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10 jun 2019
9 de junho de 2019 – Editorial Massas 588
A greve geral de 14 de junho será o termômetro da relação de força entre a burguesia e o proletariado. Caso se confirme a tendência de luta na forma concreta do movimento de massa pela derrubada da reforma da Previdência, a classe operária passa a ter a iniciativa.
As manifestações de 15 e 30 de maio se circunscreveram a camadas da pequena-burguesia oprimida. A greve geral muda, qualitativamente, o embate com o governo antinacional e antipopular. A paralisação da produção e dos transportes urbanos, principalmente, aumentará a força do movimento. Ampliará a luta iniciada com a greve nacional dos professores, seguida das manifestações estudantis.
A movimentação do proletariado indicará à burguesia, ao governo e ao Congresso Nacional que estão diante da ampliação e aprofundamento da luta de classes. Uma greve geral que paralise as atividades econômicas e lance as massas às ruas ultrapassa as lutas corporativas-sindicais. Projeta-se como um movimento político dos explorados em defesa de suas vidas, e contra as medidas que aumentam a exploração capitalista do trabalho.
Apenas um dia de paralisação do País, certamente, não derrota o governo e o Congresso Nacional. No entanto, desfere um duro golpe em sua confiança e prepotência, bem como nas forças políticas que o sustentam. Abre caminho para a greve geral de maior duração e para a de tempo indeterminado. Essa possibilidade depende não apenas da disposição de luta da maioria explorada, mas também da direção do movimento, e da reação do governo.
Sabemos que a unificação das centrais, em princípio, não é sólida. O governo também usa essa avaliação. A posição classista e revolucionária luta para que a unidade dos explorados se sobreponha às fraquezas de sua direção burocrática, adaptada ao capitalismo. O governo espera que a greve geral não seja tão potente, e que se esgote em si mesma. A firmeza e coesão do movimento indicarão que não se limitará ao dia 14 de junho, que voltará à carga. Indicarão que a sua direção não tem como desativar o ímpeto das massas.
Caso contrário, o governo e o Congresso Nacional avançarão a votação do projeto de reforma. Em certa medida, esse processo se passou com a greve geral de 28 de abril de 2017, e a aprovação tranquila da reforma trabalhista. As centrais romperam a unidade, desativaram o movimento, e frearam o impulso da luta do proletariado. Uma fração passou a negociar com o governo, a outra se acomodou na passividade.
Vemos que o descontentamento com o governo, que mal iniciou a sua governabilidade, é grande. Há, porém, uma importante força política no seio dos explorados, que trabalha para amortecer a revolta: as igrejas evangélicas reforçam a propaganda burguesa, fartamente promovida nos meios de comunicação, de que a reforma da Previdência é necessária. Sobre o movimento, por sua vez, há uma fração da direção sindical e partidária que trabalha pela alteração do projeto de Bolsonaro/Guedes. Está com um pé no movimento, e com outro no Congresso Nacional. Prevalece na direção unitária a posição de que “uma reforma da Previdência é necessária”.
A oposição parlamentar, PT, PDT, PSB, PCdoB e PSOL, apresentaram emendas. Reforçam, assim, a posição burguesa de que o objetivo não é o de derrubar a reforma da Previdência, mas “desidratá-la”, ou substituí-la por um projeto alternativo. Essa é uma posição derrotista. O derrotismo tem por pressuposto que os explorados não podem ou não devem ultrapassar os limites da democracia burguesa. A greve geral objetivaria, assim, apenas levar os parlamentares a modificarem a reforma, de maneira a torná-la menos violenta.
Faz parte dessa linha derrotista, o objetivo de apenas desgastar o governo de Bolsonaro aos olhos da população, reconstituir a oposição nacional-reformista, e se potenciar como alternativa eleitoral. A oposição burguesa, em geral, já se prepara para as eleições municipais do próximo ano. Uma ala da esquerda se arrasta por trás dessa linha, procurando implantar no movimento as bandeiras oposicionistas de “Fora Bolsonaro, eleições gerais, “Lula livre e democracia”.
A vanguarda classista, ainda que limitadamente, devido a suas forças, tem travado um combate no interior da frente única para que a classe operária encarne o objetivo de derrubar e enterrar a reforma da Previdência. Uma poderosa greve geral no dia 14 fortalecerá a bandeira de “Abaixo a Reforma da Previdência de Bolsonaro/Guedes”. A estratégia que guia essa posição é a da luta por um governo operário e camponês, produto da revolução proletária.