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30 abr 2018
30 de abril de 2018
O 1º de Maio do ano passado foi antecedido pela greve geral de 28 de abril. Os explorados se mostravam furiosos e dispostos à luta contra a ditadura civil de Temer e as reformas trabalhista e previdenciária, bem como contra a Lei da Terceirização. Destacou o fato da classe operária fabril se colocar pela greve nacional. A reivindicação de “Abaixo as reformas antinacionais e antipopulares do governo golpista” impulsionou a luta coletiva, grevista, o método da ação direta e a organização independente. No entanto, o 1º de Maio, realizado dois dias depois da greve geral, não expressou a unidade dos explorados contra o governo usurpador, o Congresso Nacional golpista e o plano Meirelles de ataque à maioria oprimida.
As condições para um 1º de Maio unificado, classista e de combate estavam dadas. As burocracias sindicais, porém, recorreram ao velho divisionismo. Em seguida, as maiores centrais passaram a desmantelar o movimento das massas. A Força Sindical, de um lado, correu a negociar com o governo a reforma trabalhista. A CUT, de outro, voltou-se às pressões parlamentares e à preparação para as eleições presidenciais em torno da candidatura de Lula. A desmobilização da classe operária e demais explorados permitiu a Temer e ao Congresso Nacional imporem a violenta reforma trabalhista e a Lei da Terceirização. Naquele momento, o Partido Operário Revolucionário levantou a bandeira de 1º de Maio unificado contra a ditadura civil de Temer e suas reformas.
Agora, a classe operária se encontra desmobilizada e golpeada pela implantação da reforma trabalhista e da terceirização. Suporta o brutal peso do desemprego e subemprego. A miséria e a pobreza avançam sem parar. Milhões de jovens estão fora da produção e da escola. A precarização do sistema público de saúde se agravou, chegando à barbárie. Essas condições potenciaram a violência urbana, que empurra principalmente a juventude ao precipício.
Não se pode, portanto, fechar os olhos para o fato das direções sindicais burocratizadas e estatizadas terem bloqueado e desviado o ascenso nacional grevista. Ao sobrepor a política de conciliação de classes à revolta dos explorados, permitiu-se a sobrevivência do governo golpista e a imposição das reformas antioperárias. Temos de ser claros: o desmonte a greve geral de abril e o 1º de Maio divisionista foram uma traição às necessidades e aos interesses da classe operária.
As mesmas forças que dividiram o 1º de Maio do ano passado, agora, ressaltam a unidade para libertar Lula da prisão. Não há um pingo de verdade quando dizem que se unificam em defesa dos direitos dos trabalhadores. Não há um pingo de verdade quando vinculam a libertação de Lula com as necessidades e as reivindicações da classe operária. Não há um pingo de verdade que, por meio de eleições e da candidatura de Lula, se está defendendo o fim das reformas antinacionais e antipopulares do governo Temer. E não há um pingo de verdade que sob os governos do PT os direitos dos trabalhadores foram plenamente assegurados e ampliados.
Está colocada, sem dúvida, a luta pela libertação de Lula e a garantia de seus direitos políticos. Trata-se da luta no campo da democracia política. A mesma que travamos contra o golpe de Estado e a ditadura civil de Temer. A mesma que confluiu com a resistência das massas às reformas antinacionais e antipopulares. Somente o proletariado, empunhando as reivindicações do conjunto dos explorados e combatendo, sob sua estratégia própria de poder, pode enfrentar a ofensiva antidemocrática e autoritária da burguesia nacional e do imperialismo. A prisão de Lula foi consequência dessa ofensiva, que o PT e aliados não foram capazes de derrotar, mesmo estando na direção do Estado. E não serão capazes, agora, de erguer um poderoso movimento, uma vez que mantêm a política de colaboração de classes, de subserviência à democracia burguesa e de canalização da revolta dos oprimidos para as promessas eleitorais.
O desmonte da greve geral do ano passado permitiu que setores da burguesia retomassem a arregimentação das camadas mais reacionárias da classe média. Sob a bandeira de fim da corrupção e pela prisão de Lula, serviram e servem de sustentação da ditadura civil de Temer e de sua política antinacional e antipopular. Boa parte da classe operária, por sua vez, foi arrastada pela campanha reacionária de que, finalmente, triunfavam as forças morais. Enquanto isso, avançava a implantação da reforma trabalhista e da terceirização. Enquanto isso, o desemprego e o subemprego continuavam a sacrificar a vida de milhões de família. Sem a resistência nacional dos explorados, a direita burguesa se fortaleceu e chegou ao objetivo de eliminar os direitos políticos de Lula, sem que houvesse uma revolta dos explorados.
Este 1º de Maio, certamente, ficará marcado pela bandeira de libertação de Lula. Mas também pela ausência do proletariado em luta contra a implantação das reformas de Temer, contra o desemprego, o subemprego, a fome e miséria. Ficará marcado pela ausência do proletariado em luta contra a ofensiva do imperialismo, as privatizações, o entreguismo e a desnacionalização.
