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09 dez 2017
9 de dezembro de 2017
Mais uma ofensiva do imperialismo contra o povo palestino
Por um levante operário e popular no Oriente Médio para derrotar o Estado sionista de Israel
Organizemos uma campanha mundial anti-imperialista
O reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel pelos Estados Unidos é mais uma ofensiva do colonialismo sionista. Passo a passo, os palestinos perdem seu território. De fato, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza estão anexados a Israel. Somente a resistência dos palestinos tem mantido um semicontrole dessas regiões. A maneira de impor a anexação reflete os velhos métodos brutais do colonialismo.
Israel nasceu por imposição diplomática da ONU e pelas armas do sionismo na Palestina. Não há como fugir da história. A burguesia que armou o Estado de Israel foi e é uma extensão do capital financeiro e do domínio militar das potências no Oriente Médio. Os Estados Unidos, vencedores da 2ª Guerra Mundial, viram na criação do Estado de Israel, em 1948, a fundação de um enclave na região, antes submetida ao império Otomano, até a 1ª Guerra Mundial, e depois pela Inglaterra e França. O movimento sionista de implantação do Estado de Israel ganhou força a partir da 1ª Guerra e concluiu vitorioso no final da 2ª Guerra Mundial. Fez parte da nova partilha do Oriente Médio entre as potências vencedoras, sob a hegemonia norte-americana.
A promessa da ONU de constituir dois Estados serviu para acobertar a implantação do colonialismo sionista e do intervencionismo norte-americano. Está aí por que a criação do Estado sionista se deu em todo o processo por meio de massacres de palestinos e guerras. Por detrás delas, estavam e estão as potências e poderosos grupos financeiros judeus. As discussões e a resolução fraudulenta de dois Estados, que contaram com o apoio de Josef Stálin, apregoavam a criação de dois Estados pela via pacífica e convivência harmoniosa. Isso quando a transposição de colonos judeus de várias partes do mundo para a Palestina se dava sob o poder das finanças e das armas imperialistas. Estava claríssimo que a onda imigratória se fazia de acordo com um plano de dominação à força do povo palestino. Era previsto que ao comprar terras e ocupá-las se abria o caminho de choques entre palestinos e judeus. A cada confronto, o imperialismo armava ainda mais as milícias judias para irem expulsando os palestinos. Os Estados Unidos se transformaram no grande financiador do Estado sionista.
A expansão gradativa da ocupação sionista pela força das armas diante dos palestinos indefesos, cuja resistência não tinha como vencer os invasores, permitiu que se levantasse o Estado de Israel poderosamente armado. A derrota da Liga Árabe contra a decisão da ONU na criação do Estado de Israel, na guerra de 1948-1949, evidenciou o intervencionismo militar dos Estados Unidos. A vitória dos sionistas marcou a via que iria percorrer o expansionismo sionista. A expulsão de cerca de 1 milhão de palestinos de suas terras e a anexação territorial ampliaram as fronteiras do Estado israelense. Pela primeira vez, Jerusalém é dividida. Na partilha, a Jordânia ficou com sua parte oriental. Como se vê, o armistício entre Israel e a Liga Árabe concluiu com a retaliação do território palestino, sendo que os israelenses passaram a deter a maior parte dele.
A incapacidade de uma unidade real para enfrentar o Estado de Israel militarizado se tornou ainda mais patente na Guerra dos Seis Dias, junho de 1967. A burguesia árabe enfrentava uma frente imperialista, liderada pelos Estados Unidos. Em seus países, não ousaram expropriar e nacionalizar as multinacionais e o capital financeiro. Não se colocaram pela expulsão do imperialismo do Oriente Médio. A derrota de 1967 fortaleceu ainda mais o domínio de Israel sobre Jerusalém. Finalmente, a Guerra do Yom kippur, 1973, seguiu o mesmo caminho das derrotas anteriores. Afirmou-se, definitivamente, o colonialismo sionista e o Estado de Israel como um enclave dos Estados Unidos na região.
Empurrados, cercados e confinados na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, os palestinos nunca cessaram a resistência. Mas não têm como vencer o Estado militar e policial de Israel somente pela intifada desarmada. O vigor da revolta popular de 1987 e de 2000 mostrou a via para resistir à anexação total do que resta do território palestino. Nem o Hamas, muito menos a OLP, se dispuseram a armar o povo. As intifadas, com pedras e paus, têm a virtude expor a violência colonialista dos sionistas e do imperialismo. Mas não podem derrotá-los. A divisão política e administrativa entre a Cisjordânia, controlada pelo Fatah, e Faixa de Gaza, pelo Hamas, enfraquece a unidade palestina contra o feroz inimigo. A unidade palestina pressupõe o armamento do povo.
Muita ilusão se alimentou e se alimenta em torno da farsa dos dois Estados. A divisão entre os palestinos que reconhecem o Estado de Israel e os que não reconhecem causou grandes prejuízos à causa da libertação nacional. Originalmente, a OLP tinha em seu programa a destruição do Estado sionista e a constituição da Palestina Una. As derrotas, a assimilação pela feudal-burguesia árabe do domínio israelense, o confinamento dos palestinos e as pressões do imperialismo levaram a OLP, ainda sob a direção de seu fundador, Yasser Arafat, a renunciar à bandeira da “Palestina Una” e a reconhecer o Estado sionista. Foi o passo mais importante para impulsionar as ilusões na possibilidade de dois Estados convivendo harmonicamente. Hoje, até mesmo nas fileiras do Hamas, se aceita a revisão promovida por Arafat no acordo de Oslo, 1993. Ao contrário de Israel devolver parte do território aos palestinos, como previa o acordo, o ocupou ainda mais. A autonomia administrativa sobre a Faixa de Gaza e parte da Cisjordânia tão somente serviu para aumentar o confinamento da população. O acordo de Oslo foi uma traição e um desastre para causa palestina.
