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01 jun 2022
Segunda maior chacina na história do RJ
É preciso uma resposta de classe à violência do Estado contra os pobres e miseráveis
25 de maio de 2022
Nas últimas edições do Jornal Massas, publicamos denúncias de uma série de operações policiais feitas nos morros do Rio de Janeiro pelo governo de Claudio Castro. Um dos resultados dessas operações foi a chacina na Vila Cruzeiro, uma das comunidades do Complexo da Penha, no dia 24 de maio. Até o momento da redação desta nota, somavam 26 pessoas assassinadas pelo braço armado do Estado, além de algumas feridas. A operação contou com o BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais), Polícia Federal e a PRF (Polícia Rodoviária Federal).
Um levantamento do Grupo de Estudos de Novas Ilegalidades da UFF aponta que, em 14 anos, o Rio de Janeiro teve 593 chacinas policiais. Neste ano de 2022, no dia 11 de fevereiro, uma operação, onde PFR também estava presente, deixou 8 mortos na Vila Cruzeiro, 20 dias após o governador Claudio Castro colocar em vigor o programa Cidade Integrada. A chacina atual já é a segunda maior da história, atrás apenas da chacina do Jacarezinho.
Em forma de protesto, moradores e mototaxistas realizaram uma manifestação na região conhecida como Matinha, no alto da Penha, já que as atividades relacionadas ao comércio, que geram renda, sofreram grandes danos durante a operação. Uma pessoa revelou que os policiais circulavam pela região gritando “todo mundo vai morrer”. As manifestações espontâneas se mostram limitadas. Por um lado, revelam a indignação da comunidade atingida, mas, por outro, mostram a profunda ausência que faz o partido revolucionário, organizado no interior das massas exploradas.
Diante da chacina, uma pesquisadora bradou “isso é inadmissível numa democracia!”. O erro aí está em não compreender que o que se chama democracia é, na verdade, a democracia burguesa, controlada com mão de ferro pela burguesia. No caso dos países de capitalismo atrasado, semicoloniais, como o Brasil, a coisa é ainda pior, não passando de uma caricatura de democracia burguesa, onde as massas não são mais que força de trabalho, que nos tempos de crise e alto desemprego, viram um empecilho para o Estado. A fala de Bolsonaro, no mesmo dia da chacina, mostra a mentalidade reacionária dos governantes; parabenizou a polícia e disse “que neutralizaram pelo menos 20 marginais ligados ao narcotráfico”.
Já o reformismo petista mostrou todo seu oportunismo, utilizando-se do ocorrido para fazer campanha eleitoral. Ocultam, entretanto, que sob seus governos foram feitas muitas incursões das forças armadas nas favelas, como em 2010, quando o General Heleno, que liderou a operação militar no Haiti, levou as forças armadas para o Alemão e Vila Cruzeiro; ocultam que, em março de 2014, Dilma assinou um decreto que autorizava a entrada do exército no Conjunto de Favelas da Maré; ocultam que as chacinas policiais não cessaram sob seus governos, como na Baixada Fluminense, em 2005, na favela do Barbante, em 2009, ou a maior chacina do estado de SP, em Osasco, em 2015. Além disso, cabe lembrar, que o atual vice na chapa com Lula para a presidência é, nada mais nada menos, que o carniceiro de SP, Geraldo Alckmin, que governou o estado por anos, apoiando-se na violência policial contra os pobres e miseráveis. Como se vê, o petismo tem teto de vidro em relação à violência contra os explorados.
As massas faveladas já não suportam a violência policial, mas quando olham para os lados não encontram nenhuma saída. O canto da sereia do reformismo já não faz eco nos morros. No entanto, as pressões do ano eleitoral crescem. Marcelo Freixo, ex-PSOL e agora PSB, amplia seu discurso pró-polícia.
O desemprego, subemprego, baixos salários, miséria e fome marcam a vida da maioria oprimida. Boa parcela da juventude, principalmente preta, nunca teve e nunca terá o emprego, um salário e uma carteira profissional assinada. Nos bairros miseráveis, nas favelas e cortiços proliferam o tráfico e toda sorte de criminalidade. Essa tem sido a forma de sobrevivência daqueles que mais sofrem com o capitalismo em decomposição. As riquezas estão concentradas nas mãos de poucos e a pobreza e a miséria atingem a maioria dos brasileiros. A resposta da burguesia e dos seus governantes não é a de criar empregos, acabar com o subemprego, dar condições de trabalho, estudo e saúde a uma massa de seres humanos. A resposta da burguesia é criar mais polícia e aumentar a letalidade dos armamentos. A matança que acaba de ocorrer na Vila Cruzeiro é expressão de uma verdadeira guerra civil dos ricos contra os pobres.
Diante de mais esse massacre do Rio, é tarefa da vanguarda com consciência de classe trabalhar para penetrar o programa da revolução proletária, o programa do POR, em todos os poros da sociedade. Só assim as massas poderão organizar sua revolta contra o Estado burguês utilizando seus métodos próprios, os métodos da ação direta. O Partido Operário Revolucionário, em construção, denuncia e condena mais essa chacina da polícia do Rio de Janeiro. Exige que os sindicatos, centrais, movimentos e correntes políticas que se reivindicam da classe operária a convocarem um Dia Nacional de Luta, com paralisações e bloqueios, em defesa dos empregos, salários, direitos trabalhistas; e pelo desmantelamento da polícia e constituição de comitês de autodefesa popular.