• 29 abr 2016

    Por um 1º de Maio Operário e Socialista

29 de abril de 2016

Responder aos ataques dos capitalistas e de seus governos com greves, manifestações, ocupações e bloqueios

Constituir uma frente única de ação em defesa dos empregos, salários, moradia, saúde, educação e terra aos camponeses

Organizar um movimento nacional desde já contra o governo golpista de Michel Temer, do PMDB, PSDB, DEM e demais partidos aliados

 

Um 1º de Maio dividido

Mais uma vez, temos um 1º de Maio fragmentado. A responsabilidade recai sobre as direções sindicais, sejam de direita, sejam de esquerda. Não por acaso, o divisionismo burocrático deu lugar a inúmeras centrais sindicais, quando os explorados necessitam de uma única central operária, democrática, independente e de luta.

Diante da política burguesa de descarregar a crise econômica sobre a maioria oprimida – demissões em massa, perdas salariais, quebra de direitos trabalhistas, destruição da previdência, assassinatos de camponeses, avanço da miséria e brutal repressão policial –, as centrais mantiveram o divisionismo e não se dispuseram a constituir uma frente única nacional de defesa da vida das massas.

A política burguesa e pequeno-burguesa penetrou fundo nas organizações operárias e não puderam ser superadas no movimento camponês. Isso explica a enorme divisão e a sua impotência diante dos ataques cerrados da burguesia.

As condições para a luta unitária estão dadas. A necessidade e disposição de combate dos explorados se mostram à luz do dia. Mas estes não encontram os meios para se levantarem com uma só voz, uma só força. Esse é o grande obstáculo que se reflete no 1º de Maio.

 

A burguesia procura um caminho para despejar ainda mais a crise sobre as massas

A burguesia vem atuando abertamente para resolver a crise política. Seus partidos que remontam à velha estrutura oligárquica acabaram se unindo para derrubar o governo do PT. Desfecharam um golpe institucional.

No momento, o governo burguês de Dilma Rousseff é um cadáver insepulto e o de Michel Temer, um velho carcomido que necessita de todas as muletas para se erguer. No entanto, as direções sindicais continuam amarradas ao morto ou ao caquético. Sem dúvida, a burguesia e o imperialismo saberão enterrar o governo de Dilma e vitalizar momentaneamente o de Temer. Isso se os explorados continuarem submetidos às posições burguesas e pequeno-burguesas de suas direções sindicais e políticas.

Os prenúncios do governo golpista são visíveis: Temer atacará imediatamente os trabalhadores. Não há outra via para a classe patronal se proteger da desintegração do capitalismo a não ser sacrificando a vida das massas. As direções burocráticas e conciliadoras, porém, procuram um novo desvio para o descontentamento da maioria. Levantam a bandeira de eleições.

Uma vez concluída, com o impeachment, uma das etapas da crise política, o problema agora é o de formar um governo burguês que estabilize a situação. Se Temer não servir a esse objetivo, as eleições antecipadas podem ser o meio para reordenar as forças burguesas no Estado. As massas serão chamadas a eleger um governo, depois de o Congresso Nacional ter passado por cima dos 54 milhões que reelegeram Dilma Rousseff. Passariam assim uma borracha no golpe de Estado.

 

Defender a independência de classe e a unidade na luta contra os capitalistas e seus governos

O 1º de Maio está profundamente comprometido com essa situação. A Força Sindical e congêneres se apresentarão como um pilar do governo golpista. A CUT, CTB, MST, UNE e demais instrumentos do PT assinalarão o caminho das eleições presidenciais, como alternativa à impossibilidade de ressurreição de Dilma Rousseff. Há ainda os que não viram (ou dizem que não viram) que o golpe já foi dado, se deslocam em direção do apoio ao governo morto, e se propõem a oxigenar seu cadáver.

A CSP-Conlutas, instrumento do PSTU, que negou a existência do golpe, fará seu 1º de Maio sob a bandeira de “Fora Todos, eleições gerais, alternativa dos trabalhadores”. Rompeu com o 1º de Maio de luta da Praça da Sé para ir adiante com sua linha político-eleitoral do “Fora Todos”. Como se vê, faz parte do enorme divisionismo.

Ao longo da disputa em torno do poder do Estado, os capitalistas demitiram em massa, rebaixaram os salários e os governos impuseram medidas antipopulares. Muitas foram as greves e manifestações, que refletiram uma forte tendência de luta no seio dos explorados. Foram, no entanto, isoladas, mutiladas e derrotadas. Os sindicatos e centrais desviaram as necessidades da maioria oprimida para a disputa interburguesa em torno do impeachment. Perdeu-se um importante momento para se organizar um movimento de resistência aos ataques da burguesia.

