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03 nov 2022
Derrotar os bloqueios e manifestações golpistas de Bolsonaro e seus seguidores
2 de novembro de 2022
Era esperado que Bolsonaro e seus aliados não aceitassem a derrota eleitoral para Lula. Eis por que os bloqueios dos caminhoneiros e as manifestações em frente aos quarteis pedindo a intervenção militar são consequências de uma política autoritária, ultradireitista e fascistizante.
A bandeira de golpe militar e estabelecimento de uma ditadura, sob o comando de Bolsonaro, vem sendo desenvolvida bem antes da campanha eleitoral. Bolsonaro e seus generais somente não puseram em prática um plano escabroso de anular o processo eleitoral, porque as condições econômicas e políticas não permitiram. E, agora, diante da derrota no segundo turno, Bolsonaro e seus generais não se lançaram pela anulação das eleições porque resultaria em um golpe de Estado, que teria tudo para fracassar. Sem uma unidade mais ou menos ampla da burguesia e o apoio do imperialismo, um golpe seria uma aventura temerária. Não basta que importantes camadas da classe média acreditem e queiram um golpe para supostamente protegê-las da crise econômica, para que Bolsonaro e seus generais se lancem a uma empreitada dessa natureza. Eis por que setores do próprio bolsonarismo reconheceram a vitória de Lula e aconselharam Bolsonaro a fazer o mesmo.
O fato do derrotado guardar silêncio de quase dois dias para se pronunciar, dando a entender que não havia mais o que fazer a não ser admitir a volta de Lula à presidência da República, serviu para que os bolsonaristas, vinculados aos caminhoneiros, promovessem os bloqueios e manifestações em quase todo o país. A bandeira dos caminhoneiros e das manifestações de anulação das eleições, no entanto, não poderia ser imposta, uma vez que corresponderia a um golpe de Estado.
A extrema polarização política, por si só, não permite que Bolsonaro e seus generais possam pisar em um solo firme, para anular a sua derrota eleitoral e eliminar a vitória do seu adversário. Nessas condições, Bolsonaro agradeceu aos manifestantes, mas os desaconselhou a manterem por mais tempo os bloqueios. Finalmente, o próprio Estado teve de utilizar os meios policiais para demover os caminhoneiros de sustentarem o fechamento de rodovias. Isso quando começava a ocorrer a resistência popular contra os golpistas, ainda que pontuais. Mesmo assim, os bloqueios não foram completamente desmontados. Contam com forças econômicas e políticas, que lhes possibilitaram parar as rodovias e prolongar os protestos.
As direções das centrais e sindicatos não fizeram senão pedir a intervenção do Estado e o respeito à democracia. Essa passividade e a dependência diante das forças repressivas do Estado favorecem a reação bolsonarista. Somente a classe operária organizada e independente pode enfrentar as tendências ultradireitistas e fascistizantes que se abrigam no seio da burguesia e que arrastam parcelas imensas da pequena burguesia (classe média). Não será com intervenção do Estado burguês e com os métodos policiais que se quebrará a espinha dorsal do movimento golpista e fascistizante que se fortaleceu sob o governo de Bolsonaro. Ao contrário, será com os métodos da luta de classes que o proletariado e demais trabalhadores quebrarão a espinha dorsal das forças golpistas.
A vitória de Lula não resulta em derrocada da ultradireita, que continuará se apresentando como um recurso da burguesia, a depender do desenvolvimento da crise econômica e política, e, principalmente, do agravamento da luta de classes no próximo período. Uma grande mobilização organizada pelas centrais, sindicatos e movimentos se colocou no momento em que se ergueram os bloqueios e as manifestações pró-golpe. Esse é o caminho proletário para enfrentar o bolsonarismo e toda a política burguesa com o programa, os meios e os métodos da luta de classes. Foi e tem sido um mal sinal o fato das direções sindicais e populares se negarem a pôr em pé imediatamente um movimento nacional de resistência ao golpismo e recorrer ao pedido de intervenção das forças repressivas do Estado. Forças essas que servem tão somente para atacar e esmagar as lutas operárias, camponesas e populares.
O Partido Operário Revolucionário (POR) – que defendeu as bandeiras de “Não confiar nas eleições, confiar em nossas próprias forças” e “Voto Nulo” – levanta agora as bandeiras de “Abaixo o golpe de Estado!”, “Derrotar os bloqueios e manifestações golpistas”. “Que as centrais, sindicatos e movimentos organizem imediatamente uma resistência permanente às tendências ditatoriais e fascistizantes do bolsonarismo”.
A principal forma de lutar contra a reação bolsonarista no próximo período é a de organizar o movimento operário, camponês e popular em defesa de um programa próprio de reivindicações e garantir a total e completa independência das organizações operárias diante do governo Lula, que cumprirá a função de um novo governo burguês. A luta contra os bolsonaristas não pode e não deve ser canalizada para a sustentar o governo Lula. É com a independência de classe, com o programa de reivindicações e com os métodos próprios dos explorados que a classe operária e demais oprimidos se emanciparão de todas as variantes da política burguesa. Lutar contra o golpismo bolsonarista é lutar contra toda e qualquer forma de política burguesa.
Derrotemos os golpistas com a política proletária!