Nem Israel, nem o imperialismo têm interesse que os palestinos tenham um Estado próprio. Não por acaso, a fraudulenta autonomia alcançada pressupõe o desarmamento dos palestinos. A Autoridade Nacional Palestina (ANP), sob a direção de Mahmoud Abbas, admitiu, na Conferência de Annapolis, promovida pelos Estados Unidos, constituir um Estado palestino sem forças armadas e garantir o controle de parte de Jerusalém pelos sionistas. Nem diante de tais concessões, os sionistas arrefeceram o avanço da implantação de colônias na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Nota-se que esses acordos sempre serviram ao colonialismo imperialista.
Jamais Israel e os Estados Unidos admitirão a volta dos 5 milhões de refugiados palestinos, jamais aceitarão retroceder nos territórios ocupados e anexados, jamais admitirão um Estado da Palestina independente.
O Estado de Israel foi implantado artificialmente e à força, inicialmente em uma parcela minoritária do território, hoje ocupa mais de 90%. Não era viável economicamente sua edificação segundo o projeto inicial dos sionistas. Está aí por que a tese dos dois Estados nasceu morta.
A intervenção militar em junho-julho de 2014, na Faixa de Gaza, é o retrato que se pode esperar da relação entre judeus e palestinos. O ataque aéreo devastou as cidades. Deixou sob seus escombros milhares e milhares de civis mortos. O governo da Cisjordânia assistiu de braços cruzados ao massacre. A feudal-burguesia árabe e a própria ANP viram o enfraquecimento do Hamas como um bom sinal. De fato, a devastação da Faixa de Gaza animou o Estado de Israel a se impor com maior desenvoltura diante do povo palestino acantonado.
Por cerca de três anos, a questão palestina ficou refluída. Refluída, evidentemente, no noticiário internacional, uma vez que a implantação das colônias manteve aceso o velho conflito. Agora, ressurge com a decisão de Donald Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
A posição norte-americana não foi apoiada sequer pelas potências aliadas. O motivo é o do temor de agravar ainda mais a crise no Oriente Médio. Não interessa aos setores do imperialismo europeu reavivarem os conflitos do passado entre a feudal-burguesia árabe a burguesia sionista. Ocorre que a questão palestina é parte de um problema maior, que envolve a partilha da 2ª Guerra Mundial. É o que explica a guerra entre Irã e Iraque, a guerra do Golfo, a invasão dos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque, a guerra civil internacionalizada na Síria, a guerra do imperialismo contra o Estado Islâmico, o choque entre Irã e Arábia Saudita no Iêmen, etc. Não há como desvincular o choque permanente entre os sionistas e os palestinos do quadro mais geral de desintegração do Oriente Médio.
É importante não se guiar pela divergência interimperialista, nem pela conduta da feudal-burguesia árabe em torno do reconhecimento norte-americano de Jerusalém como capital de Israel. É necessário se apoiar nas massas oprimidas palestinas, jordanianas, egípcias, sauditas, etc. para organizar um levante popular. É preciso defender que a nova intifada seja armada, em outras palavras, que se promova o armamento popular.
Trata-se de exigir que o imperialismo norte-americano volte atrás. No entanto, esse é apenas o ponto de partida da luta contra o expansionismo sionista. É preciso retomar a bandeira de derrocada do sionismo e reconstituição da Palestina Una. O que implica o desmonte do Estado sionista e constituição de um Estado que unifique os operários, camponeses e a classe média pobre de palestinos e judeus. De nosso ponto de vista, somente será possível cumprir essa tarefa se houver um levante das massas oprimidas contra a feudal-burguesia árabe colaboracionista e serviçal do imperialismo, e sob o objetivo estratégico de um estado palestino socialista, a ser alcançado pela revolução proletária.
Temos consciência de que a ausência de partidos proletários, revolucionários, marxista-leninista-trotskistas dificulta imensamente travar o combate ao sionismo e ao imperialismo pela via da revolução social. Mas nem por isso se deve pôr de lado, ou ocultar, a defesa do programa da revolução proletária, que, entre outras coisas, prevê o armamento popular. A luta pela constituição do Estado Palestino Uno desemboca necessariamente na defesa da expropriação da burguesia e de constituição de um Estado proletário. Somente a democracia das massas oprimidas pode unificar judeus e palestinos oprimidos.
Esse combate, como dissemos, não se circunscreve ao território palestino, diz respeito à expulsão do imperialismo do Oriente Médio e derrubada da feudal-burguesia. A classe operária mundial deve apoiar toda a luta contra a opressão nacional. E desenvolver a estratégia histórica dos Estados Unidos Socialistas do Oriente Médio.
Abaixo o reconhecimento dos Estados Unidos de Jerusalém como capital de Israel!
Fora o imperialismo da Palestina e do Oriente Médio!
Pôr uma Palestina Una, com autodeterminação e Socialista!