• 05 ago 2018

    Lutemos pela independência política dos explorados

O quadro eleitoral está praticamente definido. O arranjo partidário é o primeiro passo para se lançar uma grande ofensiva sobre a maioria oprimida. Agora, os vários candidatos, respectivos partidos e alianças, partem para arrastar as massas.

A população, formada pela maioria de trabalhadores e pequena burguesia arruinada, nada influencia sobre os arranjos partidários, a definição de candidaturas e coalizões. Os partidos da burguesia respondem apenas ao poder econômico. É na sua cúpula que se trava a disputa entre as várias facções da política burguesa e é nela que tudo se decide. Pairam por cima das massas e são indiferentes às suas necessidades mais elementares. Preparam-se para mudar o governo, mantendo os capitalistas no poder e a maioria na condição de explorados. São os grandes partidos que decidem o rumo das eleições, a troca de presidente e a governabilidade.

As massas são colocadas tão-somente na condição de expectadoras. E não podem influenciar, mesmo que partidos como o PT digam que pretendem um “governo popular”, com “participação popular” e voltado às “causas populares”. A classe operária, que é a classe revolucionária, jamais terá qualquer ascendência sobre qualquer que seja o governo eleito. O exemplo do PT também serve para fundamentar essa afirmação absoluta. Os reformistas, evidentemente, sempre farão tudo para relativizá-la. Mas, sua própria política burguesa ou pequeno-burguesa sempre mostrará o seu contrário absoluto.

Não há na história republicana do Brasil e de qualquer outra parte em que o governo eleito esteja sob a influência de classe do proletariado. Não desconhecemos as experiências trágicas de governos de frente populares, que expressaram a caricatura de participação popular. Os recentes governos nacional-reformistas, que vêm caindo, um após os outros, ou por golpes de Estado ou pela via eleitoral, por sua vez, reafirmam a lei da política da sociedade capitalista, de que não é possível um governo eleito estar determinado pelas necessidades e pela política do proletariado, que é a única força social, entre todos os oprimidos, capaz de definir o caráter de classe do governo.

As eleições não passam de um instrumento da democracia burguesa, que configura um dos regimes políticos de dominação de classe. Todos os que exortam as massas a apoiá-los em nome da democracia em geral, abstrata, servem aos capitalistas. É preciso, em toda situação, mostrar para os explorados o conteúdo e a forma de classe da democracia.

As eleições de outubro têm a particularidade de ocorrer depois do golpe de Estado que derrubou o governo eleito de Dilma Rousseff. Findada a transição da ditadura civil de Temer, prepara-se a instalação de um novo governo. A bandeira de que a democracia está de volta e que o País terá um governo legitimado pelo voto popular se assenta em uma grande fraude. O golpe se deu nas entranhas da própria democracia burguesa, que tem a particularidade de ser oligárquica. O Congresso Nacional, apoiado pelo aparato judicial, policial e militar, bem como na Constituição, utilizou-se do impeachment para cassar o voto de 54 milhões de votos que deram vitória a Dilma Rousseff.

As eleições que ocorrerão em outubro não restabelecem a democracia, nem a “legitimidade” do novo governo burguês. Estão condicionadas pelo golpe de Estado e pelas forças que deram vida à ditadura civil de Temer. A prisão de Lula e a cassação de seus direitos políticos marcam a fogo a disputa interburguesa e marcarão o resultado das eleições. Está mais do que claro seu caráter antidemocrático.

Não por acaso, a população se mostra cética, desconfiada e apática diante dos candidatos anunciados. Será preciso uma grande campanha de arregimentação para levá-la às urnas. A participação demagógica das esquerdas nesse quadro é vergonhosa. Cabe à vanguarda revolucionária lutar pela independência do proletariado, denunciando e explicando a função das eleições de preservar o domínio da burguesia. A bandeira de construção do partido revolucionário, marxista-leninista-trotskista, guiará nossa campanha pelo voto nulo.