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29 abr 2022
Manifesto do Partido Operário Revolucionário ao 1º de Maio
Trabalhadores e juventude oprimida
Lutemos por um programa próprio e pela independência de classe!
Lutemos com os métodos próprios da classe operária!
Nem bem a pandemia se arrefeceu, os povos e trabalhadores do mundo todo se viram diante de uma guerra insana na Ucrânia. Nos dois anos de terror das contaminações e de milhares de mortes diárias, aqueles que arcaram com o maior peso foram a classe operária, camadas pobres da classe média urbana e os camponeses. Empobrecidas e desprotegidas, as massas pagaram caro, não apenas pela letalidade do vírus, como também pelo fechamento de fábricas, estabelecimentos comerciais e serviços, que resultaram em uma onda de demissões. Nessa situação calamitosa, os capitalistas ainda aproveitaram para cortar postos de trabalho, demitir e reduzir os salários, bem como eliminar direitos trabalhistas. A aplicação da MP 936, de Bolsonaro e do Congresso Nacional, resultou em um forte ataque às condições de trabalho e existência dos assalariados.
As direções sindicais colaboraram criminosamente com o plano emergencial de Bolsonaro, em nome da preservação de empregos. As centrais e os sindicatos se curvaram, diante da política burguesa do isolamento social. Agiram no sentido de evitar mobilizações e ações coletivas dos explorados. E, quando não era possível, fizeram corpo-mole, ou se colocaram pelo isolamento dos trabalhadores em luta. A traição aos interesses da classe operária mais escandalosa não se resumiu à aplicação da MP 936. Basta ver a conduta das direções sindicais, diante do fechamento da Ford e da LG. Os burocratas deixaram os metalúrgicos cansarem à espera de um acordo de demissão. Milhares de empregos foram destruídos, sem que as direções fizessem um mínimo esforço para potenciar a resistência dos operários. Criou-se um confronto entre as multinacionais e os trabalhadores brasileiros, que exigia a ocupação das fábricas fechadas e a luta para que o governo as estatizasse, sem indenizar os exploradores e saqueadores do País.
As centrais e sindicados, ao se curvarem diante do capital imperialista, acabaram curvando-se também diante do governo Bolsonaro e dos governadores em cada estado da Federação. O fechamento de fábricas, demissões massivas, redução dos salários e precarização das relações trabalhistas marcaram o período da pandemia. Eis por que também marcaram a conduta covarde e traidora das direções sindicais e políticas.
Nesse período, o 1º de Maio foi abolido do calendário da casta burocrática, que controla as organizações operárias. Em 29 de maio de 2021, essas mesmas direções decidiram quebrar a sua paralisia, e convocaram a primeira manifestação do “Fora Bolsonaro e Impeachment”, que seria seguida por outras, sob a mesma orientação de articular uma frente burguesa oposicionista a Bolsonaro. Em 7 de setembro de 2021, as centrais fizeram a última demonstração, em atos esvaziados. O Congresso Nacional concluiu a CPI do Covid, e o movimento institucional pelo impeachment foi enterrado. As forças que impulsionaram o “Fora Bolsonaro” redirecionaram-se para as eleições, tendo em vista a projeção da candidatura de Lula.
Esse objetivo eleitoral, na realidade, estava na base da campanha “Fora Bolsonaro e Impeachment”. Ou seja, a frente ampla sindical se constituiu sobre a base de uma das variantes da política burguesa oposicionista, liderada pelo PT. Esse conteúdo burguês e pequeno-burguês da linha político-organizativa, que promoveu as manifestações do “Fora Bolsonaro”, explica por que a centrais e sindicatos se negaram a defender um programa próprio dos explorados e a organizar o movimento de massas no campo da independência classista.
A realização deste 1º de Maio presencial ocorre condicionada pelas traições do período da pandemia e dos desvios políticos do movimento “Fora Bolsonaro”. Ocorre condicionado pela corrida eleitoral, e, em particular, pela polarização entre Lula e Bolsonaro. Está, portanto, na contramão das necessidades dos explorados e da urgência em pôr de pé um movimento pelos empregos, salários e direitos trabalhistas; reajuste nacional das perdas salariais; reajuste automático de acordo com a inflação; derrubada das reformas trabalhista e previdenciária; fim das privatizações e reestatização, sem indenização; expropriação das empresas fechadas e estatização, sob o controle operário da produção; combate à pobreza, miséria e fome.
