• 07 mar 2016

    Detenção de Lula

7 de março de 2016

Mais uma ação das forças golpistas

Declaração do Partido Operário Revolucionário (POR) sobre a detenção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

O POR denuncia e condena a “condução coercitiva” de Lula pela Polícia Federal. Chama a classe operária, os demais explorados e a juventude a rechaçarem e a se mobilizarem no campo da independência de classe contra a escalada golpista. Exorta o PT, PCdoB, CUT, MST, MTST e UNE para que exijam que o governo Dilma revogue todas as medidas antinacioniais, antioperárias e antipopulares (reforma da previdência, entrega do pré-sal às multinacionais, etc.) e que abandone imediatamente a diretriz do “ajuste fiscal”.  Exijam que o governo Dilma cumpra imediatamente um plano de defesa real dos empregos e dos salários. Que o governo Dilma restabeleça e aumente as verbas destinadas à proteção social, entre elas a saúde, educação e moradia. Que o governo Dilma atenda as velhas reivindicações dos sem-terra. Somente nesse terreno a classe operária e a maioria oprimida entenderão que é preciso quebrar a ofensiva da fração burguesa, pró-capitalista, antinacional e antipopular, dirigida pelo PSDB. Somente nesse terreno os explorados estarão defendendo seus interesses de classe oprimida e agindo com sua política própria.

O PT, PCdoB, CUT, MST, MTST e UNE não poderão quebrar a coluna vertebral do movimento golpista, que se gestou logo após as eleições de 2014 e que agora ganha nova projeção com a Operação Lava Jato, centralizada no objetivo de desmantelar o PT e seu governo, sem que rompam com a política do governo Dilma. Enquanto Dilma Rousseff estiver empenhada em salvar os interesses do capital financeiro, dos monopólios e das multinacionais, prevalecerão as tendências golpistas.

Os oprimidos, os pobres, os famintos, os favelados, que são da classe operária e dos camponeses, não estão preocupados com a corrupção que se alastrou por toda política burguesa. A ladroagem no Estado, a promiscuidade entre os políticos e os grupos econômicos, as contas no exterior dos delinquentes da política patronal, o enriquecimento ilícito dos tais “representantes do povo” e dos governantes é um problema da burguesia e não da classe operária. Dizem respeito a como os partidos da classe capitalista administram o Estado em favor dos próprios capitalistas. Não são um problema da classe operária porque se trata da corrupção promovida no seio da classe burguesa, do seu Estado. Os explorados não têm nada a ver com a bandidagem e a delinquência que eles não criaram e que não podem resolver a não ser que tomem o poder, implantem a ditadura do proletariado e instituam um governo operário e camponês. Somente a revolução proletária, a expropriação dos capitalistas e a transformação da propriedade privada dos meios de produção em propriedade social acabarão com a política assentada no poder econômico e nos interesses particulares das frações que compõem a classe burguesa.

No capitalismo, não é possível nem acabar e nem controlar a corrupção, uma vez que é inerente às negociatas e à política como negócio. Está aí por que o PT e suas principais lideranças foram se corrompendo e se delinquindo à medida que faziam das eleições seu modo de existência e ocupavam cargos de direção no Estado burguês. Como se vê, é a política burguesa que carrega em suas entranhas as negociatas, o tráfico, os interesses particulares.

Então por que condenamos a detenção de Lula? Porque é parte do movimento golpista, encarnado por Aécio Neves, Fernando Henrique Cardoso, Cássio Cunha Lima, José Serra, Geraldo Alckmin, etc. Porque a Polícia Federal se pôs a serviço da derrubada golpista do governo Dilma e da liquidação do PT.

O pedido do Ministério Público Federal para que a PF desse um espetáculo com a detenção provisória de Lula foi acatado pelo juiz Sérgio Moro como indicação de que se trata da escalada e do prelúdio do ataque ao governo Dilma. Primeiro, prende-se o publicitário João Santana, imediatamente vaza-se a delação premiada do senador Delcídio Amaral e em seguida detém-se Lula. Os líderes da oposição, com Aécio Neves à frente, constituem uma comissão para reacender o impeachment. E a imprensa faz uma ampla campanha de defesa da detenção de Lula, apoiando a medida ilegal. Incentiva-se a manifestação da direita pelo impeachment.

