e também as consequências dos ataques permanentes pelas forças do imperialismo.

Repudiamos a hipocrisia dos governos, dos políticos e dos meios de comunicação que condenaram imediatamente a barbárie desse ataque com armamento proibido, calando-se, no entanto, diante das tragédias que resultaram dos bombardeios de escolas, hospitais, acampamentos e zonas residenciais, que se tornaram corriqueiros.  Essa imprensa já acusa a Síria de contar com 100 ogivas com gás sarin prontas para serem utilizadas.

Os massacres com armas “limpas”, que são lançadas das alturas, também causam comoção, mas, nesse caso, são considerados legais. E a mortandade é explicada como um “erro de cálculo”, “um infortúnio da guerra”. Os Estados Unidos são campeões nessa forma de “erros”. A imprensa mundial não divulga os detalhes dos dramáticos acontecimentos no Oriente Médio nos quais está envolvida a maior potência. As tragédias com armas químicas são apresentadas como diferentes porque são causadas por armas “sujas”, ilegais. Estão proibidas as armas químicas, que qualquer país pode obter, mas não estão proibidas as armas sofisticadas, carregadas por bombardeiros e navios, controlados apenas por um punhado de países. Uma das primeiras medidas de Trump foi aumentar o orçamento militar dos Estados Unidos, já suficientemente grande, para garantir sua hegemonia mundial.

Na reunião do Conselho de Segurança da ONU, os Estados Unidos tinham ameaçado que tomariam medidas unilaterais. Assim fez Bush para ocupar o Iraque, derrubar seu governo e devastar o país. Depois da carnificina, da devastação e de impulsionar a guerra entre xiitas e sunitas, ficou demonstrado que a justificativa para a intervenção era falsa. O Iraque não possuía armas químicas, nem nucleares. Os Estados Unidos passaram por cima da ONU e mentiram descaradamente, sem que ninguém pudesse condená-los pelos crimes de guerra e humanidade. Novamente, confirma-se a inutilidade de tais organismos.

Donald Trump já estava decidido a intervir diretamente na guerra da Síria, que dura seis anos, com mais de 400 mil mortos e 4,5 milhões de desabrigados. A prepotência da burguesia norte-americana e de seu Estado não tem limites. Essa ofensiva é o resultado da profunda crise mundial, da decadência da economia dos Estados Unidos e também das dificuldades de Trump para impor sua política internamente. Precisa descarregar a decomposição do capitalismo sobre os demais países, principalmente sobre os países semicoloniais. Sua poderosa indústria bélica se nutre de guerras cada vez mais intensas.

O imperialismo não tem outra via para enfrentar as profundas contradições do capitalismo a não ser impulsionando as tendências bélicas. Assim foi com as duas guerras mundiais e assim tem sido com as guerras regionais. Não há conflito, choques e combates armados, em qualquer parte do mundo, em que os Estados Unidos e sua aliança não estejam presentes. O imperialismo necessita das guerras. Guerras que correspondem à natureza do domínio do capital financeiro e dos monopólios.

(Simultaneamente a este ataque, Trump ordenou o deslocamento de um poderoso porta-aviões de propulsão nuclear para a Coreia do Norte, encabeçando uma frota de guerra – 6 mil homens, 90 aviões. Dias antes, pressionou a OTAN para que seus membros elevassem seus orçamentos militares).

Os interesses na guerra da Síria são múltiplos. Têm a ver com a situação geral do Oriente Médio. Região petrolífera e de importância geopolítica para as potências, desde a 1ª Guerra Mundial, passou a ser um cenário de violentas confrontações de nacionalidades e de guerra promovidas pelo imperialismo. Essas são as raízes e as explicações da barbárie que caracterizam a guerra internacionalizada na Síria. A maior parte das matanças na região não tem sido pelo uso de armas químicas, mas sim pelas armas legais, amplamente disseminadas pela indústria bélica das potências e, entre elas, pela Rússia restauracionista.

Os Estados Unidos e sua coalizão procuram convencer a população mundial de que pondo fim ao governo de al-Assad se porá fim à guerra e ao uso das armas proibidas. E que o esmagamento do Estado Islâmico possibilitará a paz. Para, assim, justificar uma intervenção mais ampla dos Estados Unidos e seus aliados.

