• 26 jan 2024

    Três meses de fogo e destruição praticados pelo Estado sionista

Manifesto do Partido Operário Revolucionário

O Manifesto abaixo publicado foi distribuído nas manifestações ocorridas em janeiro, convocadas em nível mundial. Faz parte da campanha sistemática do POR em defesa do fim do genocídio e pela direito a autodeterminação do povo palestino.

 

Três meses de fogo e destruição praticados pelo Estado sionista

Fora as Forças de Defesa de Israel da Faixa de Gaza!

Pelo fim imediato de todo cerco montado pela burguesia sionista ao povo palestino dividido entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza!

Combater o genocídio do povo palestino, combatendo os Estados Unidos e sua aliança imperialista.

Unir em um só movimento anti-imperialista os explorados do Oriente Médio para derrotar o colonialismo sionista, os governos árabes pró-imperialistas e o intervencionismo das potências saqueadoras.

Unir os palestinos em uma só luta por sua libertação nacional e pela conquista da autodeterminação.

Dirigir o combate antissionista e anti-imperialista em direção à unificação do território da Palestina sob uma República Socialista.

Que o movimento mundial dos trabalhadores em apoio ao povo palestino constitua uma poderosa frente única anti-imperialista voltada a combater toda forma de opressão nacional e de classe; voltada a enfrentar a escalada militar; voltada a transformar as guerras de dominação em curso em guerras de libertação; e voltada a unir o proletariado mundial em torno ao programa da revolução social.

 

O Estado sionista de Israel e o imperialismo, sobretudo o norte-americano, não conseguiram ocultar que a guerra contra a Faixa de Gaza resultaria em genocídio do povo palestino. E não conseguiram esconder que o genocídio é consequência histórica da implantação do Estado sionista por meio da força econômica e militar do imperialismo, tendo à sua frente primeiro a Inglaterra e, em seguida, os Estados Unidos.

A oligarquia sionista de Israel serve à burguesia imperialista, opressora e saqueadora dos povos em todos os continentes. A expulsão dos palestinos de suas terras por meio de guerras e anexações territoriais gradativas concluiu transformando o território palestino em um enclave dos Estados Unidos e aliados no Oriente Médio.

A decomposição e o fracasso do nacionalismo árabe em conquistar a real independência nacional fizeram parte do vitorioso processo de implantação do Estado sionista pela força das guerras. Agora, em resposta à operação militar do Hamas em 7 de outubro do ano passado, o mundo assiste a mais uma das ofensivas bélicas de Israel objetivando ampliar as anexações.

A primeira bandeira do Estado sionista e dos Estados Unidos foi a do “direito de Israel se defender”. Prenunciou a matança que viria a ocorrer. De fato, correspondia ao direito ditado pelo poderio militar de continuar a marcha das anexações e da subjugação total dos palestinos.

A situação da Cisjordânia se distingue apenas em grau do que se passa na Faixa de Gaza. Sob a guarda do governo da Autoridade Palestina e da polícia de Israel, os colonos sionistas vão se apossando de mais uma parte do território. Os métodos e os meios colonizadores aplicados na Cisjordânia, como se vê, são distintos apenas no grau da violência contrarrevolucionária de dominação desfechada na Faixa de Gaza.

Qualquer resistência dos palestinos à dominação territorial pelo Estado sionista, por mais limitada que seja, é revolucionária, uma vez que contém o germe do combate pela autodeterminação da nação oprimida. O Estado sionista pratica o genocídio na Faixa de Gaza em nome de eliminar o Hamas. Concretamente, ataca e massacra a população desarmada para evitar que as massas venham a se armar em um movimento revolucionário contra seus opressores e pela defesa de sua sobrevivência nacional.

Os levantes armados dos explorados serão o caminho pelo qual percorrerá a luta revolucionária anti-imperialista. Os Estados Unidos sabem perfeitamente que o Hamas, pelo seu conteúdo de classe e por sua ideologia religiosa, dificilmente recorrerá ao armamento popular, mas, por ser uma resistência armada, expressa a tendência e a vontade dos palestinos em combater com as armas nas mãos o colonialismo genocida.

O curso da luta pelo fim da opressão nacional é o da organização de movimentos revolucionários, baseados e orientados pelo programa da revolução social, que contém a dura e violenta resistência anti-imperialista. Entre os mais de vinte e três mil palestinos mortos em apenas três meses, dois terços são de mulheres e crianças. As mulheres não estão armadas para o combate. As crianças sofrem os impactos sem poderem compreender, ou pouco compreenderem, o porquê de tantas bombas vindas das alturas e de tantos bombardeios descarregados por terra.