Está claro que esse 1º de Maio, controlado pela burocracia pró-capitalista, está morto para os explorados, que se encontram desorganizados e fragmentados em suas lutas. Inúmeras greves ocorreram e vêm ocorrendo no momento. O fechamento da Toyota, as demissões na Volks, as férias coletivas na Mercedes e a greve na CSN indicam que a situação da classe operária se agravará ainda mais, caso os explorados não se levantem urgentemente por um programa próprio de reivindicação, baseado em assembleia, em comitês de base e mobilização coletiva.
A mudança de caminho implica a luta no seio da classe operária contra a política pró-capitalista e de colaboração de classes das direções sindicais. As greves e protestos de resistência expressam as tendências de revolta latente entre as massas exploradas. É nesse descontentamento que se apoia a política eleitoral das direções sindicais e políticas, que procuram desviar o ódio da população oprimida para as eleições e para a ilusão de que se trata de trocar o governo antidemocrático e antipopular de Bolsonaro pelo democrático e popular de Lula, para, assim, resolver o problema da miséria e fome. Não há nada mais falso. A experiência demonstrou que Lula governou para a burguesia em geral, e, em particular, para o grande capital. O assistencialismo apenas serviu de emplasto para as feridas da miséria e das dores de milhões de brasileiros que mal têm o que comer.
Pelo fato da maioria das centrais utilizar o Dia Internacional dos Trabalhadores para fins alheios às necessidades e aos interesses dos explorados, os atos não passarão de palanques para discursos demagógicos de burocratas e politiqueiros, de que um novo governo “progressista” resolverá o desemprego, o subemprego, o salário mínimo de fome e a miséria. Não faltará discurso sobre a reforma trabalhista de Temer etc.
De nossa parte, chamamos a classe operária e os demais explorados a confiarem apenas em suas próprias forças e se erguerem contra a burguesia, empunhando um programa próprio, Está colocada a defesa da convocação de um Dia Nacional de Luta, com paralisações e bloqueios, em defesa dos empregos, salários e direitos. Um passo que se dê na organização independente e na mobilização unitária dos explorados serve de preparação para uma greve geral. Sabemos que é preciso muito trabalho de organização para alcançar uma forte união da classe operária e dos demais trabalhadores, mas as condições de desemprego e penúria da maioria oprimida exigem a utilização da greve geral, que mostre à burguesia e aos governantes a disposição de combate da classe operária.
Este 1º de Maio está envolto tanto pelos problemas nacionais quanto internacionais do proletariado. A guerra na Ucrânia se distingue em grau das demais, ocorridas após a Segunda Guerra, pelo fato de refletir características que extrapolam os conflitos regionais, projetando-se como internacionais. Basta ver o perigo de se estender da Ucrânia para toda a Europa. Os seus efeitos econômicos globais se fazem sentir com a elevação do preço do petróleo, gás e alimentos. Quem está arcando com os custos da guerra são os trabalhadores de todas as latitudes, mais violentamente os ucranianos.
O Comitê de Enlace pela Reconstrução da IV Internacional (CERQUI) defende que o 1º de Maio levante as bandeiras: fim imediato da guerra, desmonte da OTAN e das bases militares norte-americanas; revogação das sanções econômico-financeiras contra a Rússia, autodeterminação, integridade territorial e retirada das tropas russas da Ucrânia. Que o 1º de Maio classista e internacionalista se coloque pela unidade revolucionária da classe operária ucraniana, russa, da Europa e de todo o mundo, para acabar com a guerra de dominação. Que as organizações operárias organizem a luta coletiva, vinculando a defesa da vida das massas com as bandeiras de combate ao imperialismo e à violação do direito à autodeterminação da Ucrânia.
Viva o 1º de Maio Classista e Internacionalista!
Não ao uso burguês e pequeno-burguês do Dia Internacional dos Trabalhadores!
Por um programa próprio dos explorados!
Pela convocação de um Dia Nacional de Luta, com paralisações e bloqueios!
Preparar a greve geral em defesa dos empregos, salários e direitos trabalhistas!
Pela unidade da classe operária internacional contra a guerra de dominação na Ucrânia!
Pelo imediato fim da guerra e da barbárie!
Trabalhadores, uni-vos contra o capitalismo em decomposição e pelo socialismo.