A Rússia, aliada de Al-Assad, por sua vez, diz que o problema fundamental se encontra na oposição e, em especial, na presença do Estado Islâmico. Os Estados Unidos e a Rússia ora se unem, ora se separam. Unem-se para liquidar o Estado Islâmico e a jihad nacionalista. E se separam em torno da preservação ou remoção do governo de al-Assad. A Síria, por essa via, vem sendo desmembrada de acordo com as forças intervencionistas.

O Oriente Médio se tornou, desde a 1ª Guerra, na região com mais conflitos bélicos. Constituído por países de economia atrasada, marcada pela forte presença de relações pré-capitalistas combinadas com relações capitalistas monopolistas e assentada nas gigantescas reservas de petróleo, conserva uma burguesia semifeudal incapaz de se unir contra o saque e o intervencionismo militar do imperialismo. A devastadora guerra na Síria é parte desta realidade. Por isso, está vinculada à intervenção norte-americana no Iraque e Afeganistão, e à guerra permanente do Estado sionista de Israel contra os palestinos. Tem como antecedente a guerra entre Iraque e Irã, nos anos 80.

O rio de sangue dos inumeráveis conflitos armados e guerras está impresso na presença dos Estados Unidos. Neste preciso momento, realiza-se uma ofensiva militar em Mossul contra o Estado Islâmico para a qual não tem limite o número de mortes de civis.

Chega-se a um ponto elevado de agravamento das tensões com a Rússia, que sempre sustentou o governo de Bashar Al-Assad e que, desde setembro de 2015, passou a intervir diretamente na guerra. A Síria é fundamental para a Rússia, que tem uma base naval estratégica em Tartus, a qual abre suas portas à sua frota do Mar Negro ancorada em Sebastopol e também uma base aérea em Latakia. Se Rússia perder a saída marítima, ficará quase que cercada pelo Ocidente, uma vez que sua frota terrestre está sob o controle da OTAN.

O avanço nos últimos meses na recuperação de importantes cidades pelas forças governamentais e a perda de terreno pelas várias posições em combate ao governo Assad alertaram as facções vinculadas ao imperialismo e, em particular, aos Estados Unidos que havia um risco de vitória final de Assad e Putin. A resposta teria de vir da Casa Branca, que mudou a tática militar. Não se tratava mais de somente apoiar a oposição confiável e servil, mas também de intervir diretamente. O Pentágono propôs a Trump essa mudança.

Os explorados sírios, do Oriente Médio e o proletariado mundial têm de lutar para deter esse processo de desintegração, deter a barbárie das guerras, expulsar as forças imperialistas e seus aliados.

É necessário desenvolver a luta pela unidade anti-imperialista de todo o Oriente Médio, que terá como objetivo central conquistar a unidade e a independência das nações oprimidas, defendendo a autodeterminação de todas as nações. É necessário superar as divisões étnico-religiosas. Acabar com as relações pré-capitalistas e capitalistas, estabelecendo a propriedade social dos grandes meios de produção, sobre a base de governos operários e camponeses, que se integrem nos Estados Unidos Socialistas do Oriente Médio.

Há que combater o intervencionismo das potências, com o programa da revolução proletária. É por essa via que os explorados começarão a erradicar as raízes do atraso, dos choques internos, dos governos ditatoriais, do domínio imperialista e assim poderão alcançar a paz.

É preciso que as mobilizações dos Estados Unidos e nas principais potências se multipliquem, para deter o intervencionismo militar de seus governos. A classe operária deve tomar a iniciativa – há que deter a barbárie. Os explorados estão chamados a combater pela autodeterminação da Síria. Que o povo sírio resolva por si mesmo os conflitos e ponha fim à guerra. O imperialismo em bancarrota, em franca decadência, impulsiona todo tipo de aventura bélica para sobreviver.

Trump, fascista, tire as mãos da Síria e do Oriente Médio!

Nas semicolônias, devemos rechaçar o intervencionismo do imperialismo em todos os lugares, impedir a sua ingerência nas questões de segurança nacional ou militar, impedir o estabelecimento de bases militares. Vamos contribuir com os oprimidos do Oriente Médio, enfrentando consequentemente o imperialismo em nossos países. Temos um inimigo comum, que está potenciando todas as tendências à guerra.