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17 mar 2018
18 de março de 2018
O assassinato da ativista dos direitos humanos, Marielle Franco, criou uma comoção nacional, mas será passageiro. Isso por que não há um movimento contra a intervenção militar no Rio de Janeiro e a ditadura civil de Temer. A comoção foi artificialmente criada pela imprensa monopolista e pelos organismos de direitos humanos adaptados ao capitalismo. A lição que fica é a de que a violência reacionária é consequência do capitalismo em decomposição. Somente o proletariado pode combatê-la por meio da violência revolucionária, ou seja, da sua organização armada contra os exploradores e opressores do povo. Amanhã, a morte da vereadora do PSOL cairá no esquecimento. A não ser que se combata por meio dos métodos da luta de classes a intervenção no Rio de Janeiro.
O que temos pela frente é a corrida eleitoral. Tudo indica que a retomada da crise política, motivada pela inclusão de Temer no processo sobre o decreto dos portos e autorização de quebra de seu sigilo bancário, não terá transcendência. O governo aproveitou muito bem o clima emocional que tomou conta do País com o assassinato da feminista Marielle para mostrar a justeza da intervenção militar e para enganar a população com a promessa de justiça.
O fundamental da situação política, porém, é a preparação de todos os partidos para as eleições de outubro. Há uma pedra no sapato da política burguesa que é a esperada prisão de Lula e a cassação de seus direitos políticos. Enquanto não se retirar essa pedra, a definição eleitoral continuará um tanto obscura. A imprensa monopolista exige do Supremo Tribunal uma rápida definição sobre o poder da 2ª instância de prender o ex-presidente. A maior probabilidade é a de que o caudilho do PT não escape do cárcere. Temer, a camarilha governamental e os partidos da frente golpista se organizam para as eleições, contando com essa possibilidade. Uma dezena de pré-candidaturas tem sido apresentada. A principal questão para os golpistas é a de não permitir o retorno do PT à presidência da República.
O PSOL não tem condições de enfrentar a corrida eleitoral. De forma que é quase certo que a esquerda nacional-reformista e democratizante não tenha força para modificar o quadro político constituído pós-golpe de Estado.
Certamente, paira como uma sombra de temor nas hostes da burguesia a comoção que poderia ser desencadeada pela prisão de Lula e a sua repercussão numa candidatura petista indicada pelo caudilho. Afastado esse risco, os partidos da frente golpista se sentirão mais confortáveis para lançarem candidatos próprios no primeiro turno e fazerem um arranjo no segundo. Montado o quadro eleitoral sem ameaça petista, as forças burguesas terão de conter a ofensiva da direita fascista, encarnada pelo candidato Bolsonaro. Isso por que não lhes parece conveniente e lhes parece prematuro entregar o poder do Estado a uma variante aventureira, nas condições da crise política pós-impeachment.
Qualquer que seja o curso tomado, o PT continuará exercendo influência política sobre os explorados. O PSOL continuará sendo tributário do petismo e seguirá seus passos. O PT, de um lado, continuará trabalhando para se potenciar como oposição burguesa e o PSOL, de outro, pequeno-burguesa. É nessas condições que a vanguarda revolucionária caminhará na contracorrente, lutando pela independência política do proletariado e dos demais explorados. Mesmo nessas condições difíceis, terá de propagandear e agitar as reivindicações da maioria oprimida e o programa da revolução proletária.
A intervenção militar no Rio de Janeiro e a suspensão da votação da reforma da previdência resultaram numa mudança da situação política. Desarmou-se definitivamente o movimento operário e popular que combatia as reformas antinacionais e antipopulares, bem como a ditadura civil de Temer. O PT e a burocracia sindical respiraram aliviados diante da suspensão, considerando o fato como uma vitória dos trabalhadores. Na realidade, o PT já estava concentrado na defesa de Lula e nas eleições. O governo Temer e a frente partidária golpista chegaram ao acordo de que o momento era o de preparar as eleições.
A greve nacional dos correios não teve fôlego, devido ao divisionismo interno interburocrático e o isolamento externo. A greve dos municipais de São Paulo se projetou diante da brutal repressão. Milhares e milhares de professores e funcionários ganharam as ruas. Têm de romper o isolamento para derrotar a reforma da previdência do prefeito Doria. Outras greves vêm ocorrendo, como a dos professores estaduais de Minas Gerais, estaduais e municipais de Rondônia e de vigilantes no Rio Grande do Norte. Essa é a via pela qual os explorados se defendem contra as reformas antioperárias, as privatizações, os baixos salários e o desemprego.
Essas greves refletem o descontentamento geral dos trabalhadores, embora pareçam corporativas. Não se mostram como tal porque houve uma retração do movimento nacional contra as reformas de Temer. A burocracia sindical, como um todo, está voltada às eleições de outubro. Sequer esboçou qualquer reação à intervenção federal no Rio.
As novas condições políticas não alteram a necessidade objetiva da classe operária e demais explorados de se defenderem contra a aplicação da reforma trabalhista, a expansão da terceirização, a continuidade do desemprego massivo e as pressões dos capitalistas contra os salários. A retomada do crescimento econômico tem sido pífia. Nada indica que se abrirá um novo ciclo de crescimento, que expresse o avanço das forças produtivas. É bom assinalar a decisão do governo norte-americano de recrudescer a guerra comercial, sobretaxando o aço e o alumínio. Caso Trump vá em frente, o Brasil será um dos mais atingidos. O que comparecerá como um obstáculo à retomada econômica.
As eleições poderão e deverão incentivar as ilusões democráticas. Os partidos da burguesia e todo o aparato do Estado agirão no sentido de canalizar o descontentamento dos explorados para as urnas. Dificilmente, as massas permanecerão iludidas com as promessas eleitorais. A crise política permanecerá e os explorados se colocarão contra, imediatamente, o novo governo eleito. Trata-se de manter vivas as reivindicações e o combate às reformas antinacionais e antipopulares da ditadura civil de Temer. O POR se apoia no método da ação direta e desenvolve a estratégia de poder do proletariado, que se sintetiza na luta por um governo operário e camponês