-
24 abr 2017
24 de abril de 2017
A classe operária, os demais explorados e a juventude estão diante de um momento decisivo. Está a caminho o projeto da reforma trabalhista e da previdência. Os partidos e seus deputados manobram apresentando alterações. Querem parecer condescendentes com os assalariados e com os camponeses pobres. Michel Temer e seus ministros repetem e repetem que as reformas são para garantir direitos, melhorar a economia e retomar os empregos. Os meios de comunicação monopolistas se colocaram como porta-vozes do governo golpista. Insistentemente, explicam à população que a previdência está sendo salva e que as mudanças nas relações trabalhistas apenas sofrem modernização.
A verdade é que o projeto dificulta imensamente a aposentadoria, em particular à da classe operária, e obriga os assalariados a contribuir por mais tempo. Quanto à reforma trabalhista, dá aos capitalistas mais poderes para decidirem sobre a jornada de trabalho, a redução salarial, as demissões e o cumprimento de direitos (décimo terceiro, licença maternidade, férias, etc.), em resumo, liquida o contrato coletivo de trabalho e o individualiza. Juntamente com a lei da terceirização, a burguesia e o seu governo estão impondo uma das mudanças mais ampla, profunda e brutal em favor da classe capitalista e em detrimento da classe operária.
Sem dúvida, apesar de as reformas serem apresentadas para discussão no Congresso Nacional, estão sendo impostas ditatorialmente à maioria oprimida. A máscara da democracia parlamentar – conservando-se o funcionamento do Congresso – mal esconde que serve a uma ditadura civil, constituída por meio de um golpe de Estado. Sua função é a de centralizar as forças burguesas para impingir de uma só vez um conjunto de mudanças que há muito os capitalistas pleitearam.
A essência das reformas antinacional e antipopular consiste em se ter maior liberdade possível para o patronato explorar a força de trabalho de milhões; e melhores condições para o capital imperialista se apossar das riquezas nacionais e saquear mais facilmente o País. É nesse momento que se torna completamente claro o antagonismo entre a burguesia e o proletariado; entre a nação oprimida e o imperialismo. O governo e as forças burguesas que o sustentam fazem de tudo para evitar o confronto entre as duas classes historicamente inimigas. A burocracia sindical é o principal auxiliar do poder burguês. Tem mantido os explorados fragmentados, desorganizados e submetidos à prepotência patronal. Tem canalizado o descontentamento das massas para a jogatina no Congresso Nacional. Tem submetido o movimento de resistência contra as reformas às manobras do governo e dos partidos burgueses. Tem se negado a enfrentar as demissões em massa. Tem cedido à aplicação da flexibilização capitalista do trabalho.
A Força Sindical apoia o governo golpista. Mente para os operários que está contra as reformas. A CUT é ex-governista, mas também mente. Em palavras, toda a burocracia está contra as reformas. Na prática, cada fração burocrática, à sua maneira, divide a classe operária e a amarra por trás do jogo burguês no Congresso Nacional.
Não há nada mais decisivo do que pôr em pé um movimento nacional pela derrubada integral das reformas. No entanto, a crise política movida pelas delações da Odebrecht está servindo para cegar os explorados. Diariamente, não se fala de outra coisa senão da corrupção, da necessidade de passar o Brasil a limpo, de reformar a política e de sanear as instituições, entre elas os partidos.
Agora, bem agora, a Lava Jato eleva a temperatura contra Lula e o PT e a abaixa para os demais politiqueiros e partidos. Montou-se um emaranhado e formou-se uma nevoa para obscurecer o rápido andamento das reformas reacionárias.
Não há outra maneira de dissipá-los a não ser levantando alto a bandeira da classe operária de “Abaixo as reformas antinacional e antipopular de Temer, do Congresso Nacional e da classe capitalista”! A não ser também rechaçando a política do PT de conduzir o movimento para as eleições de 2018 e defesa de Lula.
Só há um caminho para enfrentar os ataques da classe capitalista, combater de frente o governo golpista, o Congresso Nacional burguês-oligárquico e o imperialismo. O que exige clareza das reivindicações, fortaleza do método da ação direta e firmeza na independência política dos explorados. As reivindicações convergem ao objetivo de quebrar, esmigalhar e enterrar as reformas da previdência, trabalhista e do ensino médio, bem como destruir a terceirização. O método se baseia na tendência geral de combate dos explorados – está colocada a organização da greve geral por tempo indeterminado. A independência de classe corresponde à defesa da estratégia revolucionária: libertar-se da política de conciliação de classes, potenciar a política de luta de classes e elevar a consciência socialista do proletariado e da juventude, lutando por um poder próprio, por um governo operário e camponês.
Nada de submeter o movimento ao Congresso Nacional! Nada de canalizar a luta para a disputa interburguesa em torno da corrupção! Nada de camisa de força eleitoral! Nada de Lula para presidente! Chega de mentira! Chega de divisionismo! Por um poderoso movimento de frente única, para quebrar a espinha dorsal do governo golpista e enterrar as reformas antinacional e antipopular!