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19 maio 2018
20 de maio de 2018
A propaganda de Temer sobre os feitos de seu governo nestes dois anos se despedaçou com a retração do crescimento, a elevação do desemprego e a disparada do dólar. Ao lado, a Argentina declarou falência e seu governo recorreu ao Fundo Monetário Internacional. Também terá seu crescimento afetado com o brutal desequilíbrio cambial e com a disparada inflacionária.
A alta mundial do dólar atinge amplamente as economias semicoloniais endividadas. A perspectiva é que a virada na política norte-americana, sob a direção do republicano Donald Trump, provocará tremores mais intensos nas relações internacionais. Não é difícil que os Estados Unidos se envolvam num confronto bélico mais perigoso no Oriente Médio. É o que indica a ruptura do acordo com o Irã.
A América Latina, que ainda está convalescendo da recessão, não terá como cumprir as previsões de crescimento e baixa da taxa de desemprego. A rapidez como o governo Macri, que se apresentou como salvador dos argentinos, se deparou com a falência de suas medidas consideradas “gradualistas” reflete a gigantesca submissão do País ao capital financeiro e aos ditames do imperialismo.
O governo Temer e a horda de analistas a serviço da burguesia correram a explicar que o Brasil está mais sólido. Assim, o mercado de capitais tem a garantia de que a dívida pública é sustentável, que os ajustes caminham e que as reformas estão sendo aplicadas. A reforma da previdência será aprovada ainda neste governo ou no próximo. Com as alterações bilionárias no sistema de aposentadoria, o Tesouro Nacional se aliviará das pressões negativas provocadas pelo déficit público. Mas tal feito depende da luta de classes, não apenas nacional.
Ocorre que a virada na política mundial dos Estados Unidos está apenas começando. A guerra comercial terá de dar saltos à frente e trazer resultados para a potência que se acha em declínio. Crescerão as exigências para que o Brasil contribua com sacrifícios muito maiores. O imperialismo avalia que o País tem muito a dar. A limitação no comércio do aço e alumínio, bem como a entrega da Embraer a Boeing, é um sinal de que a metrópole tem poderio econômico para obrigar a burguesia brasileira a se curvar ainda mais.
A experiência revela que o entreguismo para obter o refinanciamento da dívida pública é limitado no tempo. O governo de Fernando Henrique Cardoso atendeu a esse ultimato. O endividamento voltou a se ampliar e se levantar como um poderoso obstáculo às forças produtivas nacionais. Luis Ignácio Lula da Silva, por sua vez, conseguiu manobrar nas condições de retomada do crescimento econômico, impulsionado mundialmente. Ao contrário, Dilma Rousseff não teve a mesma vantagem e afundou.
Os Estados Unidos e as demais potências não querem apenas que, com a reforma da previdência, as contas públicas obtenham algum fôlego. Querem que o Brasil ceda à guerra comercial e escancare seu mercado interno. A reforma trabalhista permite aos capitalistas, em particular às multinacionais, protegerem seus lucros, mas não responde às condições mundiais da crise de superprodução. A guerra comercial de Trump envolve a União Europeia, a China e Japão. Terá de ser descarregada pesadamente sobre as semicolônias.
Cabe ao proletariado responder à ofensiva do imperialismo e ao servilismo da burguesia nacional. O recrudescimento da opressão nacional se entrelaça com o recrudescimento da opressão de classe. Temer não apenas impõe as reformas antinacionais embasadas na entrega de ativos estatais e na ampla desnacionalização, mas também as reformas antipopulares que atingem diretamente a maioria oprimida. É fundamental responder de conjunto à opressão de classe e nacional. Somente o programa proletário pode organizar um movimento anti-imperialista e erguer as massas contra os ataques da burguesia nacional e de seu governo.
Nos próximos meses, imperará a disputa eleitoral. Trata-se de combater as pressões da burguesia e de seus lacaios no movimento operário e popular, propagandeando e agitando a bandeira da independência nacional e de defesa da vida dos explorados, sob a estratégia do governo operário e camponês.