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06 maio 2017
7 de maio de 2017
A burguesia e seu governo temem as massas. Mas temem principalmente a classe operária. Está aí por que as greves fabris, da construção civil, das petrolíferas e dos transportes horrorizam os exploradores. Param a produção. Atingem a coluna vertebral do capitalismo. A mobilização da pequenaburguesia os incomoda politicamente. As greves no funcionalismo, nas escolas e nas universidades indicam uma tendência geral de luta de massas. Nota-se, porém, que comparecem mais como um problema do governo do que da burguesia. Em outras palavras, mais diretamente do governo. Mas toda a burguesia se insurge contra as greves e manifestações nestas camadas sociais oprimidas.
No fundo, há o temor de que os setores da classe média em luta despertem a atenção da classe operária. O que não impede o governo de ser inflexível e deixar que tais greves se prolonguem. A melhor forma de derrotar as greves de professores, de funcionários do INSS, etc. é jogar a população contra elas. As greves operárias, no entanto, têm de ter solução o mais rápido possível. Não por acaso são tratadas imediatamente como caso de polícia. A burocracia sindical joga um papel primordial de contenção das lutas operárias. Também, não por acaso, as direções sindicais mais antidemocráticas e gangsteris estão à frente dos sindicatos operários e das centrais. Cumprem a principal função da política de colaboração de classes que é a estatização dos sindicatos.
A greve geral é um instrumento do proletariado. Ganha proporção e força quando inclui as camadas sofridas e pobres da pequena-burguesia. É preciso, portanto, uma circunstância particular da crise capitalista, das respostas da burguesia e da correspondente política de Estado, traçada pelo governo. A confluência de fatores econômicos, sociais e políticos une a classe operária e a pequena-burguesia contra a política de Estado e o governo que a materializa. É o que expressou a greve geral de 28 de abril.
Nessa confluência, a classe operária se destaca como força motriz do movimento nacional, precisamente porque cessa a produção e atinge a circulação. É nesse momento que igualmente cessam as funções do Estado. A greve geral expõe o isolamento real já existente do Estado diante das massas. O que resta de função de Estado são as forças de repressão. Escancara-se perante os explorados a ditadura de classe da burguesia. Lá está a tropa de choque para conter e golpear. A polícia se posta à frente das fábricas em que se formam os piquetes, cerca os manifestantes nas ruas e torna os locais de conflito em praça de guerra. Vivemos tudo isso neste dia 28.
De um lado, o governo golpista isolado, apoiado quase que completamente só na burguesia e na repressão; de outro, os grevistas se manifestando em todo o país. A confluência dessas forças sociais se deve ao ataque generalizado às massas, promovido pelas reformas antinacional e antipopular de Temer. É preciso assinalar que foi necessário um golpe de Estado e a constituição de um governo que cumpre a função de ditadura civil, que se apoia inteiramente no grande capital e no imperialismo.
A profunda crise econômica e os ataques generalizados empurram as massas à luta e nela, agora, se destaca a presença da classe operária. O problema dos próximos dias ou semanas está em que a burocracia sindical se colocou em compasso de espera. Aguarda a resposta do governo e as manobras no Congresso Nacional. A Força Sindical está empenhada em arrumar uma negociata para fraturar o movimento. E a CUT se acha presa ao objetivo do PT de se reestruturar como oposição burguesa. A menção a uma greve geral de dois dias é a forma de dar um recado ao governo de que chegou o momento de abrir as negociações. A burocracia precisa de um fato que justifique a traição.
A greve geral mostrou que as massas estão pela bandeira de abaixo as reformas e dispostas à luta unificada. Certamente, saíram convencidas de que disseram Não a Temer e ao Congresso Nacional. Mas não saíram organizadas e prontas a dar um salto à frente na luta nacional. A classe operária deu o conteúdo de classe à greve geral. É preciso, agora, superar a desorganização e a passividade. O que necessariamente terá de se chocar com as manobras políticas da burocracia, com o divisionismo e com a ausência da democracia operária. Cabe à vanguarda que despertou no seio dos embates exigir a convocação das assembleias, redobrar os esforços para construir os comitês unitários e fortalecer a política de independência de classe do proletariado. A bandeira de greve geral por tempo indeterminado deve ser amplamente propagandeada entre os trabalhadores e a juventude.