Este 1º de Maio ficará marcado pela intervenção militar no Rio de Janeiro e pelo assassinato de Marielle e Anderson. Ficará marcado pela onda de assassinatos de lideranças camponesas, indígenas e sindicais. Ficará marcado pela intensificação da opressão policial e militar nas favelas do Rio de Janeiro e nos bairros operários dos grandes centros urbanos.
Os trabalhadores, a juventude e a vanguarda militante presentes no 1º de Maio devem levantar as bandeiras e as reivindicações que nos separam da burguesia, de sua política e de seus partidos. O que quer dizer rechaçar o eleitoralismo e a transformação da campanha pela libertação de Lula em instrumento eleitoral, que serve tão somente à dominação burguesa. O que significa rejeitar a política de colaboração de classes do PT, de aliados e da burocracia sindical. O que significa se colocar sob a bandeira de constituição de um Tribunal Popular para julgar os crimes da burguesia contra os explorados e o País. Somente o proletariado, de fato, com sua política de classe e com seus métodos revolucionários, pode julgar Lula.
A corrupção é inerente ao funcionamento do Estado, à vasta burocracia parasitária, ao vínculo necessário de todos os partidos da ordem com o poder econômico e ao financiamento empresarial de toda política burguesa. Era inevitável que o PT e seus governos, em particular o governo de Lula, reproduzissem a velha prática do poder oligárquico. Trata-se de uma lei da política, que é a expressão da economia concentrada. A classe operária e demais oprimidos rechaçam a corrupção, uma vez que é consequência da sociedade de classes e serve aos capitalistas. Não é possível moralizar a política burguesa e muito menos erradicar a corrupção nos marcos do capitalismo. A defesa de libertação de Lula e a garantia de seus direitos políticos têm um único objetivo para a política revolucionária: combater as tendências antidemocráticas e autoritárias que se potenciaram desde o golpe de Estado.
Este 1º de Maio, também, ocorre nas condições de agravamento da crise mundial. A superprodução e o agigantamento do parasitismo financeiro, que estiveram na base da crise aberta em 2008, não foram resolvidos. Não há mais como o imperialismo ocultar a guerra comercial sob a máscara dos acordos multilaterais e dos blocos econômicos. Os Estados Unidos estão obrigados a impor suas diretrizes à força. O recente bombardeio na Síria é um sintoma do recrudescimento da opressão nacional em toda parte. A guerra comercial traz em suas entranhas a escalada militar. No Brasil, as forças direitistas se manifestaram na forma do golpe de Estado, da militarização da política e dos violentos planos de ajuste e de desnacionalização. Em toda a América Latina, o nacional-reformismo se despedaça, ao mesmo tempo em que se levantam as tendências burguesas francamente pró-imperialistas.
A desintegração econômica e social do capitalismo potencia a barbárie. Em sua base, estão os milhões de desempregados e subempregados. As medidas capitalistas utilizadas pelos governos para enfrentarem o estreitamento dos mercados, o gigantesco excedente de capital financeiro e a tendência na queda da taxa de lucro atingem frontalmente a vida das massas e impulsionam a barbárie social.
O fundamental é que os explorados vêm respondendo aos ataques capitalistas com luta, em toda parte. No Brasil, o enfrentamento às medidas do governo Temer só não foi mais amplo e profundo devido à política conciliadora da burocracia sindical. O mesmo se passa em outros países, a exemplo da Argentina, Bolívia, França, etc.
A crise de direção é um reflexo da ausência dos partidos revolucionários ou de seu caráter embrionário. O que tem impossibilitado à classe operária entroncar sua revolta com o programa da revolução proletária. O que tem impossibilitado reconstruir o Partido Mundial da Revolução Socialista, a IV Internacional. A experiência com o nacional-reformismo – a exemplo do PT no Brasil – indica a profundidade da crise de direção. Essa variante do reformismo e do nacionalismo burguês se ergue como uma trava à independência de classe do proletariado e à construção de seu partido. É dever da vanguarda revolucionária levantar a bandeira de construção do partido marxista-leninista-trotskista e de reconstrução da IV Internacional.
Lutamos por um 1º de Maio proletário, revolucionário, socialista e internacionalista. O 1º de Maio foi uma criação da classe operária em luta contra seus algozes. Tornou-se o dia internacional dos explorados por decisão da II Internacional, quando ainda era revolucionária. A burguesia e seus agentes no movimento operário atuam sistematicamente para esvaziar seu caráter internacional e de luta de classes. Ao contrário, levantamos a bandeira do internacionalismo proletário e da unidade revolucionária dos oprimidos contra a burguesia e o capitalismo apodrecido. Levantamos a bandeira da revolução proletária, da expropriação dos capitalistas e transformação da propriedade privada dos meios de produção em propriedade socialista. E chamamos a vanguarda que combate pela independência de classe dos explorados a pôr em pé o Partido Mundial da Revolução Socialista.
Que o 1º de Maio sirva de instrumento de unificação dos explorados, sob a direção da classe operária!
Que o 1º de Maio rechace o eleitoralismo, que desvia o curso da luta direta das massas!
Que o 1º de Maio retome o caminho da greve geral contra a ditadura civil de Temer e as reformas antinacional e antipopular!