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22 out 2023
Editorial do Jornal Massas nº 700
Desde seus primeiros números, o jornal Massas cumpriu a função de guia para a ação revolucionária, assimilar as experiências da luta de classes e desenvolver a linha programática do Partido Operário Revolucionário (POR). Está de acordo com a concepção marxista-leninista do partido, vanguarda da revolução e do internacionalismo proletários. Boa parte de seus números está à disposição no site do partido. Esperamos recuperar os arquivos que nos faltam e completar a trajetória do jornal Massas. Estamos, sem dúvida, em atraso no cumprimento dessa tarefa. É necessário que os operários, os camponeses, os demais trabalhadores e a juventude oprimida tenham total acesso à linha classista desenvolvida ao longo dos 34 anos de construção do POR.
É por intermédio do jornal Massas, porta-voz do partido, que se pode avaliar seu posicionamento diante das crises econômicas, dos confrontos políticos, das inúmeras manifestações da luta de classes, da defesa das reivindicações dos explorados, da aplicação dos métodos e das táticas de ação do proletariado, do trabalho organizativo no seio das massas, da defesa dos fundamentos e dos princípios do marxismo e do desenvolvimento da estratégia da revolução social. Nos seus 700 números, o jornal Massas materializa o conjunto dessas condições que diferenciam o seu caráter proletário, revolucionário, em relação aos jornais burgueses e pequeno-burgueses; aos jornais que servem ao reformismo e ao centrismo, que se vestem de socialistas e chegam até mesmo ao ponto de reivindicarem o marxismo.
O jornal Massas se distingue por subordinar e desenvolver a sua linha política, suas ações e suas medidas organizativas à estratégia da revolução e ditaduras proletárias. Os seus métodos e táticas são extraídos das condições concretas da luta de classes e do desenvolvimento das tendências revolucionárias do proletariado, como a classe capaz de se colocar à frente da maioria oprimida e exercer a direção das lutas.
O jornal Massa esforça-se por caracterizar corretamente o oportunismo e o ultraesquerdismo, duas faces da mesma moeda da política pequeno-burguesa, tendo por base a prática militante. As condições de desenvolvimento embrionário do POR inevitavelmente têm exigido um longo percurso de propaganda revolucionária. O que expressa sua pequena penetração no seio do proletariado, amplamente controlado pelo reformismo e em pequena medida influenciado pela esquerda centrista. Ambas as expressões da dominação burguesa se levantam como obstáculo à luta pela constituição de uma fração revolucionária intimamente vinculada e soldada com os instintos revolucionários da classe operária e do conjunto dos trabalhadores brutalmente oprimidos.
Pode-se encontrar no jornal Massas um enorme e sistemático esforço de se colocar na dianteira da agitação pelas reivindicações por onde os explorados iniciam sua marcha de combate à exploração capitalista e ao domínio de classe da burguesia. No último período, nota-se que o POR deu passos adiante em seu desenvolvimento embrionário, voltado a se organizar como fração revolucionária no interior do proletariado.
Cumpre um papel de grande importância o Boletim Nossa Classe, que permite o trabalho mais dirigido à agitação, sem descuidar da propaganda em defesa da revolução e ditadura proletárias.
O jornal Massas, como se pode constatar, se guia pelo internacionalismo proletário. Fundamenta-se na orientação do Manifesto do Partido Comunista, de Marx e Engels, que foi o primeiro programa mais acabado que expressa a natureza do partido como materialização do programa regido pelas leis da história, leis das transformações sociais, que levam à superação da sociedade de classes pelo comunismo. A tese do Manifesto de que “por sua forma, ainda que não pelo seu conteúdo, a luta do proletariado contra a burguesia é primeiramente uma luta nacional” expressa a íntima e indissociável relação entre a revolução que se inicia em determinados países e se desenvolve internacionalmente. Esse fundamento do internacionalismo proletário alicerça o programa e a política do POR, que se pode reconhecer em seu desenvolvimento nos 700 números do jornal Massas.
