• 17 out 2024

    107 anos da Revolução Russa – Viva a luta da classe operária pelo socialismo!

107 anos da Revolução Russa

Viva a luta da classe operária pelo socialismo!

Aos explorados e à juventude oprimida

Em 25 de outubro de 1917, na Rússia, a revolução socialista derrubou a burguesia e venceu a reação das potências imperialistas. Estabeleceu o Estado operário, expropriou a grande propriedade dos meios de produção, uniu as nações oprimidas e edificou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). A classe operária unida com os camponeses pobres realizou as tarefas da revolução democrática, derrubando o governo liberal burguês que se apropriou do Estado na Revolução de Fevereiro de 1917.

Duas grandes transformações democráticas se projetaram sob a revolução proletária. De um lado, libertou os camponeses do servilismo semifeudal. De outro, golpeou as relações de dominação da Rússia sobre as inúmeras nacionalidades, historicamente subjugadas pelo Grão-Império Russo. A expropriação do grande capital e a instauração do embrião da propriedade social permitiram conduzir a URSS para a economia nacionalizada e planificada como ponto de partida à transição do capitalismo ao socialismo. A implantação do monopólio do comércio exterior se ergueu como um instrumento de política econômica de independência perante a dominação imperialista.

Essas transformações romperam um dos elos da cadeia do capitalismo mundial. A burguesia imperialista se uniu em torno ao objetivo de sufocar a revolução e bloquear sua projeção internacional. A luta de classes se ampliou em meio à Primeira Guerra Mundial e assinalou o caminho de novas revoluções na Europa conflagrada, principalmente na Alemanha. Nesse marco de decomposição do capitalismo e de polarização da luta de classes, a Revolução Russa aflorou como parte da revolução mundial. Sobreviveu aos ataques e ao cerco das forças imperialistas como revolução nacional.

O Partido Bolchevique, dirigido por Lênin, concebeu a revolução socialista na Rússia de economia atrasada como expressão histórica da luta internacionalista do proletariado. A revolução socialista obrigatoriamente refletiria as particularidades nacionais da Rússia e das nacionalidades subjugadas. No entanto, as particularidades resultavam do desenvolvimento desigual e combinado da economia mundial capitalista. Essa era a mais acabada compreensão sobre o caráter da Revolução de Outubro e do processo de transição do capitalismo ao socialismo que se iniciava.

As transformações que se gestaram com a tomada do poder e a expropriação revolucionária da burguesia impulsionariam uma nova etapa do desenvolvimento das forças produtivas. As relações sociais marcadas pelo servilismo e pela brutal exploração capitalista do trabalho seriam profundamente alteradas sob o Estado operário e a democracia soviética. A ditadura do proletariado da maioria oprimida sobre a minoria opressora impediria a reorganização da burguesia e enfrentaria a contrarrevolução alimentada pelas potências imperialistas.

A situação convulsiva da Europa, após a Primeira Guerra Mundial, favorecia a consolidação do poder do proletariado na Rússia. Imediatamente à queda do poder burguês, surgia a questão de como a revolução socialista tomaria corpo estando na dependência da marcha da revolução na Alemanha, que acabaria por ser derrotada. Os primeiros passos da organização econômica da URSS e da construção do socialismo necessariamente se dariam internamente. A industrialização e a economia agrária voltada à coletivização se colocaram como objetivos estratégicos imediatos, embora a Rússia se encontrasse despedaçada pela guerra imperialista e pela guerra civil. Havia de reerguer as forças produtivas e enfrentar a pobreza, miséria e fome que se agravaram com as guerras.

Sob a direção de Lênin, o Estado operário teve de recorrer a medidas econômicas emergenciais tipicamente capitalistas, de forma a levar os camponeses a produzirem e garantirem a alimentação da população faminta. A Nova Política Econômica (NEP) evidenciou a situação dramática em que se encontrava o país e a revolução. O extraordinário esforço para manter unidos o campo à cidade venceu uma adversidade que poderia favorecer a contrarrevolução e a derrocada do poder soviético. Tanto o comunismo de guerra ditado pela guerra civil, de 1918 a 1920, quanto a NEP, de 1921, constituíram experiências inéditas na história da Revolução Russa.

