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14 abr 2018
14 de abril de 2018
Na madrugada de sábado, 14 de abril, o imperialismo desfechou um ataque com mais de 100 mísseis contra a Síria. Estados Unidos, França e Inglaterra alvejaram instalações de pesquisa e armazéns em Damasco e Homs, indicados como locais de produção de armas químicas. Alemanha, Espanha, Itália, Turquia, Israel e Arábia Saudita apoiaram os bombardeios.
O ataque das potências foi justificado como medida de defesa dos civis supostamente atacados com armas químicas pelo governo sírio na cidade de Duma (Guta Oriental). Tudo indica, porém, que foi uma armação orquestrada pelo próprio imperialismo. A França diz que tem provas, mas não as apresentou. Estados Unidos e Inglaterra deduziram que Al-Assad é o responsável. A Rússia, por sua vez, afirma que as imagens divulgadas resultaram de uma montagem. Os Estados Unidos e aliados não aguardaram a inspeção da ONU. Acusando o governo sírio do suposto ataque, o imperialismo utilizou a surrada justificativa “humanitária” para bombardear a nação oprimida. O Conselho de Segurança da ONU, simplesmente, foi ignorado.
Nessas condições, Trump subordinou a seus objetivos a França e Inglaterra. O ataque da coalizão devia servir para dar a impressão de que a ação representava uma “frente única da democracia” contra o “ditador e assassino” Assad. A seguir, as potências passaram a obrigar a ONU a se subordinar a suas decisões. Querem, depois do ataque consumado, que se chancele a acusação de uso de armas químicas pelo governo sírio. A lei do imperialismo é a de primeiro atirar, para depois usar a ONU como instrumento de “comprovação”.
A Síria está dilacerada e dividida territorialmente pela ação das potências, que agem por cima de suas fronteiras nacionais. A guerra civil internacionalizada serve ao objetivo estratégico de impor uma redivisão no Oriente Médio. A divisão que resultou da Segunda Guerra Mundial e que alimentou a “guerra fria” não mais corresponde às tendências políticas e às forças econômicas que necessitam submeter mais amplamente regiões e mercados, que ainda se encontram sob o domínio e influência da burocracia restauracionista russa. Está claro que os Estados Unidos, Israel e aliados europeus pretendem eliminar a influência da Rússia sobre a Síria e a partir daí sobre o Oriente Médio.
As feudais-burguesias estão impedidas de recorrer à autodeterminação e soberania nacionais para decidir os destinos dos países. É o que acontece com o Al-Assad, submetido aos interesses da burocracia restauracionista russa, da qual depende para se manter no poder. Por sua vez, as feudais burguesias árabes servem de base de manobras ao imperialismo e estão obrigadas a expressar os interesses monopolistas. Apoiando-se nas divisões interburguesas, nos choques religiosos e tribais, o imperialismo impulsiona o intervencionismo contra países e movimentos jihadistas, que se colocam como entraves ao expansionismo monopolista.
Essa particular condição reflete, em última análise, o impasse no processo da restauração capitalista na Rússia e na China, assim como a projeção desses governos no mercado mundial e nos conflitos regionais e internacionais. De forma que o novo ataque do imperialismo expressa o avanço das tendências bélicas de escala mundial. A dilaceração do Afeganistão, do Iraque e da Líbia compõe um quadro de fundo do que se passa na Síria. As justificativas humanitárias propagandeadas pelas potências e seus lacaios semicoloniais, apenas acobertam as reais determinações econômicas e políticas.
A permanência das tendências bélicas está determinada pelas condições de desagregação estrutural do capitalismo que depende das guerras e da brutal opressão social e nacional para a preservação de seus lucros. 400 mil mortos, mais de 5 milhões de expulsos, um País e sua infraestrutura econômica completamente arrasada refletem essa via. Os explorados do mundo todo devem rechaçar as mentiras, as falsificações e a hipocrisia sobre os ataques imperialistas à Síria em nome da paz e dos “direitos humanos”.
As massas e nações oprimidas devem desconhecer a ONU e empregar todos os métodos para combater o intervencionismo e terrorismo imperialistas. O que exige da vanguarda operária mundial se colocar ao lado da nação oprimida e lutar pela sua autodeterminação. Qualquer apoio ao intervencionismo imperialista é uma traição à causa dos oprimidos do mundo. Não se pode esquecer, nem por um só minuto, que as guerras civis, as intervenções militares, o esmagamento da autodeterminação nacional e a derrocada dos governos que mantêm uma relativa independência nacional são meios de sobrevida ao capitalismo putrefato à custa da vida das massas e do agravamento da opressão e saque sobre as semicolônias.
As massas oprimidas do Oriente Médio devem se unir sob uma frente única anti-imperialista, que reúna as forças e vanguardas que combatem o intervencionismo e seus subservientes nacionais. O proletariado mundial, por sua vez, deve apoiar incondicionalmente essa luta das nações oprimidas contra seus opressores. Não se avançará um milímetro na autodeterminação sem a derrota militar e a expulsão do imperialismo do Oriente Médio.
A assimilação da atual experiência constitui o ponto de partida para reorganizar a vanguarda mundial sob o programa e estratégia revolucionárias do proletariado. A revolução socialista mostra-se como a condição para realizar a autodeterminação nacional dos povos oprimidos. A feudal-burguesia e seus sucedâneos pequeno-burgueses são impotentes para libertar a nação oprimida e projetar a unidade revolucionária das massas. Eis a importância de a vanguarda pôr em pé uma direção revolucionária, que aplique o Programa de Transição da IV Internacional nas condições de avanço da barbárie capitalista. O programa dos Estados Unidos Socialistas do Oriente Médio constitui o fundamento da estratégia revolucionária, que elevará as massas árabes ao programa socialista.
Fora o imperialismo do Oriente Médio! Em defesa da autodeterminação nacional da Síria!
Organizar a Frente Única Anti-imperialista na base do armamento das massas!
Combater o imperialismo nas potências com os métodos da luta de classes!
Lutar em nosso próprio país contra a dominação imperialista!