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03 dez 2019
Massacre em Paraisópolis
Mais uma barbárie capitalista contra a juventude
Na madrugada do sábado para o domingo, dia 1 de dezembro, a polícia militar de São Paulo assassinou 9 jovens, no “Baile Funk DZ7”, na favela de Paraisópolis, zona sul de São Paulo. Mais de uma dezena de pessoas ficaram feridas. Num baile com milhares de pessoas, a imensa maioria de jovens, com o comércio local funcionando, a PM chegou atirando, jogando bombas de gás e distribuindo socos, pauladas e pontapés. Na correria, vários jovens foram pisoteados, e nove assassinados pela polícia. É fundamental dizer que esse caso não está separado dos problemas gerais que vem enfrentando a classe operária e demais oprimidos, particularmente a juventude pobre da periferia.
A declaração da polícia foi a de se eximir da responsabilidade e dizer que se tratava de uma perseguição a dois rapazes de moto, que fugiram e se esconderam no local do baile. Curiosamente, ninguém viu a moto, de maneira que a polícia se vale, como sempre, de falsificação. A reação do governador João Doria foi a de exaltar a polícia paulista e seu “protocolo” de segurança pública. Certamente, só pode ser o protocolo de matar. Diante da indignação, até mesmo da hipócrita imprensa burguesa, Doria pediu que seu próprio aparato policial investigue e puna os responsáveis. Como se fosse possível ser juiz e parte ao mesmo tempo.
A favela de Paraisópolis conta com mais de 100.000 moradores. É cercada por condomínios de luxo, enquanto apenas um terço de seus moradores tem rede de esgoto em casa. 60% fazem “gato” para obter eletricidade, e metade das ruas não é asfaltada.
O capitalismo não tem absolutamente nada para oferecer à juventude pobre e à maioria explorada. A exploração do trabalho e a acumulação de capital (pela propriedade privada dos meios de produção) colocam riquezas incalculáveis nas mãos de poucos e entregam miséria infinita à grande maioria da população. Por sua vez, a juventude continua sendo massacrada pelo Estado burguês. A exemplo das mortes diretas, como no caso de Lucas, e tantos outros. Seja pela violência e repressão cotidianas, como no baile em Paraisópolis. Seja pelas prisões sem prova, como nos casos de Rafael Braga, Sidney Sylvestre e tantos outros. Ou mesmo pela destruição das condições de vida, desemprego, subemprego, etc.
A juventude é o grupo social que mais sofre as mazelas do capitalismo, representa aproximadamente 50 milhões de brasileiros (23% da população), mas, sozinha, representa mais de 40% dos desempregados. Entre aqueles que têm emprego, são os que trabalham mais horas, com menos direitos e recebem menos. 40% deles começam a trabalhar (fazer bicos) com 14 anos ou menos, a exemplo do relato da mãe de Denys (um dos jovens assassinados), que disse “meu filho não era bandido, era um trabalhador”, de 16 anos. Todos estes dados agravam as condições de existência dos jovens pretos, e assim todos os dados de violência pioram se são jovens pretos e pobres. Esses fatores econômicos e sociais são importantes para que se possa entender o aconteceu em Paraisópolis no fim de semana. A decomposição capitalista traz o avanço de todas as formas de barbárie desse sistema apodrecido.
A burguesia e seus governantes não têm nada a oferecer aos milhões de jovens. Basta ver a decisão de Bolsonaro/Guedes de impor o “Programa Verde Amarelo”, para isentar de uma série de taxações os capitalistas, que contratarem jovens com salários miseráveis e sem nenhum direito trabalhista. A reforma trabalhista e a lei da terceirização são ataques violentos à maioria explorada. As medidas educacionais dos governos expulsam milhares de jovens das escolas. Não por acaso, boa parte da juventude nem trabalha, nem estuda, por única responsabilidade da burguesia e de seus governantes. E, para conter a revolta dos oprimidos, a saída são os “protocolos” de segurança, que dão a liberdade à polícia de matar, eximindo-a de responsabilidade. O “excludente de ilicitude” proposto por Moro/Bolsonaro, que nada mais é do que a permissão para o policial matar, é outra medida que afeta diretamente a juventude pobre, que diariamente se depara com todo tipo de violência, originada na sociedade de classes.
A polícia é o braço armado do Estado. Os governos devem ser responsabilizados pela matança de jovens, crianças e povo pobre das favelas. Doria é o responsável direto pelas mortes em Paraisópolis. Mas, como dissemos, os responsáveis ficam sempre impunes. Os governantes, na realidade, são representantes da burguesia, que se utiliza do poder do Estado para manter sua dominação de classe e sustentar o capitalismo em decomposição. Está aí por que a Justiça e as leis são para criminalizar a maioria oprimida. O mais provável, assim, é que isolem o caso e reeditem a enfadonha tese de que se tratou de um caso isolado. Um ou outro policial pode receber alguma medida punitiva, para mostrar à população que houve apuração e responsabilidades. Enquanto isso, a Secretaria de Segurança Pública, sob o comando do governo do estado, continuará autorizando a matança da juventude nas favelas.
O Partido Operário Revolucionário denuncia os crimes da burguesia, de seus governantes, que inclui o aparato militar-policial. Rechaça as investigações sob o comando dos próprios assassinos. Defende que somente um Tribunal Popular poderá fazer a investigação e punir, de fato, os verdadeiros responsáveis pelas chacinas, como essa de Paraisópolis. Faz a defesa da juventude, levantando a bandeira de “nenhum jovem sem trabalho, nenhum jovem fora da escola”. Rejeita os programas e reformas governamentais que sacrificam ainda mais os milhões de jovens e os explorados em geral. Denuncia as direções sindicais, que se recusam a organizar a classe operária e demais oprimidos para enfrentar as contrarreformas, que incluem as medidas repressivas contra o povo pobre e miserável. E trabalha para pôr em pé o partido revolucionário, que tem como estratégia a destruição do capitalismo, raiz da exploração e miséria de milhões, pela via da revolução proletária.