• 02 ago 2024

    Novo chamado de Israel ao Irã para a guerra

Declaração do Partido Operário Revolucionário sobre o assassinato do dirigente do Hamas Ismail Haniyeh

Novo chamado de Israel ao Irã para a guerra

Os Estados Unidos são os maiores responsáveis pelo perigo de uma conflagração geral no Oriente Médio

As massas árabes e persas estão diante da necessidade de um levante para acabar com o genocídio na Faixa de Gaza e impedir uma guerra generalizada

 

 

O Estado sionista de Israel não se limita a esmagar os palestinos na Faixa de Gaza e perseguir o objetivo de eliminar o Hamas. Tem se preparado para atacar o Líbano, Irã, Síria e Iêmen. Tamanha capacidade militar se deve aos Estados Unidos que fizeram da criação do Estado de Israel na Palestina um enclave no Oriente Médio. Os inimigos do imperialismo são os países que resistem à sua completa dominação na região. O Estado de Israel é parte e instrumento dos Estados Unidos e de sua aliança imperialista, que se constituiu após a Segunda Guerra Mundial.

A invasão da Faixa de Gaza, motivada pela operação militar do Hamas em 7 de outubro de 2023, resultou de uma sequência de guerras e de intervenções do Estado de Israel contra o povo palestino e as nações que se opuseram ao colonialismo sionista. A adaptação e a acomodação dos mais importantes países árabes ao domínio da burguesia judia na Palestina não eliminaram as contradições que estão na base da formação dos países do Oriente Médio desde o fim do Império Otomano. A partilha e o traçado das fronteiras se deram sob o imperialismo britânico e, posteriormente, sob o poderio norte-americano. As nações assentadas em um atraso econômico de traços pré-capitalistas seguiram subordinadas à dominação externa e ao saque de suas riquezas naturais pelas potências.

A criação do Estado de Israel tem suas raízes nas duas guerras mundiais e nas consequentes partilhas. A feudal burguesia árabe não foi capaz de emancipar os seus países do controle imperialista. O fracasso do movimento nacionalista árabe, finalmente, conduziu a uma ampla sujeição aos Estados Unidos e aliados europeus. No entanto, as contradições entre a necessidade de um desenvolvimento econômico-social independente e a nova dominação imperialista no Oriente Médio não permitiram uma estabilização sob a égide dos Estados Unidos.

Conflitos entre os próprios países e intervencionismo militar do imperialismo foram constantes e se agravaram com a colonização sionista na Palestina. As desavenças e enfrentamentos entre as próprias nações oprimidas favoreceram a ascendência das forças imperialistas no Oriente Médio. As guerras entre Iraque e Kuwait (guerra do Golfo Pérsico) e entre Iraque e Irã expressaram profundos confrontos entre países semicoloniais motivados pelo domínio e saque imperialista. A intervenção militar dos Estados Unidos na guerra do Golfo e em seguida no Iraque provocaram um grande e amplo estremecimento das relações entre os países do Oriente Médio. A guerra na Síria, por sua vez, arrebentou o país e fez saltar a gravidade da questão das nacionalidades e da opressão nacional.

O Irã por ser uma força econômica e militar regional sempre esteve envolvido de uma forma ou de outra nos conflitos e guerras. A sua capacidade de resistência se mostrou no confronto destrutivo com o Iraque. Mas, o mais importante se observa nas dificuldades dos Estados Unidos colocarem o regime dos aiatolás de joelhos. O nacionalismo iraniano não somente fez frente ao risco de uma guerra com os Estados Unidos e Israel como incentivou o nacionalismo religioso árabe de setores da classe dominante marginalizados do poder da feudal-burguesia. Eis por que Israel acusa os iranianos de impulsionar organizações ditas terroristas na classificação do imperialismo. É o caso do Hamas na Faixa de Gaza, do Hezbollah no Líbano e Houthis no Iêmen, entre outros na Síria e no Iraque. Esse movimento se denominou “Eixo de Resistência”.

Israel se mostrou voltado a uma guerra com o Irã assim que se evidenciaram os progressos da produção de energia nuclear e a possibilidade de o país inimigo alcançar a bomba atômica. Mas, essa medida intervencionista dependia e depende dos Estados Unidos. Uma guerra de Israel e Irã potenciaria ainda mais as contradições e desestabilizaria mais profundamente o Oriente Médio. O imperialismo norte-americano decidiu por cercar economicamente o Irã à espera de uma crise política interna que desintegrasse o nacionalismo e reconduzisse o país para a órbita dos Estados Unidos. O governo Trump revogou o acordo montado pelo governo de Obama, que pressupunha conter o avanço da produção de energia atômica. A linha da confrontação ganhou altitude. O que foi e é do interesse do Estado sionista de Israel.

