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07 nov 2023
Manifesto do Partido Operário Revolucionário
Um mês de massacre de palestinos na Faixa de Gaza
Pelo fim imediato dos bombardeios e da invasão militar do território palestino
O enfrentamento à barbárie sionista depende da mobilização dos explorados no Oriente Médio e em todo o mundo
Constituir a frente única anti-imperialista, sob a política do proletariado
Em defesa da autodeterminação do povo palestino
O balanço de um mês da guerra desfechada pelas Forças de Defesa de Israel se resume: 1) na maior operação militar da história da implantação do Estado sionista contra os palestinos na Faixa de Gaza; 2) no maior cerco aos palestinos, para impor-lhes a fome, sede e toda sorte de privação existencial; 3) na maior destruição urbana, desproteção hospitalar, desabrigo e deslocamento humano do norte para o sul; 4) no maior número de mortos, destacando a matança de crianças; 5) na sistemática campanha internacional do imperialismo justificando a carnificina e a prepotência militar do Estado sionista. Há que se acrescentar o imediato apoio dos Estados Unidos à estratégia do governo Netanyahu de esmagar o Hamas a qualquer custo, e a incapacidade da ONU de contrariar o poder dos Estados Unidos e de sua aliança imperialista.
É fundamental nesse balanço a onda de manifestações que ser ergueu em todo o mundo contra o genocídio dos palestinos da Faixa de Gaza. Constituiu-se uma ampla e massiva frente de luta internacional pelo fim imediato da guerra de ocupação do Estado sionista no território de Gaza. Essa bandeira é de conteúdo anti-imperialista e antissionista. Contrapõe-se ao colonialismo histórico implantado no território palestino pelas forças imperialistas vencedoras da Segunda Guerra Mundial e responsáveis pela nova partilha do Oriente Médio. Impedir que o Estado sionista se utilize do ataque do Hamas no dia 7 de outubro como justificativa para a matança indiscriminada dos palestinos e a retomada da ocupação da Faixa de Gaza é, no momento, fundamental para continuar a luta pela autodeterminação do povo palestino e recuperação de seu território original.
Neste um mês de bombardeio, destruição e matança, agravou a crise no Oriente Médio. O envio de porta-aviões e submarino atômico pelos Estados Unidos nas imediações dos países que podem sair em defesa da Faixa de Gaza refletiu a possibilidade da conflagração se expandir para o Oriente Médio. As armas do imperialismo foram apontadas principalmente para o Irã, Líbano e Síria. Mas, sem dúvida, constituem uma ameaça a todos os países árabes e não-árabes que condenaram a intervenção do Estado sionista na Faixa de Gaza.
Os governos dos países árabes estão sob intensa pressão de suas populações que suportam o saque imperialista e a política da feudal-burguesia, que, desde a derrota da guerra de Yom Kippur, de 1973, se curvaram ao colonialismo sionista. Que também contribuíram para os Estados Unidos montarem a farsa dos acordos de Oslo, dividirem os palestinos e enfraquecerem a resistência ao colonialismo, que passo a passo foi anexando cada vez mais parte do território do povo palestino. O arsenal de guerra dos Estados Unidos movimentado em apoio às Forças de Defesa de Israel, na realidade, serve para atemorizar as massas árabes, persas e outras nacionalidades para que não empurrem seus governos a apoiarem militarmente o indefeso povo de Gaza. Apontam também à Rússia e China para que se mantenham distantes da crise militar e política que vem abalando o Oriente Médio.
Nessas condições, foi imposto um brutal isolamento à Faixa de Gaza, que, nesses trinta dias de guerra contra um povo indefeso, que permitiu a mais completa liberdade para Israel promover as matanças e ocupar o território. Nem mesmo as ameaças do Hezbollah, até o momento, serviram para romper a muralha do isolamento. De fato, as forças favoráveis aos palestinos de Gaza se encontram na onda mundial de manifestações contrárias ao genocídio.
Por mais que o imperialismo e a burguesia sionista tenham feito uma campanha diária de defesa da destruição da Faixa de Gaza e matança, repetindo e repetindo a justificativa do direito de responder ao ataque “terrorista” do Hamas, a operação de guerra das Forças de Defesa de Israel comparece como prepotente e tipicamente colonialista. O sionismo e o imperialismo não foram capazes de ganhar as massas mundiais porque a realidade nua e crua se choca com a máscara ideológica do direito de defesa. Israel não está se defendendo contra o Hamas, está usando de toda sua força para manter o encarceramento dos palestinos na Faixa de Gaza e para continuar avançando a anexação da Cisjordânia por meio dos assentamentos judeus e da militarização.
Na realidade, todo o território palestino está sob o controle do Estado sionista. O que falta é quebrar a resistência que persiste entre as massas palestinas, como se expressou nas Intifadas e no apoio à resistência armada do Hamas. A falência dos acordos de Oslo se colocou desde o princípio, uma vez que o Estado sionista não poderia e não pode ter ao seu lado um Estado palestino que seja independente e capacitado a se armar em sua defesa. Em sua base, estava a colonização forçada, a expulsão dos palestinos pela via das armas, as guerras contra os árabes e os choques constantes das massas palestinas com seus colonizadores. Agora, a guerra assumiu uma feição mais acabada da implantação de um Estado militarizado e policial para cumprir o objetivo sionista de se impor no território palestino. As formas de resistência armada do Hamas são expressões do choque da nação oprimida diante do colonialismo e do Estado militar do colonizador.
