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01 maio 2017
1º de maio de 2017
Caso a greve geral não ocorresse, o governo golpista, parlamentares, imprensa e consortes diriam que a “sociedade brasileira” está com as reformas. Diriam que venceu a “confiança no Brasil melhor”. Em especial, os editoriais da imprensa monopolista e a renque de comentaristas muito bem pagos gritariam contra a “minoria de baderneiros”. Mas não puderam ter essa satisfação.
A greve geral foi nacional, se projetou na maioria dos centros urbanos, mobilizou milhares de ativistas, permitiu bloqueios de ruas, avenidas e rodovias.
O dia 28 calou o repetitivo, cansativo e desorientador noticiário sobre a corrupção. Calou a cantilena de que as reformas são para o bem da população e do País. Tirou das telas das TVs as imagens e os assuntos de sempre.
A greve geral, os bloqueios, as manifestações e a presença ostensiva da tropa de choque nos centros e até mesmo nas periferias das grandes cidades, atirando bombas, balas de borracha e golpeando com os cassetetes os lutadores, todos esses acontecimentos formaram uma grande imagem do País em pé de guerra contra as reformas antinacional e antipopular de Temer, do Congresso Nacional oligárquico, do Judiciário, da Operação Lava Jato, da imprensa, da Fiesp, da Febraban, da CNI. Enfim, contra as reformas da burguesia brasileira e do imperialismo.
A greve geral formou uma imagem única e grandiosa dos explorados lutando para pôr abaixo a terceirização, a reforma trabalhista e a reforma da previdência. Operários da indústria, motoristas, maquinistas, operadores, bancários, professores, estudantes e uma multidão de trabalhadores e jovens se ergueram com uma só voz: “Abaixo as reformas”.
Imperou no dia 28 a vontade da imensa maioria. Imperou a democracia dos explorados, dos pobres e miseráveis. Imperou o parlamento das ruas. As massas e sua vanguarda combativa votaram pelo Não. Mostraram, por meio da ação direta e coletiva, que o Congresso Nacional não passa de uma instituição da burguesia e que somente serve aos interesses dos exploradores. A tropa de choque e toda imprensa, ou combatendo com a força das armas, ou condenando pelas palavras a greve geral, por sua vez, mostraram-se serviçais da ultraminoria capitalista que descarrega a crise econômica e a falência do sistema de exploração do trabalho sobre a maioria que produz as riquezas e que padece da pobreza.
A greve geral definiu muito bem os dois Brasis: o dos banqueiros, industriais, agroindustriais, das multinacionais, dos parasitas; e o dos operários, dos camponeses, da classe média arruinada, da juventude oprimida, dos desempregados, dos subempregados, dos pobres e miseráveis. Mostrou, com toda evidência, o Brasil dos exploradores que querem impor as bárbaras reformas e o Brasil dos explorados se defendendo com a greve, bloqueios e manifestações.
Temer foi obrigado a se pronunciar. Disse que continuará com as reformas. Procurou diminuir a importância da voz das ruas. Emitiu o juízo de que houve um protesto, mas não a greve geral. Instruiu os lacaios da imprensa monopolista a enfatizar “a baderna” e a “violência”. A justificar a ação da tropa de choque. Mas não há como esconder os fatos. Há como ocultar, como fez a imprensa monopolista que selecionou as imagens. Mesmo assim, os fatos se impuseram. Os explorados sentiram e viram sua força social.
O governo foi golpeado. O Congresso Nacional foi desautorizado a falar em nome da população. Não há nenhuma dúvida que terão de impor à força as medidas reacionárias. Terão de contrariar a vontade da esmagadora maioria da nação.
Sabemos, porém, que o governo não foi derrotado. E que redobrará os esforços para ir adiante com as reformas. Temer nasceu de um golpe de Estado. Sua missão é a de limpar a área. De cumprir o objetivo de descarregar a crise capitalista sobre os ombros da população trabalhadora. De arrumar recursos para sustentar da gigantesca dívida pública e pagar bilhões em juros. De prosseguir com o parasitismo financeiro. Está aí por que é um governo que não se sujeita e não se preocupa com as pressões das massas. O golpe e o governo constituído, assim, cumprem o papel de uma ditadura civil. A greve geral, portanto, se levantou contra esse poder da burguesia. Mas ainda não foi suficientemente forte para quebrar a política antinacional e antipopular.
