-
05 mar 2019
5 de março de 2019
Bolsonaro está em choque com os explorados. Dois meses apenas da posse foram suficientes para que o governo mostrasse sua ferocidade. A imensa maioria da população recebeu, horrorizada, o projeto de reforma da Previdência. É visível seu conteúdo capitalista anti-operário e antipopular.
Os assalariados, principalmente, veem pela frente um grande desastre. Mesmo os milhares que estão para se aposentar são atingidos pelas novas regras. Bolsonaro-Guedes não pouparam nem mesmo os milhões que não conseguem se aposentar, e têm de ser assistidos na velhice, para não morrerem de fome. Guedes teve a petulância de apresentar o sentido geral da reforma, que deve culminar com o fim do sistema previdenciário, e com a sua substituição por um fundo individual gerenciado pelos bancos.
Nenhum dos governos anteriores assumiu tamanha incumbência ditada pelo capital financeiro, pelos credores da dívida pública, pelo conjunto dos exploradores e pelo imperialismo. Está aí por que Bolsonaro se pôs, imediatamente, em choque com a maioria oprimida.
É preciso ter claro em que condições econômicas e sociais o novo governo arranca a máscara eleitoral de salvador da pátria e mostra a face de salvador dos capitalistas. Permanecem as altas taxas de desemprego e subemprego, geradas na recessão de 2015 e 2016. Aparecem mais claramente as nefastas consequências da reforma da Previdência e da lei da terceirização. Potenciou-se a instabilidade da vida dos assalariados, com milhões sendo empurrados para a informalidade ou sujeitados aos precários contratos de terceirizados. Aumentou a pressão das multinacionais para que os sindicatos aceitem a redução salarial, a extinção ou diminuição de direitos trabalhistas e as alterações na jornada de trabalho. É o que acabou de ocorrer na GM de São José dos Campos. Está em andamento uma onda crescente de demissão e recontratação de terceirizados. O anúncio da Ford de fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo é o sintoma mais agudo da crise capitalista que recai sobre os assalariados.
A propriedade privada dos meios de produção e o capital financeiro parasitário se voltam contra as forças produtivas, que vão se desintegrando na forma de redução de postos de trabalho, de demissões, de desemprego elevado, de subemprego crônico, de miséria crescente das massas e de mutilação de parte significativa da força de trabalho. A burguesia, ao invés de pôr em marcha as reformas progressivas de proteção aos empregos e salários e, portanto, de preservação e potenciação da força de trabalho, põe em marcha contrarreformas. Rompe as antigas relações de trabalho, que lhe serviram para explorar as massas, acumular capital e expandir a indústria no Sudeste, e as substitui por relações inferiores, retrógradas e desindustrializantes.
A reforma da Previdência completa o plano burguês das contrarreformas. Certamente, não pára por aí. A mente inventiva de Guedes e da horda de burocratas a serviço da burguesia prevê agravar ainda mais a reforma trabalhista.
Não há que lamentar ou temer como fazem os reformistas e a legião de sindicalistas serviçais. Não há que procurar soluções negociadas. Não há que confiar no Congresso Nacional. Há que compreender, explicar aos explorados os reais motivos, agitar as bandeiras proletárias e organizar o movimento das massas contra os ataques da burguesia e de seu governo. Há que confiar em nossas próprias forças. Há que combater nossos inimigos em todos os flancos, inclusive naqueles em que os vendidos ao capital se fazem de amigos, com a política de independência de classe, com nossas próprias reivindicações e com nossa própria estratégia de poder, que é a da luta por um governo operário e camponês.
É preciso aproveitar a crescente desconfiança dos explorados no governo ditatorial, militarista e fascistizante. É preciso fermentar a revolta latente nas fábricas, nos bairros populares, nas ruas, nos transportes, nas escolas e em toda a parte. É preciso apoiar imediatamente a greve dos municipais. É preciso defender os empregos na Ford mobilizando a classe operária como um todo, e exigindo que o sindicato organize a ocupação de fábrica. As condições políticas pendem a favor dos explorados. Bolsonaro chefia um governo em crise, que vai aprofundar. Não há tempo a perder com negociatas. Os trabalhadores esperam uma ação mais firme das direções para marchar contra o governo antinacional e antipopular. Esperam a palavra de ordem de greve geral, para pôr abaixo a reforma de Bolsonaro-Guedes e quebrar a implantação da reforma trabalhista de Temer-Meirelles.