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16 out 2021
Viva os 104 anos da Revolução Russa!
Um século depois, e o capitalismo se desintegra e mergulha a humanidade na barbárie
Massas 649, editorial 17 de outubro de 2021
Lênin, no quarto aniversário da Revolução de Outubro de 1917, previu que, se a revolução em escala internacional não avançasse, uma nova guerra viria, e seria ainda mais destrutiva e sangrenta. Dezoito anos depois, a Segunda Guerra voltou a assombrar a Europa, e projetou-se mundialmente. Desta vez, a guerra imperialista esteve envolta pela política e ideologia do fascismo. Na Primeira Guerra, estimam-se mais de 10 milhões de mortos. Até hoje, o número de mortos na Segunda Guerra é controverso, tamanha a atrocidade e as particularidades da matança. A contagem mais convincente é de 75 a 85 milhões de mortos; civis, 50 a 55 milhões; soldados, 21 a 25 milhões. Mais da metade das mortes se deu na República da China e na União Soviética. Especialmente na Polônia, foram mortos entre 1,8 a 1,9 milhão de não judeus, e 3 milhões de judeus. Calcula-se que os assassinatos de judeus, ciganos, outras nacionalidades, deficientes, opositores políticos, pelos nazistas, atingiram entre 11 a 17 milhões. Somente no campo de Auschwitz, foram executados 1,100 milhão de judeus, no total de cerca 6 milhões. A prática do genocídio compôs o quadro assombroso da Segunda Guerra. O teste da bomba atômica, no Japão, pelos Estados Unidos, praticamente dizimou Hiroshima e Nagasaki. A guerra já estava vencida pela aliança norte-americana, quando, em 6 e 9 de agosto de 1945, o governo Harry Truman aproveitou para mostrar o poderio da bomba atômica.
A fase última do capitalismo imperialista é de desintegração, de guerras, revoluções e contrarrevoluções. Essa caracterização histórica conserva seus fundamentos e sua vigência. A Segunda Guerra Mundial reorganizou as forças do imperialismo, realizando uma nova partilha do mundo, e preparou o caminho para a derrocada da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). A crise econômica dos anos de 1930, o fortalecimento do nazifascismo, o esgotamento da partilha do mundo, aprovada pelo Tratado de Versalhes, e a nova ofensiva militar da Alemanha seriam um teste ao governo de Stalin, às conquistas da revolução e à III Internacional.
A política de Stalin se encontrava em franco processo de revisão das teses leninistas sobre a dependência da Revolução de Outubro do avanço da revolução mundial, do desenvolvimento das formas socialistas de produção, e da III Internacional se firmar como partido mundial centralizado pelo programa dos seus Primeiros Quatro Congressos. Os erros cometidos, logo no início da conflagração, com o Pacto Germano-Soviético, indicaram que Stalin não tinha como seguir os fundamentos leninistas da guerra imperialista, e de sua transformação em guerra civil revolucionária. Não vinha preparando a URSS para uma nova guerra, como Lênin havia previsto, principalmente desde o momento em que Hitler chegou ao poder, em 1933.
A III Internacional, sob o comando estalinista, mergulhou fundo no revisionismo. Desorientou a luta dos partidos comunistas no mundo, principalmente na Alemanha, com a bandeira de defesa da democracia contra o fascismo, como se fossem na essência opostos, como se o fascismo não tivesse sido gestado nas entranhas da democracia burguesa em decomposição. Essa linha foi a forma de se desviar da tarefa de organizar a luta da classe operária, com seu programa próprio, para a guerra imperialista, e se preparar a guerra civil. O heroísmo da URSS foi decisivo para a vitória na batalha de Stalingrado, em um combate sangrento, de junho de 1942 a fevereiro de 1943, e para a finalização da guerra. Esse lugar nos confrontos projetou a URSS, como aliada dos Estados Unidos e da Inglaterra. No Acordo de Potsdam, em meados 1945, confirmou a nova partilha do mundo. Poucos dias depois do seu encerramento, com o conhecimento dos aliados, os Estados Unidos despejariam as bombas atômicas sobre o Japão, que, apesar de derrotado, se negou a aceitar o acordo de encerramento da guerra.
Como parte da política de aliança com o imperialismo, Stalin ordenou a extinção da III Internacional, em maio de 1943. A ilusão de que a participação na partilha representava o avanço do comunismo não demorou a se esgotar, com a impotência do estalinismo diante da ascensão do imperialismo norte-americano e da “guerra fria”. O desmoronamento da URSS nos anos de 1990, sob a brutal pressão do restauracionismo, expressa o resultado histórico do abandono do leninismo, e do revisionismo contrarrevolucionário. Os retrocessos nas conquistas mundiais do proletariado abriram caminho para as contrarreformas em todo o mundo.
Há 104 anos da Revolução Russa, o capitalismo sobrevive, à custa da pobreza, miséria e fome das massas; à custa do recrudescimento da opressão nacional; à custa de intervencionismos militares e de guerras regionais. A reconstrução do pós-guerra há muito se esgotou. As forças produtivas voltaram a se chocar com as relações capitalistas de produção, precipitando crise sobre crise econômica, que recaem sobre os explorados, na forma de desemprego, subemprego, baixos salários, miséria e fome. A crise sanitária, que se precipitou em todo o mundo, com milhões de mortos, expôs a profundidade da desintegração do capitalismo, a incapacidade da burguesia de proteger os oprimidos, e o criminoso controle monopolista da vacina. Tudo indica que o próximo período será de avanço das conflagrações militares, impulsionadas pelo esgotamento da partilha do mundo e pela guerra comercial.
Os 104 anos devem ser compreendidos à luz da restauração capitalista, e da destruição das conquistas mundiais do proletariado, portanto, à luz da crise mundial de direção. Compreendido, sobretudo, à luz da desintegração do capitalismo, e da necessidade histórica da revolução mundial. Os ensinamentos da Revolução Russa, da degeneração estalinista; da resistência da Oposição de Esquerda, liderada por Trotsky; do processo de restauração capitalista e do revisionismo, que estilhaçou a IV Internacional; de conjunto, esses ensinamentos estão na base da luta da vanguarda com consciência de classe para construir os partidos revolucionários, reerguer o Partido Mundial da Revolução Socialista, e solucionar a crise mundial de direção
Nossa comemoração dos 104 anos da Revolução Russa se assenta no objetivo de derrubar o capitalismo pela revolução proletária, e construir a sociedade comunista!