As Forças Armadas de Defesa de Israel não podem e não têm motivo para contar com tais diferenciações. Estratégica e conscientemente, atacam o povo palestinos que resiste há 75 anos ao colonialismo sionista-imperialista. Esse é o conteúdo histórico e a particularidade do genocídio que banha de sangue e terror a Palestina.

A África do Sul acionou a Corte Internacional de Justiça da ONU para investigar crimes de guerra e genocídio. Serve como denúncia. A ONU é conivente desde o momento que permitiu aos Estados Unidos imporem e manterem o apoio à prática do genocídio à vista de todos.

O governo Lula acertou em apoiar a ação da África do Sul. Mas, na prática, nada fez para apoiar as manifestações no Brasil e no mundo. O PT e a burocracia sindical, em palavras, condenam a matança. O governo e seus apoiadores pelo menos não se juntaram à direita e ultradireita pró-sionistas. Evidentemente, não se lançam contra o principal responsável pelo genocídio, que são os Estados Unidos e o governo Biden. O que não resulta em ação concreta para mobilizar a população pelo fim do massacre e da opressão nacional. Essa é a forma envergonhada dos nacional-reformistas de baixarem a cabeça perante o imperialismo.

A questão palestina, com mais essa conflagração, emerge com todo seu potencial de crise no Oriente Médio, que, por sua vez, reflete a crise mundial do capitalismo. Estão bem visíveis os elos da guerra na Faixa de Gaza com a guerra na Ucrânia e com o agravamento dos conflitos na África e na América Latina. As particularidades dos choques não devem ser tomadas isoladamente. Estão entrelaçadas no processo geral de decomposição do capitalismo, em meio ao qual se potencia a guerra comercial e se destacam as contradições entre os Estados Unidos e a China.

A importância do grandioso movimento de massa contra o genocídio do povo palestino está em que estabelece um marco da luta anti-imperialista, retomando os patamares do movimento pelo fim do intervencionismo dos Estado Unidos no Vietnã, na década de 1970. O problema está em aumentar sua capacidade de combate à opressão imperialista.

Não é possível uma previsão segura até que ponto o estremecimento em curso do Oriente Médio pode impulsionar conflitos generalizados. Está visível, no entanto, que a guerra contra a Faixa de Gaza reacendeu os motivos que no passado levaram o Estado sionista às guerras com o Líbano e a Síria, sobretudo. São sintomáticas as ações de Israel no Líbano, orientadas pelo imperialismo, voltadas a assassinar lideranças do Hamas. Nesse mesmo sentido, os Estados Unidos mataram um dirigente do movimento islâmico no Iraque. O atentado terrorista no Irã, assumido pelo Estado Islâmico, que ensanguentou o cerimonial de homenagem a um dos líderes das brigadas iranianas, Qassem Soleimani, assassinado pelos Estados Unidos, não constituiu em um caso isolado da cadeia de acontecimentos que perpassa o Oriente Médio. A resistência do Iêmen em apoio aos palestinos vem servindo de motivo para os Estados Unidos e Inglaterra prepararem uma intervenção no país mais mobilizado contra o poder imperialista. De conjunto, essas manifestações alimentam as tendências gerais da crise no Oriente Médio.

As manobras de Joe Biden para encontrar uma saída para a guerra na Faixa de Gaza responde à movimentação das massas contra o genocídio. Sem alcançar a liquidação do Hamas e sem a evidência de que a continuidade da carnificina vai alcançar tal objetivo, o imperialismo manobra para impor de fora um poder na Faixa de Gaza, que resulte na manutenção do controle sionista. Em três meses de tormenta, chega-se a esse ponto indefinido.

É preciso reativar o movimento internacional e colocá-lo em um patamar mais elevado da luta anti-imperialista. Para isso, é preciso superar as ilusões sobre a possibilidade de uma solução pacificadora. Hoje, retomamos às ruas sob as bandeiras de fim imediato da guerra, retirada das Forças Armadas de Israel, eliminação de qualquer cerco sionista à Faixa de Gaza e Cisjordânia e pela autodeterminação do povo palestino. Se avançarmos as manifestações em todo o mundo sobre essa base, fortaleceremos o combate anti-imperialista pela derrota do colonialismo genocida.