Enquanto a Operação Lava Jato serve à oposição golpista e não se importa em violar a legalidade para atingir o objetivo de caçar Lula, o próprio PT e membros do governo pateticamente se limitam a defender as instituições e as leis. O instituto do “impeachment” em si mesmo é antidemocrático, uma vez que serve para destituir um governo eleito pela população. Quem deve julgar e destituir o governo é a própria população e não um Congresso ou judiciário manietado pelos partidos burgueses, que são tão ou mais corruptos que o PT. Como se vê, o que está em questão não é a corrupção, mas sim a disputa pelo poder pela via da destituição da presidente e pelos métodos jurídicos policiais. Se se tratasse do objetivo de limpar o Estado dos ladrões, não permaneceria nenhum dos partidos que comanda a política burguesa. Está claríssimo que a Operação Lava Jato e a projeção política do juiz Sérgio Moro – até então uma autoridade desconhecida nacionalmente e até mesmo a popularização do policial japonês, que não é flor que se cheire, inflada pela imprensa alinhada ao golpismo -, está a serviço de uma política, que por ora é a do PSDB.

O governo Dilma e o PT sabem que assim se passa, no entanto, estão comprometidos com a ordem burguesa e sujeitos às arbitrariedades, aos vazamentos seletivos, à campanha da imprensa de desmoralização dos petistas e às manifestações de classe média, convocadas pelas redes sociais, para as quais há dinheiro farto que a justiça não quer saber de onde vem. De um lado, os golpistas justificam seu movimento com a defesa da democracia; de outro o PT e seus aliados esperneiam contra a marcha do golpe também em nome da democracia. Os explorados não podem saber que democracia é essa porque não têm um partido revolucionário profundamente enraizado no proletariado. Concretamente, trata-se de uma democracia oligárquica, típica de um país semicolonial.

O PT para chegar ao poder e depois para governar teve de vender-se de corpo e alma. Quem o corrompeu? Justamente o mesmo capital que sustenta a democracia oligárquica e lhe dá um particular conteúdo. Não seria possível o PT se entrelaçar com as empreiteiras se estas já não estivessem amplamente instaladas nas relações políticas. Está aí por que as grandes empresas que encheram os cofres da campanha do PT e que lhe permitiram montar um grande aparato partidário são as mesmas que encheram os cofres do PSDB e PMDB e demais partidos patronais.

Na delação premiada, os implicados no desvio de dinheiro da Petrobrás falam o que, sob o comando do juiz Sérgio Moro, os investigadores querem e precisam para fundamentar o golpe. Sempre há alguém para vazar as delações para imprensa, que se encarrega de politizar e dar o tom da campanha golpista. É contra essa orquestração direitista coberta de falsa moralidade e de proteção às instituições do Estado que os explorados devem manifestar. De nenhuma forma devem apoiar o governo burguês de Dilma, a política burguesa do PT e as manobras das direções burocráticas da CUT, MST, MTST e UNE. A defesa que fazem da democracia contra o golpe é impotente. É precisamente esta democracia oligárquica na qual o PT se chafurdou que gesta o golpismo.

No momento em que os petistas forem extirpados do poder, cessará a Operação Lava Jato, que já não será mais necessária. Não vai adentrar nos crimes do PSDB, DEM e PMDB. Toda ação “moralizadora” se concentra no PT – execrar a figura do caudilho Lula é essencial para isso. Certamente, respinga nos demais partidos, mas nesses casos a corrupção é tratada como casos esporádicos, como se fossem típicos da natureza humana e inevitáveis. É essa miserável falsificação burguesa que os explorados devem repudiar e lutar contra. Somente não estão nas ruas contra o golpismo porque a política do governo petista não permite e porque a burocracia sindical está subordinada ao PT e à liderança caudilhesca de Lula. Ou o PT faz uma virada em sua subordinação ao Estado e à democracia oligárquica ou será varrido por setores burgueses que encontraram as condições propícias para golpeá-lo, ainda que não seja imediatamente.

Entendemos que somente a classe operária poderá julgar o PT e Lula. Será um julgamento antes de tudo histórico, ou seja, julgamento da traição aos interesses dos explorados. Está aí por que está colocada a necessidade de lutar pela derrota do golpismo, que somente será possível no campo do proletariado e da independência de classe. Com a luta no campo burguês, ou seja, no da democracia burguesa, é líquida e certa a vitória da reação. O POR responde à corrupção do Estado e aos crimes da burguesia com a bandeira de constituição de um Tribunal Popular, surgido da luta direta das massas.

O Partido Operário Revolucionário luta para que as organizações operárias e camponesas se libertem da política burguesa, começando por organizar a luta nacional contra as demissões, o desemprego, o subemprego, a redução salarial e a destruição dos direitos trabalhistas e previdenciários.

Abaixo o golpe do PSDB e aliados!