A capacidade dos dirigentes bolcheviques de superarem esse momento de dilaceração e abrirem uma etapa de construção da economia nacionalizada e planificada, protegida pelo monopólio do comércio exterior, evidenciou a ampla assimilação do socialismo científico constituído por Marx e Engels. Isso se deveu, fundamentalmente, a Lênin e Trotsky. Consolidado o poder soviético e constituída a III Internacional, a questão passou a ser como enfrentar os obstáculos ao desenvolvimento das forças produtivas nas condições do novo regime social. A política econômica que fortalecesse a economia nacionalizada e planificada em contraposição às forças restauracionistas do capitalismo alcançava um lugar estratégico. No entanto, não poderia se desvincular da revolução na Europa, mais amadurecida que em outras latitudes.

É nesse marco que se gesta uma divergência em 1923 e se agrava a partir de 1924 depois da morte de Lênin. Surgiam os primeiros sinais da burocratização no interior do Estado operário. Ou seja, a burocracia do Estado começava a se elevar por cima da classe operária e assim marginalizá-la da administração e controle das bases econômicas estabelecidas pela revolução. O perigo estava em desfigurar a democracia soviética e degenerar a ditadura do proletariado. As potencialidades da URSS para desenvolver as forças produtivas eram enormes. Uma burocracia poderia utilizá-las, mas por um tempo limitado pelas condições determinadas pela economia mundial capitalista. Sobreveio o fracionamento do Partido Bolchevique, que havia sido renomeado como Partido Comunista.

O terreno da divisão se estabeleceu inicialmente em torno à política econômica, colocando Stalin e Trotsky em franca oposição. Tomou a forma da luta política quanto à democracia partidária e ao regime soviético. Logo assumiu a dimensão programática, de fundamentos e princípios do marxismo-leninismo. Stalin, apossado da direção do partido e apoiado na burocracia, encarnou o revisionismo e o termidor restauracionista. Sua política econômica e resposta aos problemas sociais passaram a ser justificados pela tese revisionista sobre a possibilidade de construir o socialismo em um só país e estabelecer relações de coexistência pacífica com o imperialismo. Esse processo de degeneração e de triunfo do termidor contra a Oposição de Esquerda, liderada por Trotsky, levou o estalinismo a transformar o governo soviético em uma ditadura bonapartista.

Stalin consolida seu poder derrotando e liquidando a Oposição marxista-leninista-trotskista com os golpes da burocracia totalitária. O triunfo do nacionalismo socialista desviou por completo o curso da Revolução de Outubro, que se produziu sobre a base do programa internacionalista e da direção marxista-leninista. A Oposição de Esquerda Internacional, organizada por Trotsky no exílio, permitiu manter uma fresta de luz à Revolução de Outubro e uma organização da resistência ao termidor, à ditadura bonapartista e ao processo de restauração capitalista que se abrigou sob a política do nacionalismo estalinista.

A quebra econômica de 1929 e a ascensão de Hitler em 1933 colocaram agudamente a crise de direção. A III Internacional que emergiu poderosamente com a Revolução de Outubro e que se sobrepôs às traições da socialdemocracia da II Internacional foi liquidada pelo revisionismo estalinista. O movimento pela constituição da IV Internacional caminhou na contracorrente dos acontecimentos. As derrotas do proletariado, principalmente na Espanha, que se refletiria na luta de classes na França, evidenciaram o fortalecimento da contrarrevolução, que contou com a política liquidacionista da III Internacional e do caráter embrionário da luta de Trotsky por erguer uma nova Internacional.

A necessidade histórica do Partido Mundial da Revolução Socialista, tal qual se edificou programaticamente com a vitória da Revolução de Outubro de 1917, foi exposta nas condições da marcha do imperialismo em direção à Segunda Guerra Mundial. Na Primeira Guerra, ficou plenamente demonstrado que somente o proletariado com seu partido pode enfrentar a escalada militar e as guerras gestadas nas entranhas das potências imperialistas. A burocratização da URSS levou o estalinismo a revisar completamente o programa e a concepção leninista sobre a transformação da guerra imperialista em guerra civil do proletariado pela tomada do poder. Em outras palavras, a deformar e abandonar a luta de classes.

