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28 abr 2021
Declaração do Comitê de Enlace pela Reconstrução da IV Internacional
Por um 1º de Maio Operário, Socialista e Internacionalista
27 de abril de 2021
As massas vivem uma tragédia. A barbárie social, que já dura anos, foi agravada pela pandemia, e se espalhou por todo o mundo.
Diante de nossos olhos, vem ocorrendo uma enorme destruição das forças produtivas, principalmente da força de trabalho, seu componente fundamental. Essa destruição é apresentada como a única forma de a burguesia e do imperialismo manterem a economia capitalista em crise.
Todos os governos do mundo foram obrigados a tomar medidas extraordinárias, para enfrentar a crise econômica e sanitária. Todas estas medidas foram planejadas de maneira a afetar o menos possível os interesses da classe dominante, dos grandes empresários e latifundiários, das multinacionais imperialistas, que, pelo contrário, encontraram, nesta crise, uma oportunidade para resolver os seus problemas de superprodução, e diminuir seus custos, livrando-se do peso dos encargos sociais, fechando fontes de trabalho, cortando salários e benefícios, sem ter de enfrentar a resistência organizada dos trabalhadores, confinados em suas casas, ou anulados pela ação traidora e colaboracionista da burocracia sindical. Essas medidas acabam descarregando o peso da crise sobre a classe operária, demais trabalhadores e suas famílias. A destruição da família operária é parte da destruição das forças produtivas, como consequência das respostas da burguesia à crise. A pior parte da crise da saúde foi paga pela maioria oprimida do planeta. Testemunhando que, em uma sociedade em decadência, como o capitalismo em sua fase imperialista, qualquer crise de qualquer magnitude tem como resultado acentuar os níveis de barbárie e a desintegração social.
Em meio à maior tragédia desde a Segunda Guerra Mundial, é que emerge a crise da direção revolucionária do proletariado internacional. Não tendo como responder à incapacidade da burguesia de proteger a maioria oprimida, e ao capitalismo em decomposição, as massas ficaram sujeitas ao poder econômico e aos governantes, que sobrepuseram e sobrepõem seus interesses de exploradores às necessidades mais elementares dos explorados. As direções sindicais e políticas com que o proletariado poderia contar se mostraram profundamente adaptadas ao capitalismo, e subservientes à burguesia e aos governantes, que não iriam utilizar os vastos recursos econômicos e científicos para proteger as massas, principalmente os pobres e miseráveis.
O próximo 1º de Maio ficará marcado pela traição de suas direções, no momento mais difícil e necessário, em que as forças organizadas da classe operária e demais trabalhadores deveriam estar em combate por suas necessidades, e por sua própria estratégia de poder.
O Comitê de Enlace pela Reconstrução da IV Internacional vem, perante os explorados e sua vanguarda com consciência de classe, defender um 1º de Mario, presencial, operário, socialista e internacionalista. Rejeita substituir a luta direta nas ruas por imposturas virtuais. Que o dia 1º de Maio sirva para dar pelo menos um passo na recuperação das forças organizadas da classe operária, diante da burguesia parasitária e bárbara.
É fundamental assinalar que a guerra comercial entre as principais potências, que tende a se transformar em guerra bélica, não só não cedeu com a pandemia, mas também adotou as formas mais sinistras, utilizando todo o poder econômico e o peso dos principais laboratórios farmacêuticos para monopolizar as vacinas, para aumentar os lucros, e para impor condições econômicas e políticas aos países. Isso para as semicolônias e, inclusive, para outros países imperialistas. Em vez de cooperar para enfrentar os contágios e as mortes, utilizando-se de todo o desenvolvimento tecnológico e científico, o imperialismo se vale das vacinas como arma de guerra, mostrando até onde chega a sua decomposição.
Em meio à pandemia, a principal potência imperialista, com milhares de mortos, com uma queda brusca de sua economia, aumentou sua produção de armamentos. A restauração capitalista nos Estados operários deu oxigênio ao capitalismo esgotado, mas já não é mais suficiente, diante da repartição do mundo realizada depois da Segunda Guerra Mundial. Tudo está em crise, em disputa entre as principais potências, que avançam com seus preparativos bélicos. A crise de superprodução não pode ser atenuada, nem pode deter a tendência de queda da taxa de lucro capitalista.