A Revolução Russa, que completa 106 anos, e o processo restauracionista, que desembocou no desmoronamento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), demonstram absolutamente essa lei histórica da transformação do capitalismo em comunismo. Continuamente, o jornal Massas reflete e desenvolve o programa e assimila as experiências que se condensam na linhagem do marxismo-leninismo-trotskismo. Encontram-se em suas páginas uma exposição das volumosas contribuições de Lênin, que, finalmente, se constituiu na forma do livro “Lênin estrategista da revolução proletária. Apontamentos sobre a história do Partido Bolchevique”.
Nas condições de profunda crise de direção e de confusão ideológica, as páginas do jornal Massas servem de terreno para expor, defender e aprender com a edificação do Partido Bolchevique, que se distingue pela completa fusão entre o programa da revolução proletária e a organização de militantes dedicados inteiramente à causa do socialismo científico.
Ao lado desse trabalho, o POR tem procurado expor e lutar pelas posições de Trotsky, em particular, quanto ao seu combate ao revisionismo estalinista do marxismo-leninismo e às tendências restauracionistas encarnadas pela burocracia termidoriana. A publicação de inúmeros escritos de Trotsky, voltados a compreender e responder programaticamente às novas manifestações da luta de classes, se mostra imprescindível para a vanguarda com consciência de classe combater todas as expressões da contrarrevolução e criar as condições subjetivas que exigem a retomada dos elos das revoluções proletárias forjados pela Revolução Russa, edificação da URSS e constituição da III Internacional, cujo programa foi aprovado nos seus Quatro Primeiros Congressos.
O máximo de esforço em explicar as leis da revolução por meio das conquistas do marxismo-leninismo-trotskismo, construindo o POR em meio ao capitalismo que se desintegra, que eleva a patamares mais altos a pobreza das massas, que intensifica as guerras de dominação, que, enfim, empurra a humanidade à barbárie e que acirra a luta de classes nacional e mundial, é parte da luta pela formação da direção revolucionária. A fração marxista-leninista claramente programática liderada por Trotsky em contraposição à fração estalinista permitiu clarear o caminho da revolução e da contrarrevolução mundial, e deixar assentado o programa internacionalista que alicerçou a fundação da IV Internacional em contraposição à degeneração e liquidação da III Internacional pelo estalinismo.
A derrocada da URSS não se limitou a uma contrarrevolução nacional, seu conteúdo e consequências foram e continuam sendo de ordem internacional. A própria direção da IV Internacional, que tinha em suas mãos a tarefa de continuar a obra de construção do Partido Mundial da Revolução Socialista, dando continuidade a tarefa de superar a crise de direção, após o assassinato de Trotsky, sucumbiu às tremendas pressões dos aparatos estalinistas, interrompendo o seu funcionamento. Esse é o motivo pelo qual o jornal Massas recorrentemente levanta a bandeira de reconstruir a IV Internacional, aplicando em nossa realidade nacional o Programa de Transição.
O jornal Massas procura evidenciar que os profundos retrocessos são passageiros, cuja durabilidade depende de elevar a capacidade programática da vanguarda proletária em forjar o partido marxista-leninista-trotskista no fogo da luta de classes, das guerras e da escalada bélica.
O POR se constituiu como seção do Comitê de Enlace pela Reconstrução da IV Internacional (CERQUI). O jornal Massa, diuturnamente, serve de seu porta-voz no Brasil. A potenciação do CERQUI impulsionará o POR como instrumento das lutas nacional e internacional das massas oprimidas, bem como as seções na Bolívia, Argentina e Chile.
A guerra na Ucrânia vem sendo tratada com a máxima atenção, uma vez que concentra a luta internacional do proletariado contra a aliança imperialista dirigida pelos Estados Unidos e pela retomada da revolução proletária sufocada pelo processo de restauração que liquidou a URSS. A recente guerra do Estado sionista contra os palestinos na Faixa de Gaza reforça a tarefa de superar a crise de direção, reconstruindo o Partido Mundial da Revolução Socialista. Os 700 números do jornal Massas estiveram e estão dedicados a esse objetivo internacionalista. É o que nos permite chamar os explorados e sua vanguarda combativa a levantar o punho esquerdo e gritar alto “Viva os 700 números do jornal Massas!”