• 28 set 2024

    Pelo fim dos ataques de Israel no Líbano e retirada imediata de suas forças militares da Faixa de Gaza

Pelo fim dos ataques de Israel no Líbano e retirada imediata de suas forças militares da Faixa de Gaza

Fora os Estados Unidos do Oriente Médio!

A intervenção das Forças de Defesa de Israel na Faixa de Gaza e a decisão do governo de união nacional de devastá-la indicaram que se tratava de uma guerra de tamanho alcance que poderia incendiar o Oriente Médio. Os Estados Unidos se envolveriam utilizando-se do Estado sionista e da anuência dos Estados árabes cúmplices de Israel. A operação militar do Hamas em 7 de outubro de 2023 serviu apenas de estopim à ocupação da Faixa de Gaza e à expansão da anexação da Cisjordânia, que já estavam preparadas nos marcos da opressão nacional imposta aos palestinos-árabes a 76 anos atrás. A própria ação do Hamas refletiu o desespero diante das condições econômicas e sociais dos palestinos – cercados, vigiados e reprimidos pela poderosa força militar e policial do Estado sionista.

Na realidade, o ponto de partida da devastadora ocupação da Faixa de Gaza não foi a morte de 1.200 israelenses e a apreensão de 242 reféns pelo Hamas. A verdade é que a Faixa de Gaza já se encontrava sob o cerco asfixiante, que havia tornado impossível a sobrevivência dos 2,2 milhões de palestinos ali confinados na forma de um campo de concentração. O braço armado do Hamas não tinha nenhuma possibilidade de enfrentar militarmente o Estado de Israel, por mais que tenha cavado túneis e se preparado para um combate. O significado real de sua ação está em que expressou a exasperada resistência histórica dos palestinos.

O percurso de implantação do Estado de Israel transparece seu caráter de opressão nacional, expansão territorial e anexação. Isso com a garantia militar, apoio financeiro e diplomacia imperialista dos Estados Unidos. Não se pode jamais se esquecer que a implantação de Israel na Palestina se deu, principalmente, na Segunda Guerra Mundial. O genocídio praticado pelo regime burguês nazista de Hitler, certamente, avivou o movimento sionista. Mas, a causa principal se encontra na estratégia do imperialismo norte-americano e aliados de constituir um enclave no Oriente Médio nas condições de uma nova partilha do mundo, da qual fez parte a Palestina. Os recursos petrolíferos e a posição geoestratégica do Oriente Médio para o comércio mundial se tornaram fundamentais para os Estados Unidos montarem a sua hegemonia do pós-guerra.

A criação do Estado de Israel fez parte desse objetivo. As guerras das quais o Estado sionista saiu vencedor e os Estados árabes derrotados se deveram ao intervencionismo norte-americano e ao processo de controle imperialista da região. O equilíbrio de forças entre os Estados que compõem o Oriente Médio, desde o fim do Império Otomano com a Primeira Guerra Mundial, sempre foi instável e interrompido por guerras internas e externas. Em todos os casos, comparecem os interesses do imperialismo inglês, francês e norte-americano, sobretudo.

A tragédia que colocou a Faixa de Gaza no centro da crise mundial, ao lado da guerra na Ucrânia, é compreensível se tomada como parte da profunda crise por que passa o Oriente Médio. As guerras e convulsões não serviram para estabelecer um período de pacificação. Ao contrário, potenciaram os desequilíbrios. O que expõe o papel destrutivo do imperialismo saqueador.

Desde a crise econômica que eclodiu nos Estados Unidos em 2008, o capitalismo mundial se tornou mais convulsivo. A superprodução, o agigantamento do capital financeiro parasitário, o crescimento exponencial das dívidas públicas, o aumento relativo da desigualdade entre os países e o recrudescimento da miséria e fome entre as massas, de conjunto, esses fatores pesam a favor da guerra comercial, das disputas pelas fontes de matérias-primas e, assim, a favor das tendências bélicas que apontam para conflagrações mais amplas. Já se pode observar que a intervenção do Estado de Israel na Faixa de Gaza extrapolou o diminuto território palestino e força passagem para arrastar o Irã à guerra.

