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30 set 2018
30 de setembro de 2018
A grande maioria da população desconfia e despreza os partidos da burguesia e seus candidatos. E tem motivos de sobra. Diante do descontentamento das massas, instituições, partidos, igrejas, sindicatos e imprensa realizaram uma campanha unificada para arrastar milhões a votar nos candidatos. Condenaram a abstenção, o voto nulo e branco. Regozijaram-se, em nome da “democracia”, que é burguesa, por terem conseguido minar a resistência das massas.
Entra e sai governo, sem que suas condições de vida melhorem. Pelo contrário, o desemprego, subemprego e o salário mínimo de R$954,00 empurraram milhões de famílias a uma miséria ainda maior. O sistema de saúde e a escola pública estão sucateados. Os capitalistas vêm aplicando a reforma trabalhista e ampliando a terceirização. A média salarial abaixa. Os camponeses estão mais e mais subordinados ao agronegócio. O País arca com o insuportável peso da dívida pública. A economia não tem como dar um salto no crescimento. A indústria regride. Os serviços ocupam seu espaço. O parasitismo financeiro se superpõe à produção.
As massas, portanto, têm carregado nas costas a insuportável carga da crise estrutural do capitalismo. Enquanto isso, os banqueiros saqueiam o Tesouro Nacional. Os capitalistas nacionais continuam concentrando mais propriedade e riqueza. O governo promove as privatizações. E o capital imperialista avança seu domínio sobre a economia do Brasil.
Seja quem for o candidato eleito a presidente, continuará a governar para a burguesia e a subordinar a vida da maioria às leis econômicas do capitalismo em decomposição. O Congresso Nacional seguirá nas mãos do MDB, PSDB, DEM e da raia miúda que reúne força no centrão, nas bancadas da Bíblia, do Boi e da Bala. E que se apóiam nas Forças Armadas e na polícia para governar. Aí está o real poder político!
Não será possível eleger uma fração proletária, revolucionária, que pudesse utilizar o parlamento apenas como tribuna para se dirigir aos explorados, para incentivar as lutas, para denunciar o governo burguês, para se colocar à frente das greves, para opor os interesses dos pobres aos dos ricos, para elevar a consciência de classe do proletariado e para trabalhar pelo socialismo. Não é possível porque a classe operária não tem o seu partido, formado e temperado na luta de classes. Esse partido está sendo construído.
Essas eleições têm uma particularidade. Ocorrem depois do golpe de Estado, que derrubou o governo do PT, e de dois anos de ditadura civil. Depois de o Congresso Nacional impor a reforma trabalhista, a lei da terceirização e a reforma do ensino médio. Depois da entrega do pré-sal e de parte da Eletrobras às multinacionais. E depois da entrega da Embraer à Boeing. Nada do que foi feito pelo governo de Temer será desfeito. Ao contrário, queira ou não, o próximo governo terá de manter as diretrizes ditadas pelo imperialismo diante da crise econômica. Os explorados não devem acreditar em um só fio de cabelo nas promessas eleitorais, que prometem mudar o curso da política econômica e das medidas antinacionais e antipopulares.
Nesse momento, quando a coligação PT-PCdoB pode alcançar o segundo turno, aumenta a pressão para unir as esquerdas em torno de Haddad. Ao mesmo tempo, Haddad já pede que os capitalistas comecem a abrir alguma de suas portas para entabular a reconciliação. O ultradireitista, Jair Bolsonaro, por sua vez, reforça suas fileiras com a adesão de importantes grupos empresariais. Ambos os movimentos dirigidos a determinadas frações da classe capitalista indicam que o eleito iniciará seu governo preso a compromissos com os inimigos dos explorados.
A esquerda, PSOL e PSTU, estão perdidos em meio às disputas interburguesas. O PSOL disparou seu socialismo pequeno-burguês. Procura aproveitar a rejeição das mulheres ao fascista Bolsonaro. O PSTU caminha por trás do PSOL, procurando se distinguir mais à esquerda com a bandeira de “rebelião popular”. O oportunismo eleitoral da esquerda reformista e centrista foi esmagado pela polarização que se armou entre a candidatura de Bolsonaro e Haddad, como se a candidatura petista fosse a salvação da democracia contra o fascismo.
Nossa luta no campo eleitoral, sempre, se guia pela defesa da independência de classe do proletariado e dos demais explorados. Não há nenhum partido de esquerda que verdadeiramente expresse as reivindicações, a estratégia e a tática revolucionária. A defesa do voto nulo, pela construção do partido operário revolucionário, é a única via possível, nessas circunstâncias, de preservar a independência de classe e combater as ilusões democráticas das massas.
Operários, camponeses e juventude oprimida, votem nulo contra toda a política burguesa e pela construção do partido da revolução proletária!