A incursão das Forças de Defesa de Israel na Faixa de Gaza e os dez meses de ocupação com cerca de quarenta mil palestinos mortos recolocaram o Irã no centro da crise do Oriente Médio. O assassinato de oficiais, em abril, na embaixada o Irã na Síria, por meio de um ataque aéreo, foi uma declaração de guerra. O governo iraniano se limitou a uma demonstração enviando drones a Israel como sinal de que a provocação não ficaria sem resposta. Agora, três meses depois, ou por ataque aéreo ou uma bomba instalada, o governo israelense autorizou o assassinato de Ismail Haniyeh, alto membro da direção do Hamas, que se achava presente na posse do novo presidente do Irã.

Algumas horas antes, Israel havia realizado uma operação semelhante no Líbano que matou Fuad Shukr alto dirigente do Hezbollah. Os Estados Unidos estão por trás desses atentados terroristas. Ações como essas indicam a posição prevalecente no governo de Netanyahu de ampliar a guerra da Faixa de Gaza, provocando o Líbano e o Irã. O assassinato de Haniyeh em solo iraniano foi a segunda declaração de guerra. É bem possível que o Irã repita a demonstração feita em abril. Os Estados Unidos estão prontos para apoiar Israel, mesmo tendo claro que uma guerra entre estados poderá provocar uma grande comoção entre as massas do Oriente Médio e do mundo.

Israel conta com intervencionismo do Pentágono e da OTAN, para dissuadir o Irã de um ataque que desencadeie a guerra. A prepotência e confiança da burguesia israelita e do seu governo se assentam nas armas do imperialismo. A presença de Netanyahu no Congresso Nacional dos Estados Unidos pouco antes dos ataques no Líbano e no Irã teve esse sentido.

Em resposta ao assassinato de Haniyeh, inúmeras manifestações protestaram contra o Estado de Israel. No Irã, uma multidão pediu “vingança”. Governos como o da Turquia e Jordânia condenaram a ação de Israel como “barbárie sionista” e “Estado pária”, respectivamente. O Hamas marcou no funeral de Haniyeh um “dia de fúria”.

Na situação de genocídio na Faixa de Gaza, de avanço na anexação da Cisjordânia e de ataques de Israel no Líbano, Irã e Síria, a tarefa da classe operária e dos demais oprimidos é a de constituir a frente única anti-imperialista. Somente a mobilização e o armamento das massas possibilitam enfrentar o poderio militar do Estado sionista e o intervencionismo dos Estados Unidos e aliados. Os métodos de luta do proletariado são distintos aos dos Estados burgueses. As massas organizadas em seu terreno próprio que é o da luta de classes são uma poderosa força diante das guerras de dominação. Todos os governos, incluindo os mais nacionalistas, temem o levante dos explorados que pagam pela desintegração do capitalismo, das guerras, das anexações e das opressões nacionais.

O objetivo imediato da luta anti-imperialista é o de expulsar os sionistas invasores da Faixa de Gaza e os colonizadores da Cisjordânia; barrar a escalada militar no Oriente Médio e fortalecer a unidade anti-imperialista das massas árabes e iranianas. O combate pela autodeterminação do povo palestino depende da organização de um poderoso movimento das massas e nacionalidades oprimidas no Oriente Médio. Essa é a condição para reerguer a luta mundial contra o genocídio na Faixa de Gaza.

O POR, como seção do Comitê de Enlace pela Reconstrução da IV Internacional (CERQUI), se empenha pela formação dos comitês anti-imperialistas, sob as bandeiras de enfrentamento à opressão nacional. O programa e a estratégia para unificar o proletariado e a maioria oprimida contra as forças retrogradas e bárbaras do imperialismo são o da revolução social, que por seu conteúdo de classe é proletária. Historicamente, as guerras e a dominação imperialista indicam que do ponto de vista objetivo está madura a luta pelos Estados Unidos Socialistas do Oriente Médio, como parte do combate mundial ao capitalismo senil. O grande obstáculo é a crise de direção, que será superada em meio a guerras, revoluções e contrarrevoluções. Está colocada a tarefa de organizar os partidos marxista-leninista-trotskistas no seio dos explorados do Oriente Médio, inclusive entre os explorados judeus em Israel.

Pelo fim da intervenção do Estado sionista na Faixa de Gaza e da anexação da Cisjordânia. Por uma República Socialista da Palestina!