Os bombardeios no Líbano e o objetivo do governo Benjamim Netanyahu de liquidar o Hamas e o Hezbollah é parte da estratégia de guerra dos Estados Unidos dirigida ao Irã. O nacionalismo iraniano tem de ser varrido porque se choca com o domínio hegemônico dos Estados Unidos sobre o Oriente Médio. E, assim, se ergue como adversário da política expansionista do Estado de Israel. No último período, a animosidade do imperialismo se potenciou diante das relações mantidas pelo Irã com a China e Rússia. Os Estados Unidos fazem a guerra no Oriente Médio, no momento, por intermédio do Estado de Israel, e, na Europa, com a Rússia, valendo-se da Ucrânia como bucha de canhão.

Na Faixa de Gaza, mais de 41 mil palestinos foram mortos e outros milhares mutilados. Na Cisjordânia, são mais de 600 perderam a vida. Agora, no Líbano, em alguns dias de bombardeios e atentados terroristas com explosão de pagers e walkie-talkies cerca de 630 libaneses foram mortos. Dessa carnificina, uma grande quantidade é de crianças e mulheres. O rechaço de Netanyahu na 79ª Assembleia Geral da ONU aos apelos para cessar os bombardeios e a sua afirmação de que terá primeiro de cumprir o objetivo de arrebentar o Hezbollah teve como prêmio o anúncio de Biden de que entregará a Israel a ajuda militar de US$ 8,7 bilhões. Esteve explícito o sentido da guerra voltada contra o Irã.

Neste mesmo ato de impulso militarista, os Estados Unidos premiaram Zelenski com US$ 5,5 bilhões. A China e o Brasil foram execrados por levantarem a bandeira de uma cúpula entre Ucrânia e Rússia para discutir os termos de uma paz. A ONU, dividida e desmoralizada, mesmo assim, acabou servindo de palco para a exibição da disposição do imperialismo de alavancar ainda mais as tendências bélicas e recrudescer as guerras no Oriente Médio e na Europa.

Não se esperava que a ONU se orientasse em direção ao arrefecimento da crise mundial. O fundamental, no entanto, está em que o movimento de massa, que se ergueu no início da intervenção de Israel na Faixa de Gaza, retraiu-se favorecendo assim o avanço do genocídio do povo palestino e as descaradas manobras dos Estados Unidos para justificarem seu apoio direto à destruição e matança.

Não se pode, por outro lado, desconhecer que a paralisia da classe operária e dos demais explorados diante da guerra na Ucrânia facilitou aos Estados Unidos e à sua aliança europeia apertarem o cerco da OTAN à Rússia, bem como permitiu que a guerra se prolongasse e provocasse a ruína da Ucrânia e um brutal sofrimento de seu povo.

O recuo do movimento de massa pela defesa do direito à autodeterminação dos palestinos e a falta de desenvolvimento das pequenas mobilizações pelo fim da guerra na Ucrânia colocam pela negativa que sem a luta de classes encarnada pelo proletariado não se pode combater as guerras de dominação e a escalada militar. As massas mundiais, evidentemente, assistem o horror das duas guerras e a projeção da barbárie que emerge do capitalismo em decomposição.

Essa situação tão contraditória deve alertar a vanguarda com consciência de classe sobre o lugar da crise de direção nas condições em que as forças burguesas internacionais, encarnadas pelo imperialismo, preparam-se para uma possível guerra dos Estados Unidos e aliados contra a Rússia e a China. Deve prestar a atenção na reativação do armamento nuclear.

Objetivamente, o proletariado se encontra diante da necessidade de erguer uma frente única anti-imperialista de enfrentamento às guerras, tendo por estratégia o programa da revolução social e como método a luta de classes. É preciso em meio a uma situação tão adversa aos explorados e aos povos oprimidos construir os partidos revolucionários e reconstruir o Partido Mundial da Revolução Socialista, a IV Internacional. Se a vanguarda com consciência de classe não progredir nesse sentido, a barbárie já experimentada pelas duas guerras mundiais se reproduzirá em proporção mais assombrosa.

Com esse Manifesto, o Partido Operário Revolucionário, seção do Comitê de Enlace pela Reconstrução da IV Internacional (CERQUI) participa das manifestações contra o genocídio na Faixa de Gaza, a matança no Líbano e a ameaça de guerra contra o Irã.

Pelo fim das guerras na Faixa de Gaza e na Ucrânia!

Pelo imediato cessar-fogo de Israel no Líbano!

Pela organização de uma frente única anti-imperialista para responder às guerras de dominação!

Que a vanguarda com consciência de classe se lance à tarefa de reconstruir o Partido Mundial da Revolução Socialista!