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04 fev 2020
Greve nacional dos petroleiros
Acabar com a política de privatização de Bolsonaro
4 de fevereiro de 2020
A greve iniciada no dia 1o de fevereiro saiu em defesa do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e contra o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR). Indica que a ofensiva privatizante e entreguista de Bolsonaro-Guedes-Castello Branco se agudiza. O plano de venda em partes da Petrobrás, fechamento de fábricas e leilões do pré-sal está sendo posto em prática pelo governo antinacional e antipopular.
Desde o governo de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, a burguesia e o imperialismo vem conseguindo, gradativamente, impor a privatização e a desnacionalização dos recursos petrolíferos e da Petrobrás. Os monopólios e o capital financeiro necessitam apropriar-se desse ramo estratégico para a economia mundial. Os interesses do imperialismo são tão cruciais que os Estados Unidos tornaram o Oriente Médio em arena de guerra permanente. E mantêm um brutal cerco econômico e político em torno da Venezuela.
A burguesia brasileira e seu governo cedem ao imperialismo sem resistência. Nem mesmo o governo do PT, que havia se erguido empunhando a bandeira da soberania nacional, foi capaz de resistir.
Ninguém desconhece que as fontes de energia e a indústria que as transforma são estratégicas para as potências, tendo à frente o imperialismo norte-americano. Uma das condições da real soberania está em nacionalizar ou manter nacionalizadas essas fontes, sua industrialização e distribuição.
O nacionalismo burguês chegou a dar um passo nesse sentido com a criação da Petrobrás, mas não foi capaz de ir adiante. Não teve como sustentar a nacionalização do petróleo, dando lugar a uma reversão, que coube aos governos democratizantes pós-ditadura militar iniciá-la com o plano de Fernando Henrique Cardoso de romper o monopólio da Petrobrás sobre os recursos petrolíferos e a industrialização.
É importante lembrar a greve dos petroleiros de 1995, iniciada em 3 de maio e suspensa pela FUP em 2 de junho. Na ocasião, Lula se projetava como candidato do PT, e influenciou para que a direção da FUP pusesse fim ao movimento. A greve petroleira de 1995 foi um marco da luta contra as privatizações e desnacionalizações. Por isso, incorporou os trabalhadores eletricitários, da telefonia e correios.
O sistema nacional de telefonia foi inteiramente entregue aos monopólios privados, a Eletrobrás está na lista das privatizações do atual governo, bem como os correios. É importante ter claro que a greve dos petroleiros contra as medidas de Bolsonaro-Guedes- Castello Branco está amparada na histórica resistência dos anos noventa.
O processo de privatização e desnacionalização se encontra em um estágio muito avançado. O que indica que as direções sindicais, a maior parte delas vinculada ao PT e aliados, como o PCdoB, têm grande responsabilidade, por se acomodarem aos governos desnacionalizantes.
A pressão dos acontecimentos exigiu que a FUP convocasse a greve, sendo seguida pela FNP. O movimento está diante de um governo francamente pró-imperialista, disposto a ir às últimas consequências para consagrar seu plano de privatização. Está colocada para as duas federações e para as centrais sindicais uma ação mais ampla, que não se restrinja aos petroleiros. Como em 1995, também os eletricitários e os correios estão com a corda no pescoço. Já no início da greve, está colocado um chamado aos eletricitários e correios a fortalecerem a greve.
A ampliação do movimento se refletirá em toda a classe operária, que está farta das reformas trabalhista e da Previdência. Os sindicatos metalúrgicos devem convocar as assembleias, tendo por objetivo se levantar contra o desemprego, as demissões e a implantação das contrarreformas de Temer-Bolsonaro. Se os metalúrgicos se mobilizarem, abrirá caminhho para os demais sindicatos.
A privatização da Petrobrás é um problema de todos os trabalhadores. Os sindicatos e movimentos têm o dever de iniciar imediatamente uma campanha de apoio ativo. O mais forte e consistente apoio é aquele que também levanta as reivindicações gerais dos explorados.
Derrotar a ofensiva de Bolsonaro-Guedes- Casttelo, significa acabar com o governo pró-imperialista.
Os petroleiros iniciam um combate duro pela sobrevivência de suas fontes de trabalho e pela defesa da economia nacional. O fechamento da Fafen-PR resultará em mil postos de trabalho fechados. É necessário também lembrar do recente fechamento da planta da Ford em São Bernardo do Campo. A burocracia sindical se negou a ocupar a fábrica e a mobilizar o conjunto dos metalúrgico. Essa traição custou muito caro ao movimento operário como um todo.
Neste momento, os petroleiros reagem ao fechamento da Fafen-PR e à quebra do acordo trabalhista. Está claro que a precarização das condições de trabalho é parte das contrarreformas de Temer-Bolsonaro.
A FUP e FNP não podem se manter separadas. A luta exige uma frente única de combate. Que estabeleçam, então, um plano de mobilização nacional, baseada em assembleias e comitês de base. Que façam um chamado conjunto a todos os sindicatos e movimentos para que apoiem ativamente a greve dos petroleiros. É preciso ganhar as ruas. Assim, a greve se fortalecerá.
As bandeiras de fim das privatizações e reestatização sem indenização, sem dúvida, podem dar um norte geral no enfrentamento com o governo entreguista. A unificação dos explorados em torno à greve dos petroleiros é condição para recuperar os postos de trabalho da Fafen-PR, impor o cumprimento da acordo, interromper as privatizações e erguer uma frente única anti-imperialista.
Todo apoio à greve dos petroleiros!
Abaixo o plano antinacional e anti-operário de Bolsonaro-Guedes.