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12 fev 2017
12 de fevereiro de 2017
O estado do Espírito Santo se colocou sob a intervenção da Força de Segurança Nacional e das Forças Armadas. O estado do Rio de Janeiro foi sobressaltado com a intervenção da tropa de choque contra as manifestações na Assembleia Legislativa. A formação da nova Comissão de Constituição e Justiça foi motivo de escândalo, ao contar com vários senadores denunciados pela Operação Lava Jato, entre eles Edson Lobão, que foi presenteado com a sua presidência. Uma liminar de três juízes suspendeu a nomeação de Moreira Franco para o novo ministério da Secretaria Geral da Presidência. O ministro do STF, Edson Fachin, abriu inquérito contra Renan Calheiros, Romero Jucá e José Sarney – três oligarcas do PMDB. Rodrigo Maia, reeleito presidente da Câmara Federal, foi denunciado na Operação Lava Jato. O corrupto do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, ganhou um posto no STF. Esse quadro indica a que ponto chegou a putrefação da política burguesa.
O governo golpista de Temer foi formado por uma quadrilha que deixa para trás os amadores do PT. Evidencia as falsificações da imprensa monopolista que atribuiu ao petismo a montagem de um sistema de fraudes e assaltos ao dinheiro público. Toda a política burguesa e as instituições do Estado se acham assentados nos pilares do capitalismo em desintegração.
Até pouco tempo atrás, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, era apresentado como exemplo de severidade fiscal e estabilidade administrativa. A greve da polícia civil e militar, com suas mulheres protestando nas ruas e a onda de saques e assassinatos desmascaram a diretriz de descarregar a crise capitalista sobre as massas. A transformação, por sua vez, da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro em praça de guerra, com os manifestantes se opondo ao plano de ajuste do governador, põe à luz do dia a política econômica voltada a proteger os capitalistas.
Os desperdícios, os desvios, os subsídios e a sangria dos cofres públicos são parte e consequências das diretrizes dos governos burgueses altamente comprometidos com o poder econômico geral e com as oligarquias de cada estado. A recessão prolongada, o aumento exponencial do desemprego, o rebaixamento salarial e o crescimento da miséria atingem a governabilidade. A greve da polícia no Espírito Santo e o ensejo aos saques projetaram ao Rio de Janeiro. O governador tentou fazer um acordo de reajuste salarial com as forças de repressão. Precisa delas para conter o descontentamento que cresce entre a população e para impor o plano de ajuste.
Ao mesmo tempo, o governo federal se vê minado pela crise política que persiste. A manifestação da polícia civil na Esplanada dos Ministérios e a invasão das dependências próximas ao Congresso Nacional para protestar corporativamente contra a reforma da previdência alertou o governo para as dificuldades que enfrentará para aprovar o seu projeto. Na realidade, o grande teste do governo golpista se dará em torno das reformas da previdência e trabalhista. Com esse quadro político deteriorado, a burguesia teme um despertar da classe operária, que pode rá arrastar a maioria oprimida à luta.
O governo golpista, apesar de contar com o apoio da maioria dos partidos e da unidade burguesa, não conseguiu se estabilizar diante da brutal retração econômica. Tem, no entanto, contado a seu favor com a continuidade da política de conciliação de classes do PT, de aliados e da CUT. Essa política é responsável pelo fato de os explorados não se levantarem em um movimento nacional contra as demissões em massa, o agigantamento do desemprego e as perdas salariais. Aí está a base de onde se combaterão as reformas antinacionais e antipopulares do governo Temer. Por onde começar a luta nacional depende da situação, mas com certeza o confronto com a classe capitalista, que descarrega a crise sobre os postos de trabalho e os salários, está na base de tudo.
Os explorados sentem na carne a crise de direção revolucionária. Continuam à mercê do que fará o PT, a CUT, o MST e aliados no campo da política reformista. Os impasses do governo golpista e a persistência da quebra econômica animam os petistas – que perderam a presidência da República e viram suas fontes empresariais de financiamento serem bloqueadas – a reconstituírem-se como oposição burguesa. Esse objetivo subordina o movimento dos explorados contra o governo reacionário e a luta contra as reformas antipopulares. Os reformistas tudo farão para canalizar a revolta das massas para o cubículo do Congresso Nacional.
Ao contrário, somente a política do proletariado poderá transformar o descontentamento dos explorados em luta coletiva, nacional e revolucionária contra o governo de Temer e suas medidas. Parte da necessidade de vincular as demissões, o desemprego e as perdas salariais com o combate à política de proteção ao grande capital nacional e internacional, e as reformas que eliminam direitos e sacrificam a vida da maioria. O método é o da ação direta. A tática é a de unir os operários, camponeses pobres, as camadas arruinadas da pequena-burguesia urbana e a juventude oprimida, por meio das reivindicações comuns e da constituição de uma frente única de luta local, regional e nacional.