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04 nov 2023
Editorial do Jornal Massas nº 701
Estados Unidos são o maior responsável pela carnificina na Faixa de Gaza
Organizar a frente única anti-imperialista para derrotar o colonialismo sionista
O massacre do povo palestino marca profundamente a história de implantação do Estado sionista de Israel. Não há como apagar a brutal violência colonialista do mapa da Palestina. Não é possível explicar como se chegou ao ponto de os palestinos se verem prisioneiros na Faixa de Gaza e confinados na Cisjordânia, sem que uma poderosa força econômica e militar os tivesse empurrado para a beira do precipício. Essa força constituída pelo movimento sionista de apropriação do território palestino se encontra no imperialismo e, em particular, nos Estados Unidos.
O sionismo não teria tido vigência e êxito histórico sem que se baseasse no capital financeiro e fosse amparado por duas potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a Inglaterra. Bem entendido, o êxito histórico diz respeito à imposição de um Estado criado de fora para dentro da Palestina e à derrota das forças opositoras árabes já no início do processo de expropriação territorial. A vigência do sionismo se manifesta na forma de colonialismo imperialista.
A Inglaterra cedeu lugar aos Estados Unidos no controle hegemônico do Oriente Médio. A ONU, finalmente, validou a criação do Estado sionista como resultado da nova partilha do mundo, sob a orientação da aliança vencedora da Segunda Guerra e colaboração da URSS comandada por Stalin e a burocracia contrarrevolucionária. Os cálculos do imperialismo se deveram sobretudo à estratégia norte-americana de subordinar o Oriente Médio – remodelado pelas duas guerras mundiais – à hegemonia dos Estados Unidos. O Estado de Israel se ergueria como um enclave estratégico na região rica em petróleo, necessário à economia mundial que seria reorganizada no pós-guerra e para as diretrizes da “Guerra Fria”, voltadas a liquidar as conquistas do proletariado materializadas na URSS.
A tese dos dois Estados não passou de uma manobra para dar uma explicação ao voto de Stalin contrário à posição dos árabes e, assim, mascarar o conteúdo colonialista da resolução pró-sionismo. Uma vez legalizada a ocupação da Palestina, a responsabilidade de cumprir a meta de dois Estados ficou inteiramente nas mãos dos Estados Unidos e sua aliança imperialista. Desde a vitória sionista na guerra de 1948-1949 contra a resistência dos árabes até a atual carnificina perpetrada pelo Estado sionista de Israel todos os grandes acontecimentos estão sob a responsabilidade dos Estados Unidos, em última instância.
Certamente, as particularidades que assumiu o colonialismo genocida cabem à oligarquia burguesa judia e ao Estado sionista. Mesmo as particularidades políticas dos governos sionistas têm sua importância. A necessidade de expansionismo territorial, de se confrontar sistematicamente com a resistência dos palestinos, de se impor diante do descontentamento das massas árabes, de responder aos conflitos regionais cada vez mais explosivos, de rechaçar terminantemente a reivindicação de um Estado palestino e de desmoralizar os acordos de paz levaram Israel a ser governada pela fração sionista ultradireitista, de traços fascistizantes.
O governo de Netanyahu retrata perfeitamente a síntese histórica do colonialismo sionista e das monstruosas consequências nacionais e sociais que recaem sobre os palestinos. Retrata também os motivos da incursão do Hamas no dia 7 de outubro e a violência desfechada contra civis. Retrata o método militar de varrer a população da Faixa de Gaza para chegar até os combatentes do Hamas. Retrata a justificativa de que a matança é inevitável porque o Hamas faz da população escudo. E retrata o controle de Israel pela Casa Branca, de sorte que qualquer que seja a variante de seu regime político impera o sionismo e as determinações dos Estados Unidos.
A guerra do Estado sionista contra os palestinos na Faixa de Gaza foi autorizada pelo governo Biden e tem sido sustentada pelas forças do imperialismo, sem as quais a rebelião árabe contra os sionistas já teria posto fim à chacina. A destruição de Gaza, as mortes massivas de crianças, velhos, mulheres e famílias inteiras aumentam a conta da barbárie que os Estados Unidos têm com o Oriente Médio. Não é preciso relatar seus feitos, basta retomar as duas guerras que destruíram o Iraque e sua intervenção na guerra civil da Síria. Nesses dois países, mantêm tropas ocupantes, prontas para defender o Estado sionista.
Biden orientou sua diplomacia a votar contra qualquer resolução na ONU que suspendesse a ofensiva das Forças de Segurança de Israel. Posição que resultou na autorização a Netanyahu a continuar com a matança e com o cerco que impõe sede e fome à população. Agora, quando a invasão por terra tomou corpo, Biden anunciou US$ 100 milhões de “ajuda humanitária” e pediu à população norte-americana que apoie o pacote de US$ 100 bilhões de ajuda externa, com destino certo para Israel e Ucrânia. Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, diz que é hora de “evitar uma catástrofe humana”. O cínico chegou à conclusão: “Nós não temos de escolher entre defender Israel ou ajudar os civis palestinos”. Com a máscara de bom samaritano, o imperialismo procura minimizar a mortandade com a promessa de “evitar uma catástrofe” e se desvincular da matança de milhares de palestinos.
Os Estados Unidos tudo têm feito para prolongar a guerra na Ucrânia, e, neste momento, age para intervir por cima da guerra de Israel na Faixa de Gaza. A bandeira do humanitarismo passa a fazer parte da solução imperialista, desde que o Hamas seja liquidado e os palestinos se sujeitem aos ditames de Israel. Agora, sim, todos os pacifistas e humanitários, que estavam descontentes com o veto de Biden na ONU, passam a ter alguma serventia ao imperialismo.
Contra o genocídio, o colonialismo sionista e o imperialismo, se levanta um gigantesco movimento de massa. Embora sem a direção revolucionária e influenciada por governos burgueses premidos pela situação mundial convulsiva, os protestos em todo o mundo indicam como acabar com a matança na Faixa de Gaza e abrir caminho para a luta por uma Palestina una, regida por uma República Socialista e vinculada à luta histórica do proletariado pelos Estados Unidos Socialistas do Oriente Médio. Esse é curso da luta de classe para vencer a barbárie capitalista. Nossa tarefa imediata é pôr em pé a frente única anti-imperialista, sob a direção do proletariado. Expulsar o imperialismo do Oriente Médio e derrotar os sionistas genocidas!