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16 maio 2018
16 de maio de 2018
Desde segunda-feira, 14 de maio, os operários da Mercedes estão em greve. Fracassaram as negociações em torno ao reajuste salarial, às cláusulas sociais e à demissão de mensalistas. A multinacional não admite nenhuma reivindicação que interfira nas suas metas de redução de custo da força de trabalho e de aumento dos lucros. Respondeu com um NÃO ao pedido do sindicato de negociar o reajuste salarial. Em lugar do reajuste, propôs um vergonhoso abono. Assim, o reajuste seria zero e o abono não passaria um tapa-buraco provisório. Os metalúrgicos sabem que o abono é uma forma de não valorizar o salário e, portanto, impor perdas.
A poderosa multinacional segue a tendência geral dos capitalistas de diminuir o custo da força de trabalho. A patronal chega ao ponto de colocar na mesa de negociação a exclusão da estabilidade ao acidentado e do complemento salarial até 120 dias de afastamento. Quanto à demissão dos mensalistas, a montadora alemã diz que precisa reduzir custo a qualquer preço. De maneira que, nas negociações, os operários ficariam sem o reajuste, perderiam conquistas sociais e, ainda por cima, arcariam com demissões.
A prepotência da patronal imperialista – a Mercedes explora os trabalhadores brasileiros para acumular capital em sua matriz alemã – é sem limites. O limite, no entanto, é dado pela greve. Para isso, deve ser uma greve firme e coesa. Uma greve com mobilizações diárias que ganhem as ruas, que percorram as fábricas da região e que convoque os demais metalúrgicos à unidade grevista. A direção da Mercedes tem de ter claro que a direção do sindicato não está blefando, com uma greve passiva e com tempo determinado para acabar. A direção da Mercedes tem de ter claro que os metalúrgicos estão em greve para vencer. É necessário que a direção do sindicato convoque a assembleia geral dos metalúrgicos, para decidir sobre a campanha salarial única de todos os metalúrgicos do ABC.
A greve da Mercedes não pode ficar isolada. Temos a certeza de que a campanha salarial dividida, por fábricas e por grupos, comparece enfraquecida diante da unidade patronal. Somente a unidade operária grevista e organizada por meio da assembleia geral pode impor um acordo coletivo, contrariando a flexibilização capitalista do trabalho e a reforma trabalhista.
A experiência dos metalúrgicos do ABC com os acordos de flexibilização da jornada de trabalho e salário tem sido catastrófica. Tais acordos serviram à redução dos salários, eliminação de direitos e à preparação das demissões em massa. Os fatos mostraram que tais acordos não detiveram as demissões. A própria Mercedes é a prova viva de como a multinacional usou os cortes de empregos para impor a flexibilização; e usou a flexibilização para chegar aos cortes de empregos. O enfraquecimento da luta coletiva permitiu que, agora, a empresa alemã simplesmente diga: não haverá reajuste algum, retirarei direitos e mandarei embora os mensalistas. Com a corda no pescoço, o Comitê Sindical de Empresa (CSE) se viu obrigado a movimentar o interior da fábrica e, finalmente, decretar a greve. O importante dessa nossa observação é que vem no sentido de defender a vitória da greve!
É preciso ter claro que a greve se choca com a imposição da reforma trabalhista da ditadura civil de Temer. Se choca com a generalização dos contratos de terceirização. E prepara a luta da classe operária contra a retomada da reforma da previdência. Esse é o motivo principal que deve unir não só os metalúrgicos do ABC, mas todos os explorados em defesa da greve da Mercedes. A greve geral de 28 de abril do ano passado mostrou o caminho da unidade dos trabalhadores, capaz de enfrentar a ofensiva geral da burguesia e seu governo. É preciso retomar esse caminho com mais decisão e mais firmeza. Retomar esse caminho contrário à política de conciliação de classes. Somente a classe operária organizada e independente poderá derrubar as reformas antinacionais e antipopulares do governo golpista.
É muito importante a derrota da montadora para que se fortaleça a convicção de todos os metalúrgicos de que não há outro caminho para enfrentar as demissões, os cortes salariais e a eliminação de direitos a não ser a luta grevista. A direção do sindicato e o CSE devem estender o movimento a todas as fábricas, começando por convocar a assembleia geral.
Pela vitória da greve dos metalúrgicos da Mercedes!
Unificar a campanha salarial em um só movimento grevista!
Convocar a assembleia geral!
Fortalecer a democracia operária, com assembléias livres e com as decisões coletivas!
Viva a greve dos operários da Mercedes!