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26 out 2018
O que ou quem está por trás das incursões policiais nas universidades públicas
Organizar a luta em defesa da autonomia universitária
26 de outubro de 2018
No último dia 25/10, mais de vinte universidades públicas pelo país sofreram incursões policiais, a mando de juízes ou de setores da burocracia universitária reacionária, que buscaram reprimir as manifestações contra a candidatura de Jair Bolsonaro ou em favor da de Fernando Haddad. Alguns sindicatos docentes também foram vítimas de invasões policiais. O tradicional evento do CA da ECA/USP, Quinta e Breja, também sofreu repressão da Guarda Universitária, ajudada por policiais militares.
O fato de concretizar um ataque geral, voltado especificamente às universidades públicas e suas organizações sindicais e estudantis, mostra que se trata de uma ofensiva articulada. As denúncias e pedidos de intervenção policial foram encaminhados a juízes por todo o país, simultaneamente, o que resultou em ações que ocorreram por mandados diferentes para cada instituição, porém, todos no mesmo dia.
Revelou-se uma ação coordenada da direita fascistizante, certamente com poder econômico e político para realizá-la, manejando o poder judiciário eleitoral.
Está claro que foi uma manifestação das tendências fascistizantes da burguesia na situação atual. A repressão ao livre direito de manifestação e expressão é parte delas.
O POR tem alertado aos movimentos sociais da necessidade de organizar as massas para enfrentar as tendências fascistizantes, não pela via do eleitoralismo, e sim pela defesa das reivindicações mais sentidas, organização de comitês de frente única de luta (e não de caça ao voto), da retomada do caminho da greve geral de 28 de abril de 2017, de manter a independência de classe diante de qualquer governo burguês, e de construir o partido revolucionário. Criticamos o PT e as esquerdas em geral por não se colocarem por essa via, mas pela organização de comitês eleitorais, que alimentam as ilusões de que o voto no PT derrotaria o fascismo. A campanha pelo voto em Haddad, nas condições em que o PT se nega a mobilizar as organizações de massa para enfrentar a burguesia e assume para si uma série de concessões políticas e econômicas à direita burguesa, ajuda a preparar o terreno ao fascismo.
As incursões policiais nas universidades, que não tiveram uma resistência organizada e preparada para reagir, com a ação direta e a mobilização geral, contra a repressão, mostra que a necessidade da organização de base, de forma independente e voltada para a luta nas ruas, é uma necessidade, que tem sido renunciada pelas esquerdas.
Apoiamos as manifestações de protesto contra a repressão policial, porém, reafirmamos que a defesa das liberdades democráticas se fará a partir da luta nacional de massa contra os capitalistas e seus governos, de esquerda ou direita. Não defendemos a democracia em geral, porque a democracia que existe é a democracia burguesa, que é expressão da ditadura de classe dos exploradores sobre os explorados. Nossa defesa das liberdades democráticas, que fazemos estritamente desde uma posição de independência de classe, serve para que possamos construir, dentro do regime atual, os elementos da democracia proletária, que se erguem quando as massas se mobilizam por suas reivindicações (assembleias, comandos, comitês, etc.). A defesa da democracia em abstrato, como fazem as esquerdas, serve para ajudar a preservar a ditadura de classe da burguesia, e isso rechaçamos.
Exigimos que as direções da UNE, DCEs e CAs lancem, imediatamente, uma campanha de defesa da autonomia universitária, direito de expressão, organização e manifestação. Exigimos que convoquem as assembleias universitárias, que reúnam estudantes, funcionários e professores. Chamamos os que estudam e trabalham nas universidades a responderem à repressão policial sobre o direito de manifestação e expressão por meios de comitês de luta, que devem partir da unidade ao redor das reivindicações de defesa da universidade pública e gratuita, contra o privatismo e ingerência capitalista de governos e da polícia, e junto aos demais explorados, em suas reivindicações de luta contra as reformas antinacionais e antipopulares, levadas a cabo por Temer e empunhadas pelo futuro governo eleito. Somente a luta de classes pode de fato enfrentar e derrotar a repressão, que é de classe.