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14 jul 2021
Declaração do Comitê de Enlace pela Reconstrução da Quarta Internacional
Defesa da Revolução Cubana
14 de julho de 2021
As manifestações, iniciadas em 11 de julho, em Cuba, tiveram uma enorme repercussão. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, imediatamente, fez uma declaração em nome da “liberdade”, como se os Estados Unidos não fossem um dos maiores responsáveis, em várias partes do mundo, pela instalação de ditaduras, de golpes, de intervenções militares, e de esmagamentos sanguinários de levantes operários e populares.
Neste exato momento, Biden finaliza a retirada de tropas do Afeganistão, depois de 20 anos de invasão, deixando para trás milhares de mortos, e um gasto parasitário de US$ 2 trilhões. O que parece ser uma boa ação, não é senão o testemunho da prepotência e, também, da heroica resistência do povo afegão ao domínio imperialista.
Todos os governos norte-americanos combateram sem trégua a revolução cubana. O fato de não terem conseguido liquidá-la por meio de uma intervenção militar, fracassando nessa tentativa, é outro testemunho histórico da força da revolução, que expropriou os latifundiários e os capitalistas, e transformou a propriedade privada dos meios de produção em propriedade social. Algumas vozes da reação burguesa na América Latina seguiram Biden, a exemplo do governo brasileiro, militarista e fascistizante.
A ideia de “ajuda humanitária” a Cuba é uma infâmia do imperialismo, cujos monopólios espoliam os países semicoloniais, e bloqueiam o desenvolvimento de suas forças produtivas. A primeira atitude diante do conflito interno em Cuba é a de rechaçar qualquer intervenção dos Estados Unidos e das demais potências, bem como toda tentativa de abrir caminho à influência dos objetivos restauracionistas. Somente assim, será possível separar o joio do trigo, que certamente se misturam nas manifestações contrárias à incapacidade da burocracia governamental de responder às necessidades básicas do povo cubano.
A classe operária, os camponeses, a juventude e os oprimidos da América Latina e do mundo devem reforçar a luta contra o brutal bloqueio do imperialismo a Cuba, objetivando afogá-la.
Cuba sofre as consequências do bloqueio criminoso, desumano, contrarrevolucionário dos EUA, que sabotam permanentemente sua economia, e ditam as ordens ao restante dos países, para que se somem à agressão. Seja nos tempos de Trump, ou nos de Biden, a política é a de derrotar completamente a heroica resistência do povo cubano. Nos últimos anos, têm-se agravado as medidas de sufocamento do país.
As mobilizações se deveram aos problemas de energia, da falta de artigos de primeira necessidade, ou devido à elevação dos preços, causada por medidas monetaristas, pela falta de materiais sanitários e pelos contágios da Covid-19.
Os problemas são reais, as exigências são reais, bem como as dificuldades para resolvê-las.
Certamente, há infiltração e manobras do imperialismo, para tirar proveito do descontentamento, mas isso não deslegitima as reivindicações e mobilizações. A burocracia e seus capachos sempre denunciam que as mobilizações fazem o jogo do inimigo, e que, portanto, nunca devem haver protestos. O mesmo dizem os nacional-reformistas em nossos países, que exigem que as massas se disciplinem à suas políticas, do contrário, se “faz o jogo da direita”. Ao contrário, é a desmobilização, a repressão, a censura aos movimentos e o disciplinamento dos sindicatos, que facilitam o trabalho da direita e do imperialismo. É a restauração capitalista, o abandono da propriedade social, que potencia a ação dos inimigos, visando a destruir as conquistas da Revolução. É a existência de privilégios e a desigualdade social que facilitam o trabalho do imperialismo.
Por que retrocedeu a Revolução? Pelo bloqueio, pelas manobras das frações burguesas latino-americanas, nas quais o castrismo depositou confiança. E, principalmente, pelas travas políticas que impossibilitaram a classe operária de projetar o triunfo da revolução no restante dos países. O que evidencia, em grande parte, a responsabilidade do estalinismo contrarrevolucionário, e das correntes nacionalistas burguesas, que isolaram Cuba. O castrismo é parte dessa política, não é apenas vítima.
Não havia alternativa para Cuba que não fosse o caminho da restauração capitalista, da recomposição e reconhecimento da propriedade privada? É claro que havia outro caminho, o de trabalhar sempre pelo triunfo da revolução em nossos países, para que fôssemos ao seu auxílio, uma vez que o socialismo não pode triunfar em um só país. A burocracia estalinista, ao contrário, decidiu continuar colaborando com os governos burgueses da América Latina, como fizeram e fazem os partidos comunistas em cada país. Isso teria resolvido o problema dos alimentos, dos medicamentos, da energia? Não. Se não triunfa a revolução em outro país, a sua situação continuará a mesma, mas mantendo viva a luta pela revolução socialista. O crescimento da diferenciação social e os privilégios da casta governante provocam um genuíno sentimento antiburocrático em meio à população. Não se pode aceitar que, enquanto a grande maioria padece de sofrimentos de toda natureza, há uma minoria que se protege, que goza de privilégios.
Não reivindicamos a democracia em geral. Essa é uma bandeira podre das burguesias e do imperialismo. Querem a democracia burguesa para acabar de demolir o que resta da Revolução. Queremos a democracia operária, e, para isso, é necessária uma revolução política, que acabe com a burocracia restauracionista, imponha um governo operário, a ditadura do proletariado. É necessário, portanto, construir o partido revolucionário, marxista-leninista-trotskista, que dirija a revolução política, de maneira que as massas voltem a pôr em pé verdadeiras organizações populares, sem nenhuma arregimentação burocrática, para garantir sua plena participação.
Não reivindicamos a liberdade em geral, liberdade para agitar a propaganda anticomunista, antissocialista. Exigimos a liberdade de expressão, de organização para todas as correntes que defendam a Revolução Cubana. Ninguém que defenda a revolução pode ser preso, censurado ou reprimido.
Devemos rejeitar toda ingerência do imperialismo e das burguesias em nome da ajuda “humanitária”, já sabemos o que é que se esconde por trás dessa máscara.
Cuba é de nossa responsabilidade. Defendamos a Revolução e as suas conquistas. Devemos impedir o avanço do processo de restauração burguesa, e que se coloquem claramente as tarefas da transição do capitalismo ao socialismo.
Cuba mostra, de forma dramática, que o socialismo não pode ser construído em um só país, que o socialismo só poderá ser internacional, como produto das revoluções triunfantes. Por isso, é urgente a tarefa de reconstruir a direção revolucionária internacional, a IV Internacional. Essa tarefa histórica se encontra nas mãos do Comitê de Enlace pela Reconstrução da IV Internacional (CERQUI).