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31 dez 2018
30 de dezembro, de 2018
A declarada subserviência do governo de Bolsonaro a Trump trouxe, consequentemente, o apoio ao governo sionista de Israel. Representa uma considerável mudança na política externa do Brasil. A promessa de transferir a embaixada brasileira de Tel-Aviv para Jerusalém não é apenas uma simbologia diplomática. Indica a conivência com a política expansionista e de integração total da Palestina ao Estado judeu. Acima de tudo, está posto o apoio ao intervencionismo imperialista dos Estados Unidos, sobretudo, no Oriente Médio. O que significa, em última instância, colocar o Brasil por detrás da diretriz militarista em geral.
A realização da transferência da embaixada não é uma decisão soberana do Brasil, mas um gesto de seguidismo a Trump. Em nenhum momento, a população – entre ela a classe operária – discutiu a guerra permanente entre judeus e palestinos. Não se tem a compreensão e a consciência histórica da instalação do Estado sionista nas terras palestinas e no âmbito das relações nacionais no Oriente Médio. O fato de Bolsonaro ter anunciado, nas eleições de outubro, essa intenção não lhe autoriza a cumpri-la em nome da maioria dos brasileiros. Mas o fará porque a burguesia o está autorizando. Não importa se parte dela considera que não é uma boa medida para a política externa do Brasil.
Somente a classe capitalista, seus políticos, acadêmicos e porta-vozes sabem perfeitamente o significado estratégico da virada radical que o novo governo pretende impor ao País. As massas não têm a mínima ideia de que se está empurrando o Brasil para o imenso choque mundial, que vem sendo preparado e desenvolvido desde os Estados Unidos. A maioria explorada foi arrastada a eleger um governo, que compromete profundamente a soberania e própria democracia burguesa.
A transferência da embaixada brasileira não teria nenhuma importância, caso não contribuísse para quebrar o isolamento da decisão de Trump. Ocorre que Trump alterou o curso que vinha sendo percorrido pelo governo de Obama, em comum acordo com as demais potências imperialistas. Mantinha-se em pé a velha e infindável discussão sobre dois Estados, embora o expansionismo colonialista da burguesia judia praticamente tenha inviabilizado essa possibilidade.
O controle total de Jerusalém é o marco mais avançado para o domínio geral sobre o território palestino. Em duas guerras vitoriosas, o Estado de Israel, apoiado pelos Estados Unidos, se constituiu em uma potência militar e policial. Não foi suficiente, porém, a anexação de parte do território palestino. Pela via da ocupação territorial, os sionistas praticamente impossibilitaram a aplicação da resolução original de dois Estados.
É importante ter claro que o governo brasileiro não está apenas transferindo uma embaixada. Está admitindo rasgar a resolução da ONU. Lembremos que, em 1947, quando se decidiu pela divisão da Palestina em dois Estados, como consequência da partilha do Oriente Médio, após a 2ª Guerra Mundial, o brasileiro Oswaldo Aranha presidiu essa sessão da ONU. Bolsonaro, seguindo Trump, engata o Brasil por trás do expansionismo sionista e do esmagamento da resistência palestina.
A resolução de 1947, de fato, foi uma imposição dos Estados Unidos, que tinham perfeitamente claro que o objetivo era o de implantar a qualquer custo o Estado sionista. Não haveria Estado palestino. Assim se passou, por meio de guerras e de intervenções militares. A população oprimida brasileira não conhece e nunca teve oportunidade de conhecer a real história da implantação do Estado de Israel. Se conhecesse e soubesse que os Estados Unidos utilizaram-se do Estado sionista para construir um enclave no Oriente Médio, certamente, não aprovaria Bolsonaro e se revoltaria contra a submissão do Brasil à política mundial do imperialismo norte-americano.
É necessário assinalar que os governos brasileiros nunca foram capazes de mostrar ao povo a responsabilidade por ter presidido a sessão da ONU de 1947. Nunca foram capazes de sequer defender ativamente a aplicação da resolução que aprovou. Sempre estiveram por detrás da farsa norte-americana dos dois Estados. A diferença com Bolsonaro é que, nas inúmeras discussões ao longo da existência da ONU, a diplomacia brasileira se alinhou formalmente ao direito dos palestinos terem um Estado. E, assim, não seguiu automaticamente as posições dos Estados Unidos em apoio a Israel contra os palestinos. Mesmo a ditadura civil de Temer se cuidou em não romper essa tradição diplomática.
A virada é tal que, pela primeira vez, um governo sionista participa da posse presidencial. Felizmente, para o povo venezuelano e cubano, seus países foram desconvidados. Não se trata simplesmente da constituição de um novo governo burguês eleito pelo voto popular. Mas de um governo ditatorial, militarista e fascistizante. A classe operária e demais explorados devem rechaçar a presença do sanguinário Netanyahu.
Bolsonaro e sua camarilha de generais se vangloriaram por ter erguido a bandeira contra a corrupção e por terem sido eleitos para moralizar o País. No entanto, Netanyahu é um corrupto público e notório. Está metido em fraudes milionárias. Esse fato não tem a mínima importância para os moralistas pequeno-burgueses e burgueses, que ocultam sua própria marginalidade.
A influência da religião na decisão de Bolsonaro é significativa. Os evangélicos colocaram seu império para arrastar uma importante parcela das massas exploradas a eleger a ultradireita militarista. É clara a conexão entre os neopentecostais com o sionismo. A impostura religiosa montada em torno a Jerusalém oculta o intervencionismo imperialista dos Estados Unidos no Oriente Médio e o bárbaro colonialismo da burguesia judia. Na história, a religião foi utilizada para a conquista e dominação de povos. A exigência da hierarquia religiosa de que se deve cumprir a promessa de campanha eleitoral reforça a ascendência das igrejas sobre o governo. O vínculo entre militares e igrejas, que solda o governo de Bolsonaro, expressa, de um lado, a militarização da política e, de outro, a sua sectarização, o seu fanatismo religioso. Essa composição política se assenta nas diretrizes do imperialismo para a crise econômica, que se desenvolve desde 2008.
É necessário que o movimento operário, camponês e popular se organize no terreno da independência de classe para enfrentar a nova situação que se abre com o governo militar-religioso. Essa é a via que burguesia tem, no momento, para proteger o grande capital, os interesses das potências e descarregar a crise sobre a maioria oprimida. O programa e a estratégia capazes de organizar a maioria oprimida são o da revolução proletária e constituição de um governo operário e camponês.
A bandeira de “Fora o sionista sanguinário do Brasil” deve ser dirigida contra o novo governo de Bolsonaro, serviçal dos Estados Unidos.
Em defesa da independência e soberania do Brasil diante do imperialismo!
Abaixo o governo ditatorial, militarista, religioso e fascistizante de Bolsonaro!