• 05 maio 2018

    Organizar a luta anti-imperialista

6 de maio de 2018

Os Estados Unidos estão em franca guerra comercial. O decreto de Trump sobre o aço e o alumínio assustou até mesmo as potências europeias. Sabe-se que o objetivo principal é o de pressionar a China. Mas a medida atinge países da América Latina, como Brasil e Argentina. O México também não escapará, apesar de ter ficado, momentaneamente, de fora.

O governo brasileiro esperava encontrar uma solução que livrasse o País da medida protecionista. E a China, Argentina, etc. que cuidassem de seus interesses. O adiamento da imposição tarifária para maio deixou os empresários do aço mais confiantes de que Trump estava manobrando. Neste início de mês, anunciou-se que não foi possível demover os Estados Unidos. O Brasil terá de arcar com sua parte.

Chamou a atenção o fato de o governo brasileiro ter ficado à margem e deixado para as associações empresariais chegarem a um termo com o governo americano. Assim, entre uma tarifa de 25% para o aço e 10% para o alumínio e o critério de cota, ficaram com a última alternativa. Segundo informações, as exportações de semiacabados perderão 7,4% e de acabados entre 20% e 60%. Os produtos semiacabados representam 80% do volume exportado.

O “Instituto Aço Brasil” esteve à frente das conversações. Seu presidente-executivo avaliou que poderia ter sido pior. Em outras palavras, o Brasil foi colocado contra a parede: ou tarifa ou cota. Não houve o que negociar. Tratava-se de uma decisão unilateral. Lembremos que o governo Temer chegou a aventar a possibilidade de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC). É flagrante o desconhecimento dos Estados Unidos das regras internacionais. Mas, como foram eles mesmos que as ditaram no passado, por que deveriam respeitá-las agora diante da crise mundial de superprodução? A maior potência, simplesmente, dita as ordens.

O ministro do Exterior, Aloysio Nunes, do PSDB, que frequentemente denuncia a “ditadura” de Maduro, da Venezuela, abaixa a cabeça diante da ditadura mundial do imperialismo. É sintomático que a ditadura civil de Temer tenha delegado ao Instituto Aço Brasil a tarefa de escolher entre a cruz e a espada. Esconde-se diante de um ataque do imperialismo ao Brasil semicolonial. A medida protecionista da burguesia norte-americana é imposta por cima das fronteiras nacionais do Brasil. No entanto, acabou sendo tratada como uma simples questão comercial.

Recentemente, a União Europeia impôs um embargo de 30% nas exportações brasileiras de frango. O governo brasileiro e a burguesia nacional, porém, se comportaram como carneiros. As multinacionais da indústria automobilística acabam de impor a continuidade de milionários subsídios despendidos pelo Tesouro Nacional, que sangra com o parasitismo da dívida pública.

O insuportável saque do País é um dos motivos históricos de seu atraso econômico e social. Levanta-se como uma muralha ao desenvolvimento das forças produtivas. Perante uma situação de declínio da economia nacional, as forças endógenas pró-imperialistas trabalham, sem cessar, em torno da desestatização, das privatizações e da abertura do mercado interno. Ideologicamente, prevalece a propaganda burguesa de que já não existe o imperialismo, que se desfez naturalmente com a globalização, com as cadeias mundiais de produção, etc. E que, portanto, já não tem sentido a autodeterminação das nações oprimidas.

O avanço do imperialismo implica total submissão das burguesias nacionais e da cegueira da classe média. O processo de restauração capitalista que vem arrastando a Rússia e a China a se submeterem ao imperialismo ocidental tem sido decisivo.

Mais do que nunca, o proletariado está diante da tarefa de encarnar a luta anti-imperialista. Somente por meio do programa da revolução proletária é possível recuperar o terreno perdido. A desintegração mundial do capitalismo é descarregada sobre as economias atrasadas e semicoloniais. O que permite organizar a luta anti-imperialista a partir das necessidades mais elementares dos explorados. Têm particular importância as respostas às reformas antinacionais e antipopulares, às privatizações e à desnacionalização. Mais do que nunca, o programa de reivindicações mais elementar da maioria oprimida se entrelaça com o programa anti-imperialista e anticapitalista do proletariado.