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01 set 2018
1 de setembro de 2018
O mundo atravessa mais uma etapa de decomposição do capitalismo. A sua particularidade está em que não foi superada a crise de direção revolucionária. É necessário à vanguarda, que encarna o marxismo-leninismo-trotskismo, lutar com todas suas forças para elevar a consciência do proletariado sobre a necessidade de reconstruir o Partido Mundial da Revolução Socialista. A crise de direção, não apenas não foi resolvida, como se agravou. A devastação dos partidos comunistas, promovida pelo estalinismo, retrocedeu a um ponto inimaginável a organização da classe operária e permitiu que a burguesia erradicasse de seu seio o programa da revolução socialista.
Tomamos os 80 anos da fundação da IV Internacional como um marco da luta de Leon Trotsky para evitar que a degenerescência do partido bolchevique e do Estado Operário, que nasceu da revolução russa, bem como a degenerescência da III Internacional, ambas levaram à crise de direção mundial do proletariado, como a que hoje nos deparamos. A própria necessidade de fundar uma nova Internacional, quando o proletariado havia liderado a primeira revolução vitoriosa na Rússia, aberto o caminho para o nascimento dos partidos comunistas no mundo inteiro e edificado a III Internacional, já era expressão da crise de direção. Essa constatação se encontra nas primeiras linhas do Programa de Transição: “A situação política mundial, no seu conjunto, caracteriza-se, antes de mais nada, pela crise histórica de direção do proletariado”.
Estava claro para os fundadores da IV Internacional que havia grande probabilidade do triunfo de Stalin e seus partidários de levar à restauração capitalista e, portanto, destruir as conquistas da Revolução de Outubro. A IV Internacional se constituiu em condições tais que dificilmente evitaria o avanço do revisionismo estalinista, o impulso ao restauracionismo e o fortalecimento das tendências contrarrevolucionárias. Nisso residia a premissa de que a tarefa fundamental da situação era resolver a crise de direção.
Distintamente das demais Internacionais, a IV Internacional se ergueu em meio a uma poderosa contracorrente da história. Uma das forças motrizes dessa contracorrente era materializada nas pressões do imperialismo para retroceder o processo de transição do capitalismo ao socialismo, iniciado pela revolução proletária na Rússia. O estalinismo se formou e se consolidou potenciando essa contracorrente. A IV Internacional, por sua vez, se formou em contraposição à contracorrente restauracionista, na forma do Programa de Transição.
O assassinato de Trotsky, em 20 de agosto de 1940, dois anos após a fundação da IV Internacional, foi um acontecimento de grande importância para o enfraquecimento da luta mundial contra o estalinismo restauracionista e a ordem do pós-guerra determinada pelo imperialismo. A obstinação de Stalin por liquidar o movimento trotskista se converteu, finalmente, no objetivo de inviabilizar organizativamente a IV Internacional, no seu nascedouro. Trotsky encarnava as conquistas do proletariado russo, a constituição da III Internacional como Partido Mundial e a continuidade do leninismo. Não bastaram a sua expulsão da União Soviética, a sistemática perseguição política, a campanha de difamação, os fraudulentos processos de Moscou e o assassinato praticamente de toda direção bolchevique. Foi preciso acabar com a vida de Trotsky, de maneira vil e covarde. Três anos depois da ausência de Trotsky, Stalin e seus asseclas dissolveram a III Internacional. O que evidenciou o abismo da crise de direção.
Não houve tempo para a IV Internacional consolidar uma direção à altura das grandes tarefas colocadas no pós-guerra. A contracorrente restauracionista levou-a ao naufrágio. A direção sucumbiu ao fortalecimento circunstancial do aparato estalinista. Germinou em seu interior o revisionismo. Passou a considerar a burocracia estalinista como um elo inevitável no processo de transição do capitalismo ao comunismo. De forma que teria um lugar progressivo, uma vez que inevitavelmente se chocaria com o imperialismo. A tarefa dos trotskistas já não era a de construir os partidos revolucionários e potenciar a IV Internacional, mas sim ingressar nos partidos comunistas estalinizados e agir no seu interior como sua ala esquerda. Já não se travava de lutar contra o socialismo nacional, que se amparava na tese revisionista do “socialismo em um só país”, mas sim a de se alinhar à burocracia estalinista, que supostamente enfrentaria os ataques do imperialismo à União Soviética. O revisionismo no seio da IV Internacional criava um estalinismo que não existia. Substituía a luta de classes do proletariado mundial contra o capitalismo e em defesa das conquistas da revolução russa pelo pressuposto subjetivo da guerra entre imperialismo e estalinismo. A partir de 1952, abriu-se o processo de divisão e fragmentação da IV Internacional, que incentivará a revisão do Programa de Transição.
Hoje, as inúmeras correntes que surgiram dessa diáspora reproduzem diversas formas do centrismo. Adaptaram-se, em grande medida, à democracia burguesa e aos aparatos sindicais. Abandonaram, de fato, a IV Internacional. Já não existe para essas correntes o perigo do estalinismo. Já não tem importância o processo de restauração capitalista, uma vez que estaria concluído. Volta e meia, algumas delas referem-se à constituição de uma Internacional dos Trabalhadores, ou à refundação da IV Internacional. Não podem compreender que fizeram parte do revisionismo, ou foram incapazes de combatê-lo. Não veem sua responsabilidade diante da quebra organizativa da IV Internacional. O motivo dessa cegueira está em que não assimilaram a luta de Trotsky contra as forças restauracionistas e não compreenderam o Programa de Transição. Em outras palavras, não se orientaram a desenvolver o partido revolucionário no seio do proletariado e se apegaram a uma das frações esquerdizante da pequena burguesia.
Diante dos 80 anos da IV Internacional, o POR, como seção do Comitê de Enlace, reafirma o objetivo de reconstruir o Partido Mundial da Revolução Socialista.
Viva a IV Internacional!