O primeiro movimento de Stalin em favor de um pacto com Hitler, logo fracassado, levou ao segundo passo em direção a uma aliança com o denominado imperialismo democrático, chefiado pelos Estados Unidos. O importante e decisivo lugar da URSS para a derrota da Alemanha não só a preservou como a fortaleceu no âmbito da nova partilha mundial. No entanto, serviu ao fortalecimento da ditadura bonapartista, que abrigava as tendências restauracionistas internas. A brutal perseguição ao movimento da IV Internacional, expressa nos Processos de Moscou e finalmente no assassinato de Trotsky, e a liquidação da III Internacional resultaram na ação estalinista contra o internacionalismo marxista-leninista e a organização mundial do proletariado no campo da revolução social.

Sem a possibilidade da revolução política preconizada por Trotsky, a ditadura bonapartista levaria ao mais amplo desarme do movimento revolucionário mundial, potenciaria o restauracionismo e concluiria com a destruição da URSS. O estalinismo acabaria por servir à política da “Guerra Fria” que se concentrava no combate do imperialismo às revoluções e ao objetivo de varrer do mapa a URSS. O triunfo da restauração capitalista provocou um retrocesso de grande magnitude histórica. Interrompeu o processo de transição do capitalismo ao socialismo iniciado pela Revolução Russa. Trata-se, em última instância, da vitória do imperialismo contra a revolução mundial.

Esse trágico acontecimento para o proletariado e a maioria oprimida, no entanto, não modificou o caráter do capitalismo da época imperialista, que é de decomposição, guerras, revoluções e contrarrevoluções. O fato de ter prevalecido a contrarrevolução é provisório. A restauração e os profundos retrocessos das conquistas do proletariado apenas serviram ao reequilíbrio da dominação imperialista. Reequilíbrio esse do pós Segunda Guerra que já não mais se sustenta. As forças produtivas altamente desenvolvidas e a anarquia da produção social recolocaram em um patamar ainda mais alto as contradições do capitalismo que o levaram às guerras mundiais e às revoluções proletárias, como a da China em 1949. É importante assinalar que a restauração capitalista na China se interliga à restauração e destruição da URSS.

Nestes 107 anos da Revolução Russa e 75 anos da Revolução Chinesa, emergem as conquistas heroicas dos explorados, as ricas experiências da luta de classes, o programa da revolução social e a necessidade do Partido Mundial da Revolução Socialista. Emergem, também, as lições das derrotas e das traições levadas a cabo pelas direções que revisaram o marxismo-leninismo-trotskismo. A sombra das guerras mundiais voltaram a rondar a humanidade.

Hoje, a escalada militar – que vem ganhando força com a guerra na Ucrânia, com a guerra na Faixa de Gaza que se amplia podendo envolver o Oriente Médio e com a guerra comercial dos Estados Unidos com a China – tem potencial destrutivo muito superior ao das duas guerras mundiais passadas. Está claro que a restauração capitalista e a destruição da URSS favoreceram a retomada da ofensiva do imperialismo contra as nações oprimidas e contra a própria Rússia e China. É o que se verifica na barbárie que envolve as guerras na Ucrânia, Faixa de Gaza e Líbano. É o que se verifica com as tendências à generalização e à confrontação das potências de posse das armas nucleares. Nesse marco, emergem o programa da revolução social e o objetivo de restabelecer a transição do capitalismo ao socialismo, tendo por base as conquistas da Revolução de Outubro.

Nesse 107 anos da Revolução Russa, o Partido Operário Revolucionário, seção do Comitê de Enlace pela Reconstrução da IV Internacional, reconhece que o grande problema continua sendo a crise de direção. Hoje, mais profunda do que no passado, quando ainda a IV Internacional combatia a restauração capitalista sob o programa da revolução política. Hoje, o Programa de Transição da IV Internacional continua a responder plenamente à decomposição do capitalismo e a consequente barbárie social. A tarefa da vanguarda com consciência de classe se concentra na reconstrução do Partido Mundial da Revolução Socialista, a IV Internacional. O POR luta contra as guerras de dominação e em favor das guerras de libertação por meio da luta de classes e guiado pelo programa da revolução social.

Viva a Revolução Russa de 1917!

Pela construção dos partidos marxista-leninista-trotskistas!

Pela reconstrução da IV Internacional!