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10 maio 2016
10 de maio de 2016
Lutar por um verdadeiro movimento nacional em defesa da vida da maioria oprimida
Neste dia 10, realizam-se as manifestações convocadas pela Central Única dos Trabalhadores. A crise econômica e política exige um movimento nacional em defesa dos empregos, salários, direitos trabalhistas, previdenciários e terra aos camponeses. Exige uma resposta ao plano antipopular e antinacional já anunciado pelo governo golpista de Michel Temer. Está claro que o golpe já triunfou, mas não triunfou o governo usurpador, que apenas aguarda a decisão formal do Senado.
A ilusão de que as manifestações poderão modificar o voto dos senadores e barrar o impeachment no Senado é fatal para a luta da classe operária e dos demais oprimidos. Durante todo o processo de cassação do mandato de Dilma Rousseff, as necessidades vitais e as reivindicações dos assalariados, dos camponeses e da juventude ficaram à margem. As demissões em massa, o ataque aos salários e o assassinato de camponeses vêm ocorrendo sem que houvesse resistência, sem que os sindicatos convocassem assembleias gerais, sem que as centrais tomassem qualquer iniciativa para organizar um movimento nacional e sem que as esquerdas trabalhassem por uma frente única sindical. Desgraçadamente, o dia nacional de luta continua desconhecendo as necessidades vitais dos explorados e subordinado à defesa do governo.
A subordinação das manifestações da CUT, da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo à limitada pressão sobre a Câmara Federal levou o movimento anti-impeachment a pôr de lado as necessidades da maioria oprimida. Ocultou-se a brutal ofensiva dos capitalistas aos empregos e salários. Estava claro que por essa via não era possível desmascarar os objetivos antioperários, antipopulares e antinacionais das forças burguesas que abriram caminho à destituição de Dilma Rousseff. O mesmo desvio está na base das manifestações convocadas pela CUT neste dia 10. A bandeira de greve geral foi levantada em palavras. Serviu apenas aos discursos radicais contra o impeachment. Está aí por que o dia 10 se transformou em um protesto voltado a modificar o resultado da votação do Senado e nada mais. A orientação para que cada sindicato e movimento fizesse o que fosse possível é ditada pela política de colaboração de classes e pelo objetivo de defender o governo de Dilma que já não serve à burguesia e que está liquidado.
A classe operária, mais cedo ou mais tarde, pressionará e se chocará com os aparatos sindicais burocratizados e forçará objetivamente a convocação da greve geral. O momento era e é propício. A defesa do princípio democrático de que somente quem elegeu pode destituir o governo poderia impulsionar o combate. Mas essa bandeira foi desconsiderada e substituída pelo “Fica Dilma”. A resposta necessária às demissões em massa foi ignorada e obscurecida pela bandeira de defesa da democracia. Diante do claro triunfo do golpe e da formação do novo governo golpista, a CUT não muda a orientação, não rompe com a política institucional, burguesa, do PT. Está aí por que não preparou sobre a base de assembleias – poucos sindicatos tomaram a iniciativa na última hora – a greve geral e nem mesmo um poderoso dia nacional de luta.
De forma alguma o POR se opõe à manifestação, mas somente a acata a partir das assembleias, verdadeiramente democráticas e soberanas. Defende: 1) Que os sindicatos e as centrais assumam a tarefa de organizar um movimento nacional contra as demissões, as perdas salariais, a destruição de direitos trabalhistas e previdenciários, bem como organizar a luta pela terra aos camponeses, moradia, saúde e educação; 2) Que assumam a tarefa de por abaixo os programas de privatizações e impor a reestatização, sob o controle operário; 3) Desconhecer e não pagar a dívida pública; 4) Revogar as medidas governamentais que reduzem ou quebram direitos.
Sobre a base dessas tarefas e reivindicações, a classe operária sairá em defesa da vida da maioria oprimida, enfrentará a ofensiva do patronato, responderá ao governo golpista de Temer e lutará no campo da independência de classe com seus métodos próprios.
Chamamos a classe operária, os camponeses e demais oprimidos a se organizarem no terreno da independência de classe e lutarem desde já contra o governo golpista de Michel Temer, PMDB, PSDB, DEM, PP, PR e aliados. Tomemos em nossas próprias mãos as reivindicações que respondem à crise econômica e política e que defendem a vida dos explorados.