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22 abr 2018
22 de abril de 2018
O bombardeio da Síria pela coalizão entre Estados Unidos, Inglaterra e França, em si, não é novidade. Sob o governo de Obama, o imperialismo fez o mesmo. A diferença está em que ocorre em uma situação de crescente conflito dos Estados Unidos com a Rússia. Por baixo das ameaças verbais de uma possível guerra, avançam, de fato, as tendências bélicas. Israel está empenhado em expulsar as forças iranianas e o Hezbollah da Síria. Arábia Saudita instiga a derrubada de Al-Assad. A Turquia objetiva esmagar os curdos. Por cima de tudo, a coalizão imperialista intervém para romper a influência da Rússia sobre a Síria. De maneira que a crise que se desenvolve no Oriente Médio indica a possibilidade de uma guerra regional. Neste caso, a repercussão mundial é imponderável. O bombardeio limitado e admitido pela Rússia baixou a pressão do conflito. Mas potenciou a crise em toda a região.
Esse acontecimento é um lado da questão. O outro é o lançamento da guerra comercial pelos Estados Unidos. O rompimento total de Trump com a diretriz do multilateralismo do governo Obama expressa a urgência da maior potência de se impor pela força. Embora o protecionismo tenha sido editado como política geral, o certo é que está dirigido, principalmente, contra a China. Depois dos anúncios bilionários de taxações, os interesses de ambos os lados falaram mais alto e, também nesse caso, a temperatura abaixou. Mas deixou transparecer a persistência da crise de superprodução e os impasses do capital financeiro, monopolista, multinacional. Quer dizer que a retomada do crescimento mundial esbarra nos mesmos obstáculos que levaram à derrocada geral após a debacle nos Estados Unidos em 2008.
Há claras evidências da relação entre a guerra comercial e a rota de colisão militar que se desenvolve no Oriente Médio. Essa rota também se manifesta de forma embrionária na Ásia. O anúncio de que a Coreia do Norte está negociando o seu desarmamento tão somente indica que as condições para a intervenção norte-americana estiveram próximas. Nenhuma linha de pacificação, porém, evitará o avanço das tendências bélicas na região.
Na América Latina, o imperialismo tem de resolver o seu impasse com o regime chavista. A confirmar as eleições presidenciais e a manutenção de Maduro, os Estados Unidos lançarão uma ofensiva mais violenta. A reunião da “Cúpula das Américas” concluiu com a promessa de agir unitariamente contra o governo venezuelano. O imperialismo está, em certo sentido, tranquilo com o que se passa no seu quintal. O nacional-reformismo perdeu fôlego. A prisão de Lula e o enfraquecimento do PT fazem balançar definitivamente a balança política para a direita. Estando Brasil e Argentina alinhados com as manobras de Trump, tudo fica mais fácil para o imperialismo.
O fundamental para o capital financeiro está em que os governos alinhados estão impondo as reformas antinacionais e antipopulares. O nacional-reformismo se mostrou incapaz de defender a independência nacional e organizar a luta anti-imperialista. No Brasil, a ditadura civil de Temer, dentro de alguns meses, dirigirá as eleições presidenciais. Nos meses que faltam, faz o impossível para convencer as forças que participaram do golpe de Estado a apoiarem o plano de privatização e desnacionalização. Crescem as pressões do grande capital para desestatizar o sistema Eletrobras, entregar parte da Petrobras e concluir a negociata da Boeing com a Embraer.
O nacional-reformismo está concentrado em tirar Lula da cadeia e encontrar uma solução que evite um fracasso eleitoral. A esquerda centrista e revisionista não consegue se livrar do peso do petismo. Está voltada à corrida eleitoral. Na contracorrente dos acontecimentos, a vanguarda revolucionária está obrigada a manter no alto as reivindicações dos explorados e o programa da revolução proletária. Partindo da realidade do País, desenvolver o internacionalismo marxista-leninista-trotskista.