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07 ago 2016
7 de agosto de 2016
Romper o cerco da política de conciliação de classes
A Comissão Especial do Impeachment aprovou o relatório Anastasia. No final deste mês, o dramalhão encerra o último capítulo do vergonhoso golpe de Estado. Os petistas não mais terão a tribuna parlamentar para repetir à exaustão que Dilma Rousseff foi vítima de uma conspiração. E os oposicionistas que se tornaram os atuais governistas terão o conforto dos vencedores.
Os acontecimentos que levaram à derrocada do PT e à derrubada de seu governo mostraram que os pretensos reformadores do capitalismo se submeteram a tal ponto à burguesia e às putrefatas relações de Estado que concluíram de joelhos, apesar dos discursos inflamados contra o golpe, pela democracia e pelo “Estado de Direito”. Não foram capazes de mobilizar a classe operária e as camadas oprimidas da população que possibilitaram a ascensão do PT ao poder por meio do voto. O exemplo do golpe militar de 1964 de nada serviu aos caricatos reformistas.
As massas não viram por que defender um governo que as atacava. E, em particular, a classe operária não confiou um só fio de cabelo nas intenções dos burocratas sindicais. A maior prova de que o PT, PCdoB, CUT, MST, MTST e UNE limitaram a resistência ao golpe às instituições e à democracia burguesas, no entanto, está sendo exposta diante do governo de Michel Temer.
Os explorados estão diante de um planejado ataque aos direitos trabalhistas e previdenciários, mas não veem como combatê-lo. Avançam o desemprego, as perdas salariais e a alta do custo de vida, mas não se encontram uma direção que levante as reivindicações próprias e inspire confiança. Avançam as privatizações, mas as massas não se deparam com uma direção que tenha preparado a luta contra os vendilhões antinacionais.
Projeta-se uma nova política de seguidismo ao imperialismo, em especial aos Estados Unidos, mas a classe operária está alheia ao significado da opressão nacional. Os anos a fio de política de conciliação de classes fizeram do PT, da direção da CUT e dos demais aliados do chamado “campo democrático e popular” serviçais do grande capital. Está aí por que os pretensos reformadores capitularam diante da derrubada do governo Dilma Rousseff, ao aceitarem as condições políticas e sociais impostas pelas forças burguesas golpistas. Capitulam agora diante do governo antinacional e antipopular da coligação PMDB, PSDB, DEM e rebotalhas.
Não foi nada estranho o fato do PT e PCdoB apoiarem a eleição de Rodrigo Maia (DEM) para a presidência da Câmara dos Deputados. O fato expressou a capitulação que foi se concretizando como resultado das posições dos governistas diante do movimento da direita golpista. É o que também explica a ida do presidente do Sindicato Metalúrgico do ABC ao encontro do ministro do Trabalho. O que os burocratas faziam sob o governo de Dilma Rousseff, agora, podem continuar fazendo sob o governo golpista de Michel Temer. Lá foram juntos a CUT e a Força Sindical pedir a Temer que não só apoie os pleitos das multinacionais como faça mais do que fez Dilma.
No Congresso Nacional, os parlamentares petistas apoiam a reorganização política necessária para consolidar o golpe, elegendo Rodrigo Maia. No movimento sindical, a burocracia petista trai os interesses da classe operária, bloqueia as lutas e impede que se alcance a unidade necessária para golpear o governo Temer. O furibundo acordo imposto pela Volkswagen aos metalúrgicos retratou no seio da classe operária de que forma a política de colaboração de classes expressa a capitulação diante do imperialismo, cujas multinacionais determinam em última instância a política burguesa.
Os projetos de reforma da previdência e da CLT, a criação de um teto constitucional para os gastos primários da União, estados e municípios, a privatização de patrimônios da Petrobrás, de toda infraestrutura, a diretriz de ampliação da abertura do mercado interno, o recrudescimento da criminalização dos movimentos, etc. formam um todo, que deve ser combatido como um todo e com uma mesma estratégia de luta pela derrubada do governo golpista.
Basta a inoperância da CUT e aliados diante das privatizações na Petrobrás para se constatar que aqueles que se esmeraram em manter erguida a bandeira do nacionalismo burguês de “O Petróleo é Nosso” se mostram incapazes e desmoralizados para levantar os petroleiros e o conjunto dos explorados contra o governo entreguista. Não há dúvida de que a resistência nacional e anti-imperialista depende da classe operária, que se acha bloqueada pelos aparatos sindicais burocratizados, estatizados e corrompidos pela política de conciliação de classes. A luta independente passará pela resistência aos ataques do governo golpista e pela superação da política pró-capitalista do PT e consortes. É necessário empreender uma campanha nas fábricas em defesa das reivindicações próprias dos explorados e de combate aberto ao governo golpista.