Sem uma direção proletária, que encarnasse o programa da revolução social e, como parte dela, a realização da tarefa democrática de conquistar a autodeterminação dos palestinos, somente poderia ocorrer a resistência na forma dos ataques militares do Hamas, ou então, a capitulação como se passou com o Fatah-OLP, que depôs as armas e submeteu a Cisjordânia à anexação colonialista. É o que explica a ausência de armamento popular e a completa vulnerabilidade diante das poderosas ações militares do Estado sionista. Não por acaso, o governo de Netanyahu organiza os colonos judeus na Cisjordânia em milícias armadas. O contrário tem ocorrido com os palestinos, que nas Intifadas se mostraram instintivamente dispostos ao armamento popular, sem, contudo, contar com uma direção à altura de enfrentar em condições muito difíceis o colonizador. Essa é a maior das tragédias do povo palestino, que se estampa nos brutais acontecimentos na Faixa de Gaza, no esmagamento da população desarmada. A violência do colonizador se impõe em toda a linha contra as massas indefesas.
A ocupação israelense chegou ao bloqueio da cidade de Gaza. Pouco se sabe sobre os combates com o Hamas. Mas, está claro que a matança de palestinos vai se elevar. Os Estados Unidos manobram politicamente para manter os governos árabes sob a diretriz de destruir o Hamas e impor uma governabilidade na Faixa de Gaza submissa ao controle do Estado sionista.
Biden e seus agentes trabalham para se desvincular da carnificina, que os pacifistas burgueses e pequeno-burgueses qualificam de crime de guerra, tanto do lado do Hamas quanto do governo israelense. Os Estados Unidos se colocam como uma força por cima dos acontecimentos, para finalmente ditar que poder deve tomar conta da Faixa de Gaza.
Os reféns mantidos pelo Hamas estão sendo utilizados como justificativa para as Forças de Defesa de Israel continuarem com a marcha da ocupação. O comitê, formado pelos Estados Unidos, Israel, Egito e Catar, que decide qual nacionalidade sai e qual permanece da Faixa de Gaza se mostrou um escandaloso filtro político, que serve à ocupação israelense do pouco que resta do território palestino. O terror gestado pela matança e o desespero causado pelo deslocamento em forma de manadas humanas do Norte para o Sul de Gaza são parte da política de guerra do colonizador e do imperialismo norte-americano.
Nesses trinta dia de guerra, o terrorismo de Estado foi levado às últimas consequências. Somente falta o governo de Netanyahu aceitar a pretensão de um de seus membros de utilizar a “arma atômica tática”. Embora o bandido sionista tenha sido demitido do cargo, sua sugestão não deixou de refletir a prepotência do Estado militarista de Israel.
A penetração dos blindados e da infantaria até a cidade estratégica de Gaza colocou para o imperialismo a certeza da vitória israelense. A pretensão do governo de Netanyahu de reocupar a Faixa de Gaza, como o fez de 1967 a 2005, colocou em discussão o destino da governabilidade dos palestinos, que desde 2006 apoiaram o Hamas. Está aí um problema do colonizador e do imperialismo que o escora.
As manifestações internacionais e, em particular, as do Oriente Médio, estão diante da tarefa de ampliar a sua capacidade de luta para expulsar as Forças de Defesa de Israel da Faixa de Gaza e impor o seu direito de decidir sobre a sua governabilidade. Esse enfrentamento faz parte do combate pela autodeterminação do povo palestino.
No momento em que recrudesce a guerra com a invasão da Faixa de Gaza e cresce a mobilização mundial pelo fim da intervenção de Israel, a propaganda sionista, que toma a maior parte da imprensa, se dedica a condenar as manifestações antissionistas como se fossem antissemitas. Lutar contra o colonialismo sionista e imperialista virou antissemitismo. O racismo antissemita, que chegou ao ponto de servir o nazifascismo, é produto do imperialismo. Basta reconhecer minimamente quais forças econômicas e sociais levaram à Primeira e Segunda Guerra Mundial, para se ver que a máscara sionista da luta contra o antissemitismo serve ao imperialismo.
O antissemitismo sempre será produto da política burguesa. Jamais a classe operária e as massas que compõem a maioria oprimida deixarão de combater toda forma de discriminação e privilégios nacionais. Recorra-se à história da luta contra o antissemitismo, e se encontrará a fonte mais segura que se acha na luta revolucionária do proletariado e no marxismo. Recorra-se à história da luta contra o sionismo, uma forma de nacionalismo imperialista, e se encontrará a fonte límpida do combate revolucionário ao antissemitismo. A máscara sionista do enfrentamento ao antissemitismo, da condenação do holocausto e da busca pela libertação do povo judeu serve aos objetivos do colonialismo, que para se impor recorre à mais violenta opressão nacional
O Partido Operário Revolucionário (POR), membro do Comitê de Enlace pela Reconstrução da IV Internacional (CERQUI), chama os sindicatos e demais organizações que servem à luta dos explorados a constituir um comitê nacional e comitês regionais de frente única anti-imperialista , que garanta a mais ampla democracia de manifestação das massas contra o colonialismo sionista, pelo fim imediato da guerra contra a Faixa de Gaza, pela autodeterminação do povo palestino e pela expulsão do imperialismo do Oriente Médio. Esse é o ponto de partida para unir os explorados e derrotar o Estado sionista colonizador.
Não deixemos que Israel e o imperialismo isole a Faixa de Gaza! Desmascaremos as mentiras da imprensa pró-sionista e pró-imperialista! Lutemos pela derrota dos opressores genocidas!