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23 abr 2016
23 de abril de 2016
Por muito tempo, a atenção dos explorados foi atraída para as disputas interburguesas em torno do impeachment. Os sindicatos e as centrais se arrastaram por detrás dos governistas ou dos golpistas. De um lado, a CUT e aliados se dedicaram exclusivamente a garantir a sobrevivência de Dilma Rousseff. De outro,
a Força Sindical e aliados, vinculados ao partido Solidariedade, trabalharam pela derrocada do governo, colocando-se sob a política do PSDB.
A subordinação dos sindicatos e movimentos à solução da crise burguesa de governabilidade permitiu que os capitalistas demitissem livremente milhares e milhares de trabalhadores na indústria, construção civil, comércio e serviços. Permitiu que as condições de existência da maioria oprimida piorassem, atacadas pela alta do custo de vida e queda salarial. Permitiu que novas investidas governamentais quebrassem direitos trabalhistas e previdenciários. E permitiu que gobernadores descarregassem a quebra financeira dos estados da Federação sobre o funcionalismo e aposentados.
Não cansamos de denunciar que a campanha sistemática em torno do impeachment, seja a favor, seja contra, serviu de desvio da atenção dos explorados, que não puderam compreender, cada um por si mesmo, as reais causas da crise econômica e das demissões em massa que estremeceram o chão sob seus pés. Como é que em pouco tempo o desemprego saltou para mais de 10 milhões sem que houvesse resistência geral (a não ser isoladamente em alguns casos)? Com é que os salários foram sendo solapados em seu poder de compra sem que nada fosse feito? Essas questões permanecem.
É preciso travar um duro combate ao bloqueio montado pelas frações da burocracia ao movimento operário, que teve os sindicados e centrais condicionados à disputa interburguesa.
O governo de Dilma Rousseff está acabado. No entanto, a CUT, CTB, MST, UNE e MTST insistem em alimentar as ilusões em dar sobrevida a um cadáver político. A Força Sindical e congêneres, por seu turno, seguirão o aparato partidário do Paulinho no apoio ao governo golpista de Michel Temer.
A burguesia tem pela frente um grande problema: oxigenar um governo cuja missão é aplicar um radical plano antinacional e antipopular. A classe operária, ao contrário, tem como grande problema: responder à ofensiva dos capitalistas e aos ataques do governo golpista.
A instabilidade política do regime burguês, nas atuais condições, é favorável aos explorados. É preciso que se lancem imediatamente na defesa de suas reivindicações e coloquem em pé um poderoso movimento nacional antes que o governo golpista ocupe seu posto no Estado.
Não é essa a avaliação da burocracia sindical cutista, dos petistas e de seus aliados. Pretendem manter a política de defesa da democracia e da institucionalidade. O que resultará em prostração diante do governo golpista.
Já desponta nas hostes petistas e mesmo em uma parcela da hoste golpista a bandeira de convocação de novas eleições. Há setores da burguesia e do imperialismo que entendem que o melhor a se fazer é constituir um novo governo e Congresso Nacional convocando a população a votar, caso o PMDB não consiga estabilizar a situação política. Pretende-se criar uma válvula de escape para o caso de impasse das forças golpistas e de descontentamento popular.
Os explorados, a juventude oprimida e sua vanguarda devem rechaçar essa via desde já. Não pode haver dúvida de que não se trata de estabelecer um novo governo burguês pela via “democrática”.
A tarefa consiste em organizar uma frente única sindical, nacional e de luta por um plano de reivindicações de defesa dos salários, empregos e terra aos pobres do campo. Esse plano, se aplicado por meio de assembleias, de organização de comitês de base e de luta direta, permitirá aos explorados expressarem seus instintos de revolta, superarem as influências da burguesia e despertarem a consciência social para a independência política. Esse plano, ao se dirigir contra o governo golpista e aos exploradores, fortalecerá a confiança dos oprimidos em suas próprias forças. O desenvolvimento da luta de classes é a condição que falta para se estabelecer a unidade operária e camponesa sobre a base de um programa de expropriação do grande capital e estatização do sistema financeiro. E para os explorados prestarem atenção na propaganda da estratégia revolucionária de luta pelo poder, pela constituição de um governo operário e camponês e pelas transformações democráticas e socialistas do país semicolonial.