A crise sanitária, com mais de 3 milhões de mortos no mundo, com situações de horror e desespero, que se repetem por toda parte, expôs a destruição dos sistemas públicos de saúde, o avanço da privatização, a falta de proteção sanitária da maioria da população, com carências vitais. Um ano de pandemia não serviu sequer para se melhorarem as condições de prevenção e atendimento. A chamada segunda onda, mais virulenta que a anterior, mostrou que os governos não poderiam aplicar os ensinamentos deixados em 2020.
Os governos mostram que são incapazes de proteger a vida da maioria oprimida. Queriam que acreditássemos que, com a sua política de isolamento social, que, com “fiquemos em casa”, se poderia deter a pandemia. As ajudas dos governos se destinam mais a socorrer as empresas e aos lucros dos empresários que aos oprimidos, oferecendo migalhas que não lhes permitem sobreviver.
Insistimos, portanto, que é criminosa a traição das direções burocráticas dos sindicatos e centrais sindicais, que abandonaram os trabalhadores, que se submeteram às políticas dos governos – sem lutar, sem resistir–, e condenando os que saíram à luta. Os governos nacional-reformistas foram incapazes de tomar as medidas de defesa da saúde da maioria.
Nessa situação, as massas resistem, movidas pelo agravamento das condições de vida e de trabalho, apesar de todas as restrições e bloqueios. Em todos os lugares, aparece claramente a necessidade de resolver a crise da direção revolucionária, a tarefa de construir o partido da classe operária, que encarne a estratégia do poder operário e camponês, a ditadura do proletariado, a revolução social, que expresse a rebelião das massas diante de uma situação insuportável – a pior das últimas décadas. Do contrário, todo o peso do colapso capitalista continuará caindo sobre nossos ombros.
Por isso, é tão importante a luta pela independência política da classe operária diante dos governos e das instituições do Estado, bem como dos partidos patronais. É vital! É preciso romper com a política de conciliação de classes. Afirmamos: não será por meio de eleições, nem de leis ou constituintes, que a sociedade poderá se transformar, não será por esse caminho que poderemos acabar com o capitalismo em decomposição. Não existem caminhos alternativos.
É urgente lutar por um plano de emergência para acabar com o desemprego, demissões, fechamentos de empresas; para recuperar salários; para pôr fim a todas as formas de trabalho precário. Defender as conquistas trabalhistas, erradicar a miséria, a pobreza e a fome. Não pagar a dívida pública, eliminar o parasitismo financeiro, nacionalizando o sistema bancário. Acabar com a pilhagem de nossa riqueza. Assumir a defesa da saúde pública com nossas próprias mãos – a burguesia em todo o mundo mostrou-se incapaz de enfrentar a pandemia, utilizando de todos os recursos materiais, científicos e humanos.
Estamos, dramaticamente, diante da necessidade de reconstruir a direção internacional da classe operária, sobre a base do balanço das derrotas e traições, da liquidação da III Internacional pelo estalinismo, e da desintegração da IV Internacional pelas mãos dos revisionistas.
As condições para essa tarefa vêm melhorando, já que se tornaram mais visíveis a direitização das correntes nacional-reformistas, a integração do estalinismo em suas fileiras, e também o abandono por parte da maioria das correntes centristas de seus vínculos com a classe operária.
É necessário que a vanguarda tome consciência de que é possível frear a catástrofe que se abate sobre as massas. Que confie na organização dos explorados e nos seus próprios métodos de luta. Que abandone todas as ilusões legalistas.
O capitalismo em decomposição deve ser derrubado, para evitar uma maior degradação da humanidade. Esse capitalismo não pode ser reformado, aprimorado ou humanizado. Para reconstruir a sociedade sobre novas bases, devemos acabar com a grande propriedade capitalista, os monopólios, o parasitismo, a fim de desenvolver as forças produtivas, e começar a resolver os problemas urgentes da maioria.
A lição da história é que a sobrevivência do capitalismo é sinônimo de barbárie, em todas as suas formas, e a tendência é agravar as condições de vida e de trabalho; recrudescer as guerras e as migrações. Somente o socialismo é a alternativa, diante da catástrofe que vivemos, não há outra! Somente a classe operária, com seu programa e sua estratégia, encarna a saída revolucionária à crise da humanidade.
Viva a luta da classe operária e dos oprimidos em todo o mundo!
É hora de varrer com a podridão capitalista!
Socialismo ou barbárie capitalista!