-
17 jun 2017
17 de junho de 2017
O governo golpista levantou o queixo. O TSE deu-lhe sobrevida. O PSDB decidiu por se manter na base aliada. Há ainda graves denúncias contra Temer e a quadrilha do PMDB. Se ainda permanece de pé, é porque o capital financeiro o escora. O Congresso Nacional tem motivos de sobra para empurrar para frente o tempo que resta ao governo. E principalmente a trégua dada aos golpistas pelas centrais depois da greve geral de 28 de abril ajudou a manter o governo e a retrair a pressão das massas sobre o Congresso Nacional.
Não há dúvida de que o clima de paz em que o TSE julgou Temer pesou na decisão dos juízes. Mais precisamente, permitiu ao governo e seus sequazes aprumarem a cabeça. Clareou, portanto, o prognóstico de que dificilmente Temer seria afastado pelas forças que promoveram o impeachment. O TSE, STF e Congresso estão profundamente permeados pelos partidos que derrubaram Dilma Rousseff. O Ministério Público Federal sofreu um duro revés, que pode frear o ímpeto da ofensiva contra Temer e poderosos caciques da política burguesa.
Tudo indica que as próximas semanas decidirão a sorte final do governo. Caso o bombardeio da Procuradoria-Geral da República não arrebente a blindagem montada no Congresso Nacional, Temer atravessará a tormenta provocada pelas provas materiais apresentadas pela JBS. Essa é variante mais provável do desfecho da crise. O que não significa estabilizar a governabilidade e não enfrentar novas turbulências. A crise política não será superada pelos artifícios de poder.
Os explorados estão cem por cento contra as reformas. E esse é o principal obstáculo do governo golpista. O próprio Temer se defendeu sob o argumento de que o que está em jogo são as reformas da previdência e trabalhista. Esses dois pilares serviram para montar o governo e para mantê-lo em meio a uma crise política muito mais avançada que a que atingiu o governo petista. Se não houvesse uma ampla e granítica unidade da burguesia, apoiada nas exigências do imperialismo, Temer poderia ter sido descartado sem grandes conflitos. Nem mesmo o governo de Sarney foi tão frágil e decomposto como o de Temer.
Acima de tudo está a decisão de impor as reformas antinacional e antipopular. A orientação é a de cumprir o máximo possível as metas definidas pelo governo que não dependem de compromissos eleitorais e assim deixar o terreno aplainado para o sucessor que terá de ser eleito em 2018. Enquanto a atenção se concentra nos escândalos envolvendo Temer, avança o projeto de reforma trabalhista e se negocia uma via para superar os obstáculos à aprovação da reforma da previdência.
O governo deu um passo na quebra de sua inflexibilidade, abrindo uma porta para negociar com a burocracia sindical. Temer recebeu o burocrata-mor da UGT, que saiu da reunião otimista com a possibilidade de o governo apresentar algumas medidas provisórias para ajustar o projeto ao gosto das direções sindicais conciliadoras e traidoras. Certamente, alguns dos influentes parlamentares mostraram a Temer que a situação exige a abertura de alguma válvula de escape. Se essa manobra avançar, a greve geral poderá ficar comprometida.
O que mais aguarda a burocracia da CUT é um aceno do governo para abrir uma mesa de negociação. O chamado a UGT provavelmente estabelecerá uma ponte com a Força Sindical. Não é difícil provocar uma cisão na frente burocrática que dirigiu a greve geral de abril e a manifestação de Brasília de maio. Como não é difícil engatar a marcha ré na CUT, se os parlamentares do PT abrirem caminho para negociatas no Congresso Nacional.
A greve geral foi marcada para 30 de junho, data que coincide com a previsão de votação final da reforma trabalhista. É preciso acelerar a sua organização. Fortalecer os comitês existentes e constituir outros. Os organismos de base são a garantia do cumprimento das tarefas e da realização de uma poderosa greve geral. O governo está convencido de que não haverá um movimento maior e mais forte que o de 28 de abril. Um retrocesso na luta das massas é o que Temer mais precisa para se firmar e terminar seu governo.
Está claro, por outro lado, que a derrubada das reformas depende de uma greve geral mais ampla, massiva, combativa e por tempo indeterminado. Sabemos que a burocracia retardou o quanto pôde a sua convocação. O que causou descontinuidade da luta e desconfiança nas fábricas sobre a seriedade das direções sindicais. É preciso reverter essa desvantagem com uma greve geral que pare todas as grandes cidades e que os explorados ganhem as ruas, tendo a classe operária à sua frente. O objetivo imediato é derrubar e enterrar as reformas.
A derrocada do plano Meirelles será a derrocada do governo golpista. A bandeira de eleições presidenciais não faz senão desviar o combate contra as reformas. A classe operária deve, sem dúvida, se colocar diante da crise de poder da burguesia, mas não para reorganizá-lo por meio de um novo governo burguês. Deve se colocar sob a estratégia do governo operário e camponês e do programa da revolução social.