• 27 jun 2018

    Fora Trump do Brasil! Fora o imperialismo norte-americano!

26 de junho de 2018

O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, pôs seus pés em solo brasileiro no dia 26 de junho. Os explorados e a juventude oprimida devem responder com a bandeira “Fora Trump! Fora o imperialismo norte-americano!”.

É vergonhosa e monstruosa a posição da ditadura civil de Temer de receber o representante dos Estados Unidos, quando o Brasil foi taxado em sua exportação de aço e alumínio; quando imigrantes latino-americanos, entre eles brasileiros, sofrem com a  separação de filhos e pais e quando o capital financeiro internacional realiza ataques à estabilidade da moeda nacional.  Bastam essas três ações do imperialismo para a população rechaçar a presença do vice-presidente dos Estados Unidos em nosso País.

Somente uma burguesia servil e um governo capacho podem receber uma potência que está em franca ofensiva contra a economia nacional. É pura demagogia a notícia de que Michel Temer está muito preocupado com as crianças brasileiras separadas de seus pais. É uma farsa a intenção de discutir com o governo Trump uma solução desse conflito. Apenas dois motivos interessam a Trump. Pôr as mãos na Base de Alcântara e alinhar o Brasil em torno do objetivo de intervenção norte-americana na Venezuela.

Recordemos que, nos anos de 1990, o imperialismo norte-americano impôs embargo à venda de instrumentos aeroespaciais ao Brasil e sabotaram abertamente o programa espacial, que se desenvolvia na Base de Alcântara. Conclusão: o cerco norte-americano ao projeto tecnológico brasileiro foi liquidado. Os Estados Unidos não permitiram que o Brasil avançasse em sua pesquisa técnico-científica de construção de satélites e foguetes. Anteriormente, barraram o programa nuclear brasileiro, impulsionado pela ditadura militar, sob o governo de Ernesto Geisel. Tais imposições provocaram um atraso científico-tecnológico e industrial. Impediram a existência de uma política independente que pudesse desenvolver as forças produtivas, a despeito, portanto, do controle norte-americano. Agora, o governo Temer, embalado pelo ministro do PSDB, Aloysio Nunes, ex-nacionalista, abre caminho para os Estados Unidos tomarem conta da Base de Alcântara.

Em 2011, o governo de Dilma Rousseff, patrocinou o que se denominou “Acordo de caráter geral na área espacial”. O que significou desconhecer toda sabotagem do imperialismo nos anos 90. Temer, por sua vez, promulgou esse acordo antinacional, no dia anterior à “visita” de Mike Pence ao Brasil. A notícia é que será assinado um acordo bilateral de “salvaguardas tecnológicas”. Acordo esse que prevê 20 anos de vigência, podendo ser prorrogado. As “salvaguardas tecnológicas” significam que os Estados Unidos se apossarão da Base de Alcântara sem correr qualquer risco do Brasil ter acesso ao programa espacial norte-americano a ser implantado em solo brasileiro.  O governo venal de Temer espera assinar uma declaração que subordine a Agência Espacial Brasileira à NASA.

É também sob esse governo que a Embraer está sendo transferida a Boeing. Os Estados Unidos há muito vinham exercendo influência sobre a tecnologia desenvolvida pela Embraer e condicionando seus passos. Em hipótese alguma, os Estados Unidos permitiriam que a Embraer fosse totalmente independente e capaz de projetar a indústria aérea brasileira internacionalmente. Por meio dos componentes eletrônicos adquiridos pela Embraer, os Estados Unidos ditaram as condições de existência da empresa, que era estatal. Em 2006, é bom retroceder no tempo, os Estados Unidos vetaram a venda de aviões brasileiros, civis e militares, ao Irã e Venezuela. Bloqueio esse que veio a se repetir em 2015.

