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02 jul 2017
2 de julho de 2017
É preciso compreender a fundo por que a burocracia sindical sabotou a greve geral. Em princípio, a política de qualquer direção burocrática é avessa a um movimento de massa de grande envergadura.
Quando está sob a pressão da burguesia e dos explorados, pode recorrer até mesmo a uma greve geral. É o que ocorreu com a paralisação de 28 de abril. Mas vimos que as centrais se colocaram pela passividade. Os operários foram orientados a ficarem em suas casas, como se a greve fosse uma falta ao trabalho. A luta foi contida nos limites determinados pelas direções burocráticas. Poucos dias depois, as centrais realizaram um 1º de Maio festivo e corrompido, como se os explorados não tivessem ido à luta em todo o País contra as reformas antinacional e antipopular do governo golpista. Um sinal foi dado no sentido de que a frente constituída para o dia 28 de abril seria desfeita no dia seguinte. O que evidenciou que a unidade das centrais era circunstancial e que servia apenas a propósitos mesquinhos e particulares das frações burocráticas.
Nem a CUT, nem a Força Sindical estava pela derrubada integral dos projetos de reforma da previdência e trabalhista. Os dois aparatos formam dois grandes campos de disputa pela interlocução com o patronato e seu governo, nos quais se inserem as demais centrais. Arrefecido o ímpeto da classe operária, a mesma frente burocrática realizou em 24 de maio uma grande manifestação em Brasília. O governo ditatorial preparou uma provocação para reprimir a marcha pacífica. Dispersou-a com brutal ataque policial. Decretou o estado de emergência e colocou tropas das Forças Armadas para cercar o Planalto. A tão desproporcional ação policial e militar teve o objetivo de indicar que Temer estava disposto a tudo para proteger as reformas e salvar seu governo. No comando da operação, esteve o general e chefe do Gabinete de Segurança Institucional.
O sentimento dos explorados foi de rechaço ao governo golpista. Estavam dadas as condições para imediatamente retomar a greve geral. Mas a burocracia se dividida e se mostrou indisposta a enfrentar nas ruas a ditadura civil de Temer. Os burocratas manobraram em torno da convocação da greve geral para 30 de junho. E sabotaram sua organização.
A Força Sindical e UGT passaram a negociar com Temer o encaminhamento das reformas às costas da classe operária. A CUT, CTB e movimentos ligados à frente popular se dedicaram à bandeira de eleições diretas. Estava posta de lado a luta pela derrubada das reformas.
O governo se bate no pântano da crise política. A imensa maioria da população rechaça Temer, mas não confia em nenhum dos partidos da ordem. As condições políticas e sociais para golpear a cambaleante ditadura civil estão dadas, mas a burocracia teme o despertar das massas.
É por meio da defesa de suas condições de existência que começou a arremetida contra o governo imposto ao País por meio do golpe. É o que demonstraram as manifestações de 15 de março e a greve geral de 28 de abril. Os explorados foram ao combate contra o odiado governo, tendo em mãos a bandeira de abaixo as reformas da previdência e trabalhista. E somente a partir da autodefesa contra os ataques da burguesia, do governo e do Congresso Nacional, a classe operária poderia avançar em uma ofensiva revolucionária.
A greve geral, classista, ampla e coesa, organizada pela base, consiste em um movimento político do proletariado e dos demais explorados. Aí reside o temor da burocracia. A via de abertura de negociação com o governo, que negou a greve geral terminantemente até que a crise política se agravasse, altera o curso da luta em favor da burguesia. A via que subordina a luta pela derrubada das reformas à constituição de um novo governo burguês eleito desvia o movimento para o campo da conciliação de classes.
A sabotagem à greve geral, transformada em um dia de manifestações, serviu ao governo que lidera uma reação para sobreviver e impulsionar as reformas. Não temos dúvida de que uma poderosa greve geral, liderada pela classe operária, daria um golpe de misericórdia no presidente golpista, ou então o enterraria de vez ao limbo, alterando a correlação de forças em favor dos explorados.
O desarme da greve geral dá fôlego ao movimento de reação palaciana pela manutenção de Temer no poder. Seu destino continua a depender inteiramente das disputas Inter burguesas no seio do Estado. Não por acaso, a imprensa monopolista aproveitou para desmoralizar o movimento e para incentivar o governo a ser duro com a vanguarda e setores independentes dos movimentos que mantiveram no alto a bandeira de “Abaixo as reformas da previdência e trabalhista”.
É necessário voltar à classe operária, defendendo a convocação de novas assembleias e formação de comitês base, que garantam a frente única classista e de massa.
Viva a greve geral! Por uma greve geral por tempo indeterminado