O Partido Operário Revolucionário chama operários, camponeses e jovens oprimidos a rechaçarem a política de colaboração de classes, de divisionismo e de prostração diante do poder da burguesia. Chama a organizarem um movimento de frente única nacional em defesa dos empregos, salários, moradia, saúde, educação e terra aos camponeses. Chama a libertarem os sindicatos da burocracia sindical. Chama a imporem a sua própria democracia de classe explorada. Chama a levantarem uma plataforma de reivindicações diante do governo golpista de Michel Temer. Chama a se colocarem e lutarem sob a bandeira de um governo revolucionário, um governo próprio da maioria oprimida, um governo operário e camponês.

É preciso reconhecer e levar a sério a constatação de que o grande problema de nossa época se encontra na crise de direção revolucionária. Ou seja, na ausência de poderosos partidos do proletariado e de uma organização mundial capaz de centralizar programaticamente os combates que se desenvolvem em toda a parte.

Acabamos de assistir à fragilidade, inconsistência e incapacidade das esquerdas presas ao reformismo, centrismo, democratismo e particularismo burocrático diante da mais profunda crise política desde o fim da ditadura militar. Não foram capazes de combater o golpismo desde o campo do proletariado e da independência política. Não se dispuseram a defender o programa de reivindicações dos explorados.

 

Responder à crise econômica e à barbárie capitalista

Na base da crise política, está a poderosa crise econômica. Trata-se da aguda crise geral de superprodução, de excesso de parasitismo financeiro, de brutal exploração das massas, de alta concentração de riquezas e de saque dos países semicoloniais pelo imperialismo. O Brasil foi e vem sendo arrastado pela desintegração mundial do capitalismo. É também o que observamos no conjunto da América Latina.

O PT e seu governo iludiram os explorados de que se tratava de um momento difícil, mas passageiro. De que com paciência as coisas iriam se ajeitando. Haveria de se fazer algum sacrifício, mas que as “conquistas” sociais seriam preservadas. O resultado tem sido mais de dez milhões de desempregados, a miséria e a fome tomando conta das famílias operárias. É imprescindível acabar com a ilusão de que a crise é resultado natural de um ciclo e de que logo mais os explorados terão de volta seus empregos e salários.

O certo é que enquanto a burguesia não destruir em grande escala parte das forças produtivas não haverá uma retomada econômica, a não ser passageira, para logo em seguida mergulhar na retração. Destroem-se forças produtivas reduzindo drasticamente postos de trabalho, fechando fábricas, quebrando o comércio e destruindo países inteiros por meio de guerras (Iraque e Síria, por exemplo). É o que vem ocorrendo! Não se pode ter qualquer dúvida de que os explorados estão diante do avanço da barbárie e esta ameaça mais e mais a vida de milhões de seres.

O capitalismo já não possibilita que as forças produtivas se desenvolvam livre e amplamente. Não faz muito, o imperialismo e seus porta-vozes nacionais diziam que com a “globalização” se abririam as portas ao infinito. O desemprego reduziria, a miséria acabaria, os países retardatários veriam suas economias florescerem e todos teriam acesso à tecnologia avançada. A poderosa crise aberta em 2008 se encarregou de pôr abaixo a farsa burguesa da cooperação harmônica. As potências se lançam vorazmente contra os povos e nações oprimidas.

Estamos diante do rearmamento mundial. O imperialismo alimenta as tendências bélicas da economia monopolista e o intervencionismo. O que expressa o potente choque entre as forças produtivas e as relações capitalistas de produção. Essas tendências definem que tipo de governo e de política a burguesia mundial necessita. Não será, portanto, com posições democratizantes, eleitoreiras e pacifistas que as massas poderão combater a marcha da reação.

 

A independência política depende da construção da direção revolucionária

O golpe institucional contra o governo do PT prenuncia dias difíceis que os explorados têm pela frente. Uma das tarefas mais urgentes é a de superar o predomínio da política reformista e centrista no seio da vanguarda. Para isso, é fundamental a defesa das reivindicações das massas e da estratégia da revolução proletária. Uma não deve estar desvinculada da outra.

A construção dos partidos revolucionários e a reconstrução do Partido Mundial da Revolução Socialista, tendo por fundamento o Programa de Transição da IV Internacional, é a única via de superação da crise de direção que se abate sobre o movimento mundial do proletariado em consequência das revisões e traições do estalinismo.

O 1º de Maio deste ano, no Brasil, está fadado à impotência e aos desvios burgueses e pequeno-burgueses. É um alerta para a classe operária e a sua vanguarda sobre a necessidade de construir seu partido marxista-leninista-trotskista e combater a burguesia com o programa da revolução social.

Viva o 1º de Maio Operário e Socialista!

Viva o internacionalismo proletário!

Organizar o combate da maioria oprimida sob o programa e a estratégia da revolução proletária!