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18 ago 2024
Confiar em nossas próprias forças de luta para responder às falsas soluções da burguesia para a crise no Oriente Médio
Após mais de 10 meses de massacre sobre o povo Palestino, promovido pelo sionismo israelense, não encontramos uma mudança substancial na possibilidade de desfecho. Pelo contrário, a tendência continua sendo a de agravamento e de extrapolação do conflito em Gaza para outros territórios do Oriente Médio. Essa possibilidade está de acordo com a tendência mais geral de armamentismo das potências e escalada do belicismo através das guerras de dominação, em especial da Guerra na Ucrânia, que conta com uma nova investida do imperialismo para completar o cerco à Rússia, além da guerra comercial dos EUA com a China, que por sua vez impulsiona novos alinhamentos estratégicos e disputas comerciais que estão na base das potentes tendências bélicas.
Da Faixa de Gaza, recebemos diariamente notícias das mortes. Na última semana, duas escolas, entre elas a de Al-Tabai’een, foram bombardeadas deixando dezenas de mortos. Não é preciso dizer que a quebra das condições mínimas de infraestrutura e abastecimento leva milhares e milhares de palestinos a uma situação de miséria, fome e insegurança na sua sobrevivência no dia seguinte. Casos dramáticos como o de Mohammed Abu al-Qumsan, que saiu para registrar os gêmeos de três dias e, quando voltou, encontrou os filhos e a esposa mortos por um bombardeio de Israel, são frequentes. Essas condições reforçam as dificuldades das massas palestinas de se organizarem para atuar na luta de classes contra a burguesia sionista e imperialista. Isso mostra a importância da solidariedade internacional das massas, no mundo todo, lutando sob as bandeiras de fim do genocídio, autodeterminação do povo palestino e expulsão dos sionistas do território da Palestina.
Nas últimas semanas, a tensão vem crescendo na região. O Irã prepara uma resposta diante do assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã. Na sexta-feira (16), houve negociações em Doha, no Catar, mas a reunião aconteceu sob a vigílância dos aviões e navios de guerra que os EUA. Essa negociação acontece em paralelo às que ocorrem na ONU. O imperialismo estadunidense anunciou um possível acordo promissor que será fechado na próxima semana. O Hamas não participou da reunião. De outro lado, Israel fez simulações de longo alcance com caças F-15 e F-53, eventuais participantes em um combate futuro contra o Irã.
A mídia fez ampla cobertura da reunião no Catar, anunciando uma possível solução para o conflito. No entanto, não se deve esquecer nem por um segundo que os grandes meios de comunicação são porta-vozes da burguesia imperialista e prestam o valioso serviço para essa classe de mascarar as contradições do capitalismo que estão na base dos conflitos internacionais. É comum encontrar falsificações do tipo “os EUA estão se esforçando para reduzir os conflitos no Oriente Médio”. Esses “esforços” são para que o Irã não responda, enquanto enviam o porta-aviões USS Abraham Lincoln e o submarino nuclear USS Georgia aos mares do Oriente Médio para reforçar as defesas de Israel. O tal esforço não foi visto nas diversas vezes em que os EUA votaram contra o cessar-fogo no Conselho de Segurança da ONU. É também nesse terreno que cresce a importância da constituição de uma frente anti-imperialista, que combata diante das massas as falsificações da grande mídia e coloque definitivamente amplos setores dos explorados ao lado da luta pela Palestina e pelo fim das guerras de dominação.