O 1º de Maio fragmentado, festivo, corporativo e eleitoreiro interrompeu o impulso das massas, que se iniciou no dia 15 de março e se elevou em 28 de abril. As centrais sindicais deveriam manter a classe operária, os demais trabalhadores e a juventude unidos. Um 1º de Maio unitário e voltado contra as reformas seria um 1º de Maio de continuidade da greve geral. Mas prevaleceram os interesses particulares e a politicagem da burocracia sindical. É necessário reconhecer, portanto, as limitações impostas ao movimento.
A greve geral tinha tudo para ser mais potente. A primeira condição básica era a de que a maioria estivesse contra as reformas. O que se confirmou. A segunda era a de que a classe operária estivesse disposta a lutar. O que também se confirmou. A terceira era a de que estivesse organizada. O que não se confirmou. Neste ponto, reside a responsabilidade das direções sindicais.
Durante anos de política de conciliação de classes, o proletariado foi mantido na passividade. Nem mesmo diante da onda de demissões massivas, as centrais e os sindicatos se uniram em uma frente única para defender os empregos. Ao contrário, participaram da implantação da flexibilização capitalista do trabalho, com seus banco de horas, lay-off, suspensão temporária e PDVs. Adaptaram-se à terceirização nas chamadas atividades meio. É o que explica por que a classe operária não compareceu mais coletiva, mais coesa e mais ofensiva.
A unidade contra as reformas veio da necessidade dos explorados. Veio de sua rejeição à destruição de antigas conquistas trabalhistas e previdenciárias. Mas não veio da política das direções da CUT, da Força Sindical, da CTB, etc. A greve geral somente não foi mais potente porque essas direções orientaram a classe operária para a greve passiva. A paralisação das fábricas não se destacou. E a presença dos operários nas manifestações não se fez sentir. Uma parcela das camadas oprimidas da classe média cumpriu a função vital de ganhar as ruas. A grande concentração no Largo da Batata, em São Paulo, atesta essa observação. Não foi unitária. Foi petista. Foi preparada para servir à política burguesa do PT. E funcionou como tribuna para a política eleitoral e parlamentarista do PT.
A greve geral padeceu da falta de uma direção classista e de uma política proletária. Temer e a burguesia estavam apreensivos com a atitude das massas operárias. Folgaram em ver que o contingente da classe operária que assumiu a greve foi orientado a não sair de casa e os que acatavam a greve mediante os piquetes e bloqueios deveriam voltar para casa. Os sindicatos operários não organizaram a unidade grevista. Mas é preciso destacar o lugar dos trabalhadores do transporte público. Estes sim foram organizados desde as assembleias, uma vez que sua atuação na greve seria fundamental. O mesmo deveria ter sido feito em todos os sindicatos. A classe operária organizada pela base é a principal força para derrotar e enterrar as malditas reformas.
Esse é o próximo passo. Trata-se de impulsionar os comitês de base, de convocar novas assembleias, de propagandear a importância do dia 28, de denunciar a inflexibilidade do governo e de mostrar que o movimento de resistência tem de se preparar rapidamente para a greve geral por tempo indeterminado. As centrais devem romper o corporativismo, jogar no lixo a política de conciliação de classes e superar as ilusões no Congresso Nacional. Devem se colocar por uma verdadeira frente única de luta contra as reformas e o governo golpista. Não pode haver nenhuma dúvida que os explorados estão contra as reformas e dispostos à luta.
Nossa greve geral foi vitoriosa porque quebrou o cerco repressivo, político e ideológico da burguesia, voltado a impedir a luta nacional. Vitoriosa porque golpeou o governo, mostrando o amplo descontentamento das massas. Vitoriosa porque tem como dar um novo passo para golpear mais fundo o governo burguês golpista. Mas foi apenas um primeiro passo.
É preciso avançar na elevação da consciência política dos explorados e impulsionar a sua organização independente pela base. Temos de vencer o divisionismo latente entre as centrais. Temos de conquistar uma poderosa unidade proletária.
É assim que reagiremos à declaração de Temer de que seu governo continuará com as reformas. É assim que caminharemos para a greve geral por tempo indeterminado. É assim que não apenas golpearemos o governo, mas também o derrotaremos. Nosso objetivo não é o de negociar mudanças nas reformas, como quer o deputado Paulinho da Força. Nosso objetivo é o de enterrar as reformas antinacional e antipopular da burguesia.
Viva a greve geral de 28 de maio!
Voltemos imediatamente à luta!
Derrotemos e enterremos as malditas reformas de Temer!
Por uma greve geral por tempo indeterminado!