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04 jan 2020
Manifesto do Partido Operário Revolucionário
Estados Unidos preparam guerra contra o Irã
3 de janeiro de 2019
Em 3 de janeiro, após uma ordem secreta de Donald Trump, a Força Aérea dos Estados Unidos fulminou o general iraniano Quasem Soleimani, chefe militar da Guarda Revolucionária, com um ataque realizado por drones, no aeroporto de Bagdá.
O assassinato de Soleimani aconteceu três dias após a embaixada norte-americana, no Iraque, ter sido alvo de protestos aos gritos de “Morte aos Estados Unidos!”, convocados em resposta ao massacre perpetrado pelas forças norte-americanas, em 29 de dezembro do ano passado, que deixou pelo menos 25 mortos em atentados na fronteira entre Iraque e Síria.
Trump festejou o ato terrorista, justificando-o como prevenção contra supostos atentados que estariam sendo planejados pelo Irã, “para atacar diplomatas norte-americanos e militares no Iraque e em toda a região”. O primeiro-ministro israelense, Benjamim Netanyahu, defendeu a decisão como se fosse em “legítima defesa”. O Aiatolá Ali Khamenei, a mais alta autoridade no Irã, ameaçou revidar e deflagrar um conflito em grande escala. O primeiro ministro do Iraque, Adel Abdelmahdi, denunciou a violação de sua soberania nacional. O mais provável é que as ameaças sirvam para dar uma satisfação ao ódio da população à prepotência do imperialismo.
O ataque constituiu uma declaração de guerra ao Irã. Há muito, os Estados Unidos e Israel preparam uma intervenção, como a ocorrida no Iraque e Afeganistão. O acordo montado pelo ex-presidente Barak Obama, com apoio das potências europeias, Japão e Rússia, adiou o conflito. Trump rompeu o acordo, e indicou o caminho da escalada militar. Ocorre que os EUA não podem permitir o crescimento da influência iraniana na região. O que vem se passando, principalmente, desde a derrota do Estado Islâmico.
Na base da ofensiva dos Estados Unidos/Israel contra o Irã, está a retomada da crise mundial, que eclodiu em 2008, e não foi superada. Em outras palavras, avança a decomposição do modo de produção capitalista, nas condições em que o mercado mundial está estagnado, a indústria retrocede, agricultura enfrenta dura concorrência, e o parasitismo financeiro tende a desabar.
A ofensiva dos Estados Unidos contra o Irã expressa o avanço da barbárie imperialista. Reflete o esgotamento da partilha do mundo do pós-guerra. Assinala a impossibilidade de resolver essas contradições estruturais, históricas, por vias pacíficas.
No caso de Oriente Médio, esse esgotamento foi já assinalado com a Guerra do Golfo, contra o governo de Saddam Hussein, em 1990. A ocupação militar do país demostrou que a manutenção da hegemonia norte-americana nessa região exigia impor uma nova partilha de recursos naturais, e quebrar qualquer entrave erguido por qualquer governo ou movimento aos objetivos imperialistas.
O intervencionismo imperialista por acima das fronteiras nacionais e as guerras como método de solução às graves convulsões políticas decorrem das violentas contradições entre as forças produtivas, altamente desenvolvidas, com as fronteiras nacionais e as relações de produção. Essas contradições não podem ser resolvidas, enquanto se mantiver a grande propriedade privada monopolista sobre os meios de produção.
Não se acabará com a prepotência imperialista sem destruir suas bases materiais na região, expropriando a grande propriedade privada monopolista, sem travar a luta pela derrocada revolucionária dos governos títeres, por meio da insurreição das massas, e sem que os oprimidos da região desenvolvam os métodos da luta de classes, e voltem as armas contra o imperialismo e seus vassalos.
A classe operária e os explorados em todo o mundo devem condenar o ataque militar ao Irã. Trata-se de defender a nação oprimida contra os seus opressores imperialistas. É preciso, portanto, começar a luta anti-imperialista em cada país. Aqui, no Brasil, o POR rechaça e denuncia o apoio do governo Bolsonaro à política de guerra de Trump. Os maiores terroristas são os Estados Unidos, que estão envolvidos em todos os conflitos mundiais, e se valem de seu poderio militar para impor sua hegemonia e saquear as débeis nações oprimidas. É preciso também desmascarar os governos que lamentam sobre os perigos da escalada de violência no Oriente Médio. O que está posto é a preparação das condições de guerra dos Estados Unidos e Israel, contra o Irã. A bandeira da classe operária mundial e dos povos oprimidos é a de pôr em pé um movimento contra o intervencionismo norte-americano.
Estão colocadas as condições objetivas para que as massas oprimidas do Oriente Médio se levantem unidas contra os saqueadores do mundo, e avancem na construção de uma frente única anti-imperialista, possibilitando o armamento das massas, e a constituição de uma organização independente, que supere as fronteiras nacionais e sectarismo religioso. O que assinala a urgente necessidade de reconstruir o Partido Mundial da Revolução Socialista, a IV Internacional, retomando assim os métodos e tradições internacionalistas da luta dos explorados e oprimidos, contra seus opressores comuns.
Somente a ação revolucionária das massas, sob a direção e o programa do proletariado, poderão derrotar o imperialismo e romper com o sectarismo nacional-religioso, organizando-as sob o programa dos Estados Unidos Socialistas do Oriente Médio.
Morra o imperialismo e seus serviçais na região! Expulsar as forças de ocupação norte-americana do Iraque! Armar as massas oprimidas para derrotar os opressores e genocidas dos povos! Construir a Frente Única Anti-Imperialista!