• 15 mar 2018

    Quem são os assassinos de Marielle Franco?

15 de março de 2018

Marielle Franco, vereadora do PSOL no Rio de Janeiro, foi executada ontem, dia 14 de março. Seus assassinos desfecharam uma saraivada de balas, que atingiu Marielle e seu motorista, Anderson Pedro Gomes. Ambos morreram. Segundo informações, a militante do PSOL foi alvejada por cinco projéteis na cabeça, e seu motorista teve as costas crivadas de balas. Está absolutamente claro que se tratou de uma execução política.

Marielle atuava no campo dos direitos humanos. Ao lado do parlamentar Marcelo Freixo, também do PSOL, fez inúmeras denúncias sobre a violência policial contra pobres e, principalmente, negros das favelas do Rio de Janeiro. Ultimamente, denunciou a prepotência da polícia na região de Irajá, comunidade de Acari. Voltava de um encontro de “Jovens Negras Movendo as Estruturas”, na Lapa, quando um carro emparelhou ao seu e o metralhou.

O PSOL emitiu uma nota, exigindo imediata apuração e apresentação dos assassinos. O Partido Operário Revolucionário/POR compartilha dessa exigência. Sabemos, porém, que as balas que tiraram a vida de Marielle e Anderson Pedro vieram das armas da polícia ou das milícias a ela ligadas. Isso por que as denúncias se voltam à “violação dos direitos humanos”, que é promovida pelo aparato repressivo do Estado. Não é por acaso que a execução da vereadora se deu no momento em que o Rio de Janeiro se encontra sob a intervenção militar, decretada por Temer.

Não temos dúvida de que a ativista dos direitos humanos e do movimento negro foi vítima da barbárie que caracteriza o capitalismo em sua época de decomposição. O Rio de Janeiro é um dos estados mais importantes da federação. Está aí por que expressa mais claramente as contradições do capitalismo decadente. Em toda a parte, é preciso que se diga, campeiam soltas a pobreza e a miséria das massas. É nesse terreno que se gesta, prolifera e recrudesce a violência que mutila e destrói centenas vidas diariamente. A guerra entre o narcotráfico e a polícia corrompida até os ossos é apenas um dos sintomas mais degradantes do capitalismo. Em última instância, todas as consequências mais perversas e trágicas envolvem e recaem sobre a população oprimida.

Marielle, certamente, expôs e denunciou os efeitos da ação policial e das milícias. Foi o suficiente para atingir os interesses das corporações ligadas ao crime, à repressão sobre a população e às discriminações raciais. É bem provável que a sua morte tenha sido um sinal, emitido pela polícia e pelas milícias, de que a guerra que se passa nas entranhas das favelas poderá ter seus reflexos nos meios políticos, principalmente de esquerda, que ousem desafiá-los. É bom lembrar que o reconhecido parlamentar e ex-candidato a governador do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, teve de se ocultar diante de ameaças.

A putrefação do estado do Rio de Janeiro é o sintoma mais visível dos impasses do capitalismo no Brasil e a indicação de que a burguesia não pode superá-los. De forma que qualquer que seja o empecilho à burguesia narcotraficante e aos seus derivados tem de ser removido pela violência reacionária. É isso o que explica o bárbaro crime cometido contra a ativista dos direitos humanos Marielle. Não importa se esse movimento alcance apenas as consequências e alguns dos facínoras que se abrigam na sombra do Estado burguês. O que importa é que, para a burguesia ligada ao narcotráfico e contrabando, todo empecilho tem de ser removido a qualquer custo.

É bom não alimentar ilusões quanto à possibilidade de que se faça justiça. Mesmo que se coloquem os assassinos no cárcere por algum tempo, nada se alterará nas relações econômicas, políticas e sociais que levaram à destruição da vida de Marielle e Anderson Pedro. É preciso tomar suas mortes como motivos para combater o capitalismo em decomposição desde suas raízes. Esse assassinato é apenas mais um, que se distingue por ser um crime político contra uma militante do PSOL.

O Partido Operário Revolucionário toma o assassinato de Marielle como um motivo que reforça sua convicção na revolução proletária. Não há como reformar o capitalismo. Não há como erradicar a violência reacionária pela via do parlamento e das demais instituições do Estado burguês. Não há como democratizar os aparatos repressivos, nem limpá-los da corrupção. Não há como sequer amenizar as discriminações contra os pobres, miseráveis, negros, mulheres, homossexuais, etc. A burguesia não tem como seguir os preceitos dos direitos humanos, que ela mesma instituiu. Temos absoluta certeza de que a morte da ativista Marielle servirá à causa dos explorados e oprimidos, caso lutemos com nossas próprias forças para pôr abaixo o capitalismo, expropriar a burguesia, transformar a propriedade privada dos meios de produção em propriedade social e construir o socialismo.

Vinguemos o assassinato de Marielle e Anderson Pedro com as armas da classe operária!