Esses acontecimentos deixam claro mais uma vez que para a burguesia os interesses econômicos estão acima de qualquer moral democrata e humanista. Diante de um genocídio que já deixou mais de 40 mil mortos, grande parte crianças, e tantos outros mutilados, desabrigados e órfãos, os governos, serviçais dos capitalistas, não interrompem seus negócios, mas tentam uma solução negociada através da ONU, da criação de um suposto Estado palestino ao lado de Israel. A próxima tentativa será feita em setembro, a partir do G7, onde apresentarão uma proposta de reconstrução político-econômica de Gaza. Tal plano parte da premissa de que essa reconstrução será feita sem o Hamas, mas através da Autoridade Nacional Palestina, o que está de acordo com o plano de Israel e dos EUA de seguir bombardeando Gaza até acabar com sua direção política, o Hamas. Querem nos fazer crer que esse é o caminho para o fim da opressão histórica sobre o povo palestino e seu território. Trata-se, no entanto, da tentativa de colocar uma pá de cal sobre o massacre e desenvolver uma nova forma de exploração e opressão sobre os palestinos, baseada na condição de semicolônia das potências europeias e dos EUA. Sua posição privilegiada para o comércio e suas riquezas naturais teriam assim livre acesso do capital monopolista internacional.
Ainda no campo das disputas palacianas, Mahmoud Abbas, líder do Fatah e presidente da Autoridade Nacional Palestina, discursou na Turquia prometendo visitar Gaza, onde não pisa desde 2006. O mesmo Abbas no último período tem sentado com lideranças do imperialismo, como no encontro com Antony Blinken, Chefe de Segurança dos EUA, em fevereiro deste ano. Como se sabe, o objetivo do imperialismo de liquidar o Hamas e implantar um governo títere na Faixa de Gaza conta com a participação da ANP para que haja uma melhor aceitação por parte dos palestinos. Essa visita, no entanto, está de acordo com o termo em comum assinado em julho entre o Hamas e o Fatah pela unidade palestina. Só será possível avaliar o sucesso do acordo com o fim da guerra em Gaza.
Enquanto isso, no Brasil, o movimento de apoio aos palestinos e contra o massacre perdeu força, na esteira do movimento internacional, desviado dos métodos de ação direta, da luta nas ruas, para as falsas esperanças de uma solução negociada através dos instrumentos do imperialismo como a ONU, o Tribunal Penal, os governos burgueses etc. A responsabilidade nesse terreno é das direções sindicais e políticas. Há muito que trocam os métodos de luta próprios da classe operária e dos demais oprimidos pelas disputas judiciais, pela confiança nos governos etc. É a crise de direção revolucionária do proletariado em sua forma mais imediata.
No terreno deixado por essas direções políticas, as tendências reacionárias se fortalecem e ganham espaço. Isso tem sido confirmado através dos diferentes ataques dos sionistas aos lutadores pela palestina. Camaradas de diversos grupos e movimentos têm recebido intimações policiais, notificações judiciais, ameaças e agressões físicas por manifestar seu apoio à luta do povo palestino contra a Nakba. Esses ataques devem ser respondidos pelo fortalecimento do movimento na rua e pela ação direta coletiva das massas.
Persiste a tarefa de vencer a tendência de refluxo da luta internacional, desde o Brasil, impulsionando os sindicatos e movimentos sociais para discutir o problema com os trabalhadores, discutir as formas de apoio, os métodos de luta etc. Somente sobre a base da democracia operária é que será possível retomar a luta e colocá-la no caminho da vitória, que neste caso significa a retomada das manifestações de massa no mundo todo, pelo cessar-fogo imediato e autodeterminação do povo palestino. Pela construção da República Socialista da Palestina, como parte dos Estados Unidos Socialistas do Oriente Médio.
Pesa sobre as massas, para o cumprimento dessa tarefa, a ausência de seu partido revolucionário internacional, que pudesse coordenar as ações e impulsionar a luta internacional como forma de apoio direto ao povo palestino. Eis o porquê da necessidade de lutar com todas as nossas forças para reconstruir a direção internacional e revolucionária do proletariado. O POR do Brasil se coloca essa tarefa através do Comitê de Enlace pela Reconstrução da IV Internacional.
Viva a luta do povo palestino!
Derrotar o Estado sionista e as potências colonialistas organizando a frente única anti-imperialista!
Abaixo à perseguição política dos sionistas!