A Venezuela se tornou uma obsessão aos Estados Unidos. O imperialismo não pode conviver com regimes nacionalistas nas semicolônias. Qualquer que seja a limitação determinada pelo governo nacional-reformista comparece como uma afronta à potência. No caso da Venezuela, a afronta se deu com o controle estatal do petróleo e da indústria de refino. O fracasso da tentativa de golpe militar contra o governo de Hugo Chávez, em abril de 2002, enfureceu o capital financeiro internacional e as petroleiras. A solução foi financiar política e materialmente a oposição burguesa pró-imperialista. O apoio popular e a forma de governo bonapartista que assumiu o regime chavista prolongaram a sua sobrevivência, apesar das investidas constantes dos Estados Unidos. A reunião da OEA, realizada no início de junho, teve por objetivo votar a moção norte-americana de expulsão da Venezuela e de recrudescimento do cerco econômico. Não foi possível chegar à expulsão, mas se deu mais um passo na estratégia de seu isolamento. O Brasil figurou como um importante cão de guarda da potência. Resmungou quando Trump aventou a intervenção militar e exortou a via da diplomacia e da solução pacífica. Não se fez de rogado, porém, em seguir a ação intervencionista da OEA contra o governo de Nicolás Maduro.

A presença de Mike Pence no Brasil reflete a subserviência do governo brasileiro e seu apoio à política norte-americana de violação da autodeterminação das nações oprimidas. Raia à insanidade a utilização da imigração de venezuelanos para o Brasil como arma de combate ao governo do País vizinho. Trump expulsa os imigrantes latino-americanos e aplaude o Brasil, que veste a pele do humanitarismo imperialista. A bandeira de “ajuda humanitária” ao povo venezuelano é eminentemente intervencionista. A burguesia brasileira a comprou como se o Brasil não fosse um país de miséria, fome e de violência crescente.

O capital financeiro internacional esteve por trás do golpe de Estado que derrubou o governo de Dilma Rousseff. Em seu lugar, instalou-se um governo de ditadura civil. Os Estados Unidos apoiaram essa via, por ser mais favorável à política de Trump. Temer, o Congresso Nacional e frente partidária golpista vêm retribuindo com as privatizações, as desnacionalizações e, sobretudo, a entrega das bacias petrolíferas do pré-sal. Puseram em marcha um plano antinacional e antipopular, que nem mesmo o governo mais imperialista de todos, que foi o de Fernando Henrique Cardoso, conseguiu impor aos brasileiros. Essa foi a senha para que Trump enviasse seu vice-presidente ao Brasil, para exigir maior entreguismo e maior colaboração em sua ação contrarrevolucionária na América Latina.

A classe operária e a maioria oprimida têm todos os motivos para rechaçar o “acordo” que está sendo mancomunado contra os interesses nacionais do Brasil e de seu povo. Temer é odiado pela maioria da população. Temer é identificado como carrasco que impingiu a reforma trabalhista e a lei da terceirização. Temer assinará um acordo de subserviência contra a vontade do povo.

Essa petulância, desfaçatez e prepotência de um governo surgido de um golpe somente são possíveis porque o PT, a burocracia sindical e a esquerda pequeno-burguesa vêm se negando a organizar um movimento anti-imperialista contra as privatizações e desnacionalizações. Vêm desviando a revolta dos explorados, que sentem o peso do desemprego, subemprego e das reformas que arrancam direitos, para a disputa eleitoral. As greves dos petroleiros e dos eletricitários, que poderiam abrir caminho para a organização da luta nacional contra a ditadura civil de Temer e a ofensiva dos capitalistas à vida das massas, desgraçadamente, não passaram de uma farsa. Não se pode quebrar a espinha dorsal do governo pró-imperialista e derrotar as medidas antinacionais e antipopulares com uma direção adaptada às multinacionais e incapaz de se insurgir contra as determinações do capital financeiro.

É preciso reverter essa situação, constituindo novas direções classistas e revolucionárias. Essas se forjarão na luta anti-imperialista e anticapitalista. O Partido Operário Revolucionário (POR) toma a frente convocando a vanguarda com consciência de classe e socialista a assumir a tarefa de pôr em pé uma frente única anti-imperialista. Organizar os comitês de base! Exigir que os sindicatos convoquem as assembleias gerais e por fábrica! Retomar o movimento que culminou com a greve geral de 28 de abril de 2017!

Operários, camponeses e juventude oprimida, lutemos sob a bandeira da autodeterminação dos povos oprimidos.

Nenhum acordo do Brasil com o imperialismo norte-americano!

Não à entrega da Base de Alcântara!

Em defesa da Venezuela oprimida contra a intervenção da nação opressora!

Que o Brasil rompa com a linha intervencionista dos Estados Unidos na Venezuela, na América Latina e em todo o mundo!