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07 mar 2022
Manifesto do Partido Operário Revolucionário
Dia Internacional da Mulher
As mulheres oprimidas devem se levantar contra a guerra na Ucrânia, sob a política do proletariado
Este 8 de Março – Dia Internacional da Mulher – está diante de uma crise mundial sem precedentes, após a Segunda Guerra. Suas nefastas consequências já estão recaindo sobre os explorados em toda a parte. Em particular, sacrificando o povo ucraniano, que se vê indefeso diante do choque entre o imperialismo, chefiado pelos Estados Unidos, e a Rússia restauracionista, opressora das nacionalidades.
Está claro, pelos acontecimentos, que os Estados Unidos e as potências europeias, ao não aceitarem o pleito da Rússia, de não vincularem a Ucrânia à OTAN, precipitaram a guerra. A justificativa da Rússia, de que não podia aceitar passivamente o cerco militar, promovido pelos Estados Unidos, por meio da OTAN, é concreta.
A campanha do imperialismo, para ocultar a origem e o desenvolvimento do confronto, tem de ser desmascarada. No entanto, a via da autodefesa russa, de desencadear a guerra na Ucrânia e submetê-la militarmente, tem como resultado o recrudescimento da opressão nacional a uma das ex-repúblicas soviéticas. Essa contradição vem sendo utilizada, tanto por Biden, quanto por Putin, para confundir e dividir a população mundial. É o que explica a divisão nas esquerdas, entre apoiar ou condenar a invasão da Ucrânia.
É possível ter uma causa justa, e defendê-la por meios e métodos não justos? Sim, é possível! Mas, no caso, é preciso identificar o conteúdo de classe do conflito e da guerra. De um lado, a desorganização e o desarme programático da classe operária na Rússia, Ucrânia, nas ex-repúblicas soviéticas e ex-repúblicas populares do Leste Europeu – principalmente depois da Segunda Guerra Mundial – impossibilitaram às massas de reagirem às forças contrarrevolucionárias alimentadas pelos Estados Unidos, à expansão da OTAN impulsionada pela “Guerra Fria”, e à estratégia do imperialismo de impor a restauração capitalista plena à Rússia e às suas 15 repúblicas soviéticas. E, de outro lado, as impossibilitaram de combater a opressão nacional que se restabeleceu ainda sob a URSS burocratizada e restauracionista, e pelo real direito à autodeterminação.
Está claríssimo que a guerra na Ucrânia expressa a necessidade de os Estados Unidos imporem a submissão semicolonial à Rússia; e a necessidade de a Rússia manter sua independência, na condição de potência regional, oprimindo as inúmeras nacionalidades. Essa é uma contradição que se origina das relações capitalistas de produção, da dominação de classe e da opressão nacional. Nenhum Estado que se baseia nessas relações pode expressar as necessidades dos explorados e das nações subjugadas. Eis por que a classe operária e a vanguarda combatente não podem se submeter e se guiar por tal contradição, com pena de no final das contas fortalecerem o imperialismo ocidental.
Somente a classe operária organizada, munida de seu programa de transformação revolucionária do capitalismo em socialismo, apoiada em seus próprios organismos de luta, mobilizada e unida poderia e pode quebrar a espinha dorsal do imperialismo na Europa, desmantelar a OTAN e acabar com as bases militares norte-americanas. O que lhe permitiria e permite pôr abaixo a oligarquia russa restauracionista, condição para se retomar o direito à autodeterminação das ex-repúblicas soviéticas e se restabelecerem as relações socialistas de produção.
Não temos uma resposta proletária à altura da crise mundial, cuja guerra na Ucrânia é um de seus sintomas mais significativos do pós-guerra, devido à crise de direção mundial, que resultou da regressão histórica expressa na liquidação final da URSS, em 1991, e na interrupção da transição do capitalismo ao socialismo, que, por sua vez, refletiram a liquidação do partido bolchevique e da III Internacional pelo estalinismo. Essa constatação obriga a vanguarda com consciência de classe, que luta pela revolução socialista, a trabalhar pela organização dos partidos marxista-leninista-trotskistas e pela reconstrução do Partido Mundial da Revolução Socialista, a IV Internacional. Para mostrar o caminho correto e pôr-se à frente das lutas, a vanguarda está obrigada a ter uma posição programática e prática internacionalistas diante da guerra na Ucrânia.
Quem não defender, neste 8 de Março, as bandeiras proletárias, anti-imperialistas e anticapitalistas, contra a guerra, sem dúvida, não poderá expressar o programa e a luta das mulheres oprimidas pelo fim de sua opressão. É preciso rechaçar as festividades, que via de regra imperam nas manifestações do Dia Internacional da Mulher.
Os explorados do mundo todo estão diante de uma guerra que recairá, principalmente, sobre os mais pobres, os miseráveis e os famintos. E que também recairá sobre os países semicoloniais. Os efeitos maléficos das sanções econômico-financeiras de Biden e sua aliança imperialista sobre a Rússia já se fazem sentir. O alto custo de vida se tornará ainda mais insuportável. A escalada inflacionária é descarregada pela burguesia sobre a vida da maioria oprimida.
As manifestações, neste 8 de Março, devem levantar a bandeira de imediata revogação das sanções econômicas de Biden e fim da guerra.
Vimos o quanto as mulheres – e, no Brasil, principalmente as mulheres pretas – ainda arcam com as consequências da crise econômica, agravada pela pandemia, com a perda de empregos, aumento do trabalho informal, redução dos salários e discriminações raciais. Milhões de mulheres são arrimos de família, e mal conseguem manter suas casas e seus filhos. Eis por que a luta das mulheres tem de partir das necessidades prementes da maioria oprimida, em defesa dos empregos, salários, direitos, moradia, saúde e educação públicas. Qualquer medida aplicada pelos capitalistas, que agrave ainda mais a situação dramática da população, deve ser rechaçada e respondida com luta.
Os ataques de Biden à economia russa são também um ataque à economia mundial. A queda no crescimento traz desemprego! Os aumentos dos preços dos alimentos, da energia, da água, dos alugueis e dos transportes públicos trazem mais pobreza, miséria e fome! Mulheres e homens explorados devem se unir em defesa de um programa próprio de reivindicações. Devem colocar-se em luta contra a guerra na Ucrânia e contra as violentas medidas de Biden.
O Comitê de Enlace pela Reconstrução da IV Internacional (CERQUI), do qual o POR faz parte, vem fazendo uma campanha sistemática, por meio de Declarações, direcionada à classe operária, aos demais trabalhadores e à juventude.
Esse manifesto do POR, ao Dia Internacional da Mulher, reforça o combate à guerra na Ucrânia e coloca a tarefa de superar a crise de direção revolucionária.
As bandeiras que têm guiado a campanha internacionalista são: Abaixo as medidas econômico-financeiras de Biden contra a Rússia e a economia mundial! Pelo desmantelamento da OTAN! Pelo fim das bases militares dos Estados Unidos na Europa e no mundo! Retirada das Forças Armadas russas da Ucrânia! Pela autodeterminação e unidade territorial da Ucrânia! Essas bandeiras expressam o programa e a estratégia dos Estados Unidos Socialistas da Europa.
O POR chama as direções sindicais e políticas a constituírem uma frente única em torno à política de independência de classe e às bandeiras que possibilitam à classe operária se levantar sobre a base de um programa próprio contra a guerra na Ucrânia.