-
06 maio 2021
Declaração do Partido Operário Revolucionário
Viva a luta das massas colombianas!
Abaixo o governo assassino e narcotraficante!
5 de maio de 2021
Colômbia está diante de um novo levante operário e popular. O país tornou-se uma verdadeira praça de guerra, com o enfrentamento entre explorados e exploradores. A podridão da burguesia semicolonial se manifesta no preciso momento em que as massas miseráveis e oprimidas intervêm, e recorrem a seus métodos de luta, para se defenderem da violenta combinação das crises sanitária e econômica.
Há 8 dias, os colombianos enfrentam a brutal repressão e os métodos terroristas de Estado desfechados pelo governo de Ivan Duque. Até o momento, contabilizam-se 24 mortos, mais de 800 feridos, e uma centena de manifestantes desaparecidos. Eis como o governo ditatorial, paramilitar e narcotraficante pretende esmagar o levante operário e popular.
A revolta teve por estopim a apresentação da chamada “Lei da Solidariedade Sustentável”, que aumentava em 19% os impostos sobre os serviços de esgoto, luz, água, gás, dentre outros. O que resultaria em um aumento entre 39% a 43% nos preços dos produtos e serviços de consumo básico (café, açúcar, alimentos, gasolina, etc.). Descarregaria, assim, todo o peso da crise sobre os operários, camponeses, juventude oprimida, e os pobres e miseráveis.
A insurgência reflete as raízes da violenta desigualdade e concentração de riquezas em mãos de uma ultraminoria. O desemprego atinge quase 20% da população. Cresceu a pobreza, que se aproxima de 50%. Continua a política de extermínio e terrorismo de Estado das lideranças operárias, camponesas e indígenas.
O levante dos oprimidos colombianos demonstra que as massas não podem esperar em suas casas, assistindo à destruição de seus mais elementares direitos e condições de vida. A resposta foi ganhar as ruas, furiosamente. Foi recorrer a um levante coletivo e nacional, impulsionado pela crise do capitalismo em decomposição. Resposta que ocorre no momento em que a crise sanitária dá um salto à frente, e a guerra comercial das vacinas se acirra. Resposta ao fracasso da política burguesa do isolamento social. Resposta à burguesia colombiana e ao governo de Duke, serviçais dos Estados Unidos, por colocarem o país completamente à mercê dos monopólios que controlam as vacinas. Resposta à contrarreforma que sacrifica ainda mais a situação de vida dos trabalhadores.
Popularizou-se, entre as massas, a denúncia: “O governo é mais perigoso do que o vírus”. Significa que a burguesia narcotraficante colombiana foi e é incapaz de estancar os estragos da pandemia, e proteger a vida dos pobres e miseráveis. E, agora, desfecha uma violenta contrarreforma que favorece as grandes empresas monopolistas, e descarrega o peso das crises sanitária e econômica sobre os explorados.
A crise política, os estragos da pandemia, o avanço das contrarreformas, os massacres de lutadores e o intervencionismo imperialista mostraram, aos oprimidos, o caminho da luta. Mostraram que estão obrigados a romper com a palavra de ordem burguesa de “ficar em casa”. E que tomassem as ruas, recorrendo aos métodos coletivos da ação direta de massas. Foi assim que impuseram ao governo, após 4 dias, a queda da lei e do ministro da Fazenda, Alberto Carrasquilla.
Eis como os explorados e demais oprimidos, instintivamente, recorrem a seus próprios meios de luta, retomando os elos dos levantes operários e populares, que assombraram a burguesia em 2019. O 1° de Maio na Colômbia, assim, se caracterizou por expressar as tendências mais profundas dos explorados, de intervir na crise com suas reivindicações e formas de combate. Não houve festejos, nem comemorações vazias. As massas enfurecidas irromperam na situação política, e mostraram como os trabalhadores procuram a via para romper com os ditames dos governos, e criar as condições para derrubar o governo assassino e narcotraficante.
Mas, não apenas se trata dos avanços na Colômbia. Os explorados e oprimidos do continente acham-se diante da disjuntiva de ferro: ou rompem a paralisia e recorrem à luta de classes, ou continuarão arcando com a destruição completa de suas capacidades físicas e mentais. O levante operário e popular da Colômbia é, certamente, um passo instintivo das massas contra o capitalismo em decomposição, e a impotência da burguesia semicolonial em responder e satisfazer as mais mínimas e urgentes necessidades da existência social.
É nessas condições concretas que transparece a crise de direção revolucionária. O proletariado está presente nos combates. Porém, não conta com uma direção política que unifique as lutas, auxilie os combatentes a se organizarem, e desenvolva a estratégia do governo operário e camponês, da revolução proletária. O levante vem criando as condições favoráveis para que a vanguarda com consciência de classe trabalhe por cavar as trincheiras da independência de classe, da luta anti-imperialista e do combate ao capitalismo.
A vanguarda da América Latina está obrigada a tirar as conclusões políticas da situação convulsiva na Colômbia. A primeira é a de que se deve romper a paralisia, e retomar o caminho da ação coletiva. A segunda é a de que há que levantar bem alto a bandeira de um programa de emergência dos explorados. Terceira, a de que, em nossos países, temos a tarefa de defender o movimento das massas colombianas seguindo o seu exemplo. Quarta, a de que estão amadurecidas as condições para constituir a frente única anti-imperialista. Quinta, a de que somente se derrotam as contrarreformas por meio da luta de classes. Sexta, a de que é imperativo desenvolver no seio das massas a estratégia do governo operário e camponês, expressão governamental da ditadura do proletariado.
A tarefa imediata da vanguarda no Brasil é a de romper a camisa de força da política de conciliação de classes das direções sindicais e populares. Não se trata de se limitar à denúncia, e se prestar solidariedade verbal às massas colombianas. Estamos diante da tarefa de organizar, imediatamente, em nosso país, um Dia Nacional de Luta, baseado no programa emergencial dos explorados. O que exige romper a passividade dos sindicatos, convocar assembleias gerais, e fortalecer a ação instintiva das massas. O internacionalismo proletário exige, da vanguarda com consciência de classe, se elevar à altura das tarefas colocadas pela história, e combater o capitalismo apodrecido com o programa, as bandeiras e os métodos históricos do proletariado.
Abaixo o governo de Duque! Tribunais Populares para julgar todos os crimes da burguesia contra as massas oprimidas! Toda solidariedade à luta das massas colombianas! Responder à desagregação do capitalismo com o programa